Jovens universitários da Comunidade Católica Shalom, na missão de Maceió, realizaram a abertura do 14º Ato UFAL (Universidade Federal de Alagoas) em Defesa da Vida, cujo tema dessa edição foi “Tráfico de pessoas: uma forma silenciosa de violação à dignidade humana”.
Os atos são oportunidades de reunir a sociedade civil em torno dos seus problemas debatendo-os e enfrentando-os. Os jovens apresentaram um espetáculo adaptado de um trecho do show “Resposta”, o “Avançar”, onde cada ruína humana representa uma diferente dimensão do tráfico humano; de órgãos, o trabalho forçado, a exploração sexual, o rapto de menores e de crianças. Na apresentação, mostrou-se a indiferença que temos aos que sofrem esse tipo de violência, às vezes porque estamos até acostumados a isso, e como a Verdade (Deus) pode nos despertar para prezarmos os valores do Evangelho na sociedade.
O evento, que contou com a participação de aproximadamente 400 pessoas nos dois horários, manhã e tarde, foi uma oportunidade de a Igreja no ambiente universitário, tido como hostil à fé, mostrar seu trabalho no enfrentamento do tráfico humano e na promoção da dignidade integral do homem com os trabalhos dos projetos Grito pela vida, Talita, Juvenópolis, Fazenda da Esperança e Casa Betânia.
Estiveram presentes, além dos representantes dos diversos movimentos da Igreja, pastorais e comunidades novas, representantes da sociedade civil como o reitor da universidade, Eurico Lôbo, o juiz do ministério público estadual, Flávio Gomes da Costa, o secretário da educação pela paz da Secretaria da Paz de Alagoas, Fábio Rogério, e um representante da Secretaria de Educação de Alagoas.
Além da apresentação artística, houve também mesa redonda composta pelo arcebispo metropolitano de Maceió, Dom Antônio. Ele convidou os universitários a transformarem em trabalhos acadêmicos os números e as informações que o trabalho pastoral da Igreja colhe com o seu trabalho direto de enfrentamento desse problema. Ressaltou também a necessidade de uma reforma política que torne possível a aplicação de políticas de estado que o eliminem. Aline Pedra Jorge Birol, advogada e membro da organização internacional ICMPD de enfrentamento do tráfico humano, conceituou o problema, de acordo com os protocolos internacionais e legislação. Ela destacou a atuação das pastorais de migrantes e da terra, por meio das quais a Igreja ajuda no enfrentamento já e as conquistas necessárias que seriam a inserção das novas modalidades de tráfico humano no código penal brasileiro. Thaysa, assistente social e membro do extinto núcleo de enfrentamento ao tráfico de pessoas de Alagoas, com sua experiência de enfrentamento no estado, mostrou vias legitimas pelas quais esse problema pode ser atenuado. Foi apresentado o filme Tabuleiro de cana; xadrez de cativeiro e depois houve mais um debate com um representante da Comissão Pastoral da Terra de Alagoas, Carlos Lima, e uma irmã religiosa, irmã Raimunda, que lida diretamente com o tráfico para enriquecer e atualizar a nossa percepção do que seria o trabalho escravo nos dias de hoje.
Foi um rico e aberto diálogo da Igreja com a sociedade civil e uma grande oportunidade de a Comunidade se fazer presente na UFAL.