Toda história tem um início e o começo da história da Comunidade Católica Shalom em Natal se dá em 1991. Em outubro deste ano, acontecia na capital potiguar o 12º Congresso Eucarístico Nacional, que contou com a presença do então papa João Paulo II, atualmente o santo São João Paulo II.
A Comunidade Shalom já tinha sido fundada há nove anos, em Fortaleza, e repetindo o encontro que acontecera em 1980 aos pés do sucessor de Pedro, o fundador da Comunidade, Moysés Azevedo, veio a Natal juntamente com representantes da Rádio Boa Nova (localizada em Pacajus – CE), administrada pelo Shalom, para transmitir pelas ondas do rádio esse momento tão importante para Igreja Católica do Brasil e do mundo.
Tendo conhecido o trabalho de evangelização do Shalom através da Rádio Pacajus, o arcebispo da Arquidiocese de Natal, Dom Alair Vilar Fernandes de Melo, demonstrou interesse na vinda do Shalom para a capital potiguar. Até então, além de Fortaleza, só existiam missões em Quixadá (CE) e Aracajú (SE). Em junho de 1982, Dom Alair formaliza o pedido à Comunidade para se instalar em Natal, motivado pelo desejo de que o Shalom assumisse os trabalhos da Emissora de Educação Rural, a Rádio Rural (AM 1090).
Os primeiros missionários chegam a Natal
Entre setembro e dezembro de 1992, os missionários da Comunidade de Aliança Bremen Sales, José Ricardo Bezerra e Marcus Pinto, a pedido do Conselho Geral da Comunidade, visitaram Natal algumas vezes. Na época, José Ricardo Bezerra e Beatriz Bezerra, consagrados da Comunidade de Aliança residentes em Fortaleza, passavam por um processo de discernimento de saída da capital cearense e ida para uma nova terra de missão.
“Fazia um ano que a nossa filha havia falecido e eu não estava mais querendo permanecer na mesma casa, na mesma cidade. Então, percebi que era preciso recomeçar em um lugar diferente, servindo ao Senhor, que é a única forma de sermos verdadeiramente felizes. Dessa forma, na mesma época, o José Ricardo mudou de chefe, que o ofereceu transferência para outro local, tendo como opções Aracaju, Natal e Salvador”, relembra Beatriz Bezerra.
Em uma reunião com o Conselho Geral da Comunidade, do qual o casal fazia parte, Moysés pediu que todos juntos rezassem para saber a vontade de Deus para eles naquele tempo. “Lembro perfeitamente as duas palavras que o Senhor nos deu. Para o José Ricardo foi ‘Separa para mim Barnabé e Saulo, para a obra à qual os destinei’ (At 13,2). E, para mim, Deus me deu: ‘Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em favor do meu nome’ (At 9,16). Bendito seja Deus porque essas palavras se cumpriram e o Senhor nos achou dignos de sofrer pelo Evangelho”, conta Beatriz Bezerra. Sendo assim, em dezembro de 1992, o casal muda-se para Natal e inicia o processo de fundação do Shalom na capital potiguar.
No dia 1º de janeiro de 1993, a Comunidade Católica Shalom assume oficialmente a Rádio Rural, sob a direção de José Ricardo que também torna-se o primeiro responsável local da Missão de Natal. “Eu sempre fui Comunidade de Aliança e tinha a responsabilidade na época de dirigir a Rádio Rural. Quase todos os dias eu ia até a rádio para ver as funções administrativas e financeiras. A rádio foi o ponto de entrada para o Shalom chegar até Natal”, afirma José Ricardo.
Inauguração da primeira Casa Comunitária
Logo após, em abril de 1993, acontece a inauguração da primeira Casa Comunitária, localizada no bairro da Ribeira (próximo ao Instituto de Teologia Pastoral de Natal – ITEPAN), que se dá com chegada das primeiras missionárias da Comunidade de Vida em Natal, sendo elas: Liana Borges, Evacy Assunção e Celeste.
Nas primeiras semanas, Emmir Nogueira, co-fundadora da Comunidade, vem à cidade para dar as primeiras diretrizes sobre a rádio e auxiliar na montagem da programação. “A programação era integralmente católica. O primeiro programa começava às 5h e era um musical só com músicas clássicas. Depois, às 6h, tinha o programa ‘Bom dia Alegria’, gravado por mim. E, logo em seguida, havia o programa do Clube do Ouvinte. E, às 12h, tinha um noticiário. Na parte da tarde, a programação seguia com a mesma proposta”, lembra Emmir.
