Formação

Silêncio de pregador

comshalom

     O ofício de pregar, algumas vezes exige silencio. Houve um dia navida de Jesus e do seu servo Francisco em que pregaram sem dizerpalavra. Muitos santos fizeram o mesmo. Precisamos aprender estaverdade. Se calar nem sempre resolve, falar também não…

     Diante de Herodes que o ridicularizava Jesus preferiu não abrir aboca(Lc