Os primeiros encontros apostólicos aconteciam nos corredores da Radio Rural
Na época, além da evangelização através das ondas do rádio, os missionários se dividiam nos serviços apostólicos, como nos grupos de oração, que aconteciam muitas vezes nos corredores do prédio da Rádio Rural. Algumas pessoas identificadas com a forma de agir e ser dos missionários começaram a ajudar nas atividades de evangelização, esse grupo de engajados logo se transformaria no embrião da Comunidade de Aliança em Natal.
Uma das primeiras consagradas da Comunidade de Aliança, Maristela Dantas, acompanhou de perto todo o processo de chegada dos primeiros missionários à Natal. “Eu fazia parte de outra comunidade católica e comecei ajudar no que podia. Fazíamos de tudo, cuidávamos da arrumação das cadeiras até a limpeza do teto do Centro de Evangelização. Nós não tínhamos dinheiro para nada, mas em tudo a providência de Deus se manifestava. Recordo de muitas vezes sair pedindo ajuda aos meus colegas de trabalho para a realização dos nossos primeiros eventos. Nestes 25 anos, eu percebo que todo ano tem sua graça, todo tempo tem sua graça e, no fim, tudo é experiência de Deus”, enfatiza Maristela Dantas.
Inauguração do primeiro Centro de Evangelização
A inauguração do primeiro Centro de Evangelização (CEV) Shalom em Natal ocorre em 14 de Dezembro de 1994, dia em que a Igreja celebra a festa de São João da Cruz. O primeiro CEV recebe o nome de Casa Santa Teresa D’Ávila e estava localizado por trás da Catedral Metropolitana de Natal, no bairro Tirol. Dias antes, o missionário da Comunidade de Vida Manoel Messias Albano chega para assumir a coordenação pastoral da Missão.
“Eu vim para Natal para auxiliar na dimensão apostólica. No nosso Centro de Evangelização funcionavam os cursos e os grupos de oração. Fui para começar o novo com os irmãos que lá estavam. A grande marca de Natal sempre foi o ardor missionário. Nesta cidade, Deus me fez renascer na evangelização, são marcas que levarei dentro de mim para o resto da minha vida. Vi homens e mulheres que foram transformados pelo ardor do Espírito Santo. Eu me sentia como os primeiros cristãos”, relata Messias Albano.
Semear: o primeiro grande evento em Natal
O primeiro grande evento realizado pelo Shalom em Natal é o Semear, um retiro de carnaval formativo, oracional e musical que três anos mais tarde viria a se chamar Renascer. Com a expansão da atuação do Carisma em Natal, a pedido do Padre Valdemar, é aberto o segundo Centro de Evangelização Shalom em Natal, no bairro Planalto, em 1998.
A partir dos anos 2000, sete anos após a Comunidade Shalom assumir a Rádio Rural, os grandes eventos de Fortaleza começam a chegar em Natal. O primeiro deles é o Acampamentos de Jovens Shalom (Acamp’s), que acontece em 2000. Em seguida, em 2003, a partir da direção do missionário da Comunidade de Vida Wilde Fábio, ocorre a primeira encenação do espetáculo A Paixão de Cristo, dirigida, montada e encenada por membros da Comunidade. A primeira edição do Halleluya em Natal é realizada no ano de 2009, na Praça Augusto Severo.
Onde todos se encontram
Durante estes 30 anos, a Missão de Natal passou por diversas casas até chegar, em 2017, a sede do governo da Comunidade na capital potiguar, na Rua Açu, nº 705 (Tirol). Até chegarmos ao nosso próprio lugar do Natal, tivemos Centros de Evangelização nas seguintes localizações: Atrás da Catedral Metropolitana de Natal (Tirol), Rua Marize Bastier (Lagoa Nova), na Avenida Nascimento de Castro (Lagoa Nova), na Avenida Amintas Barros (Lagoa Nova) em casa conhecida como Manjedoura; na Avenida Salgado Filho (onde era o Colégio Objetivo); por trás do shopping Cidade Jardim (Capim Macio); nos Colégios Facex e Itaece e, por fim; na Hermes da Fonseca (Petrópolis).
“Olhando para trás eu louvo muito a Deus por nos ter impulsionado como família a partir em missão. Nós tivemos duas filhas em Natal e fomos muito felizes durante os cinco anos que permanecemos nessa terra. O carisma Shalom é a misericórdia do Pai para o mundo de hoje, por isso não podemos reter para nós esse que é um imenso tesouro”, concluiu Beatriz Bezerra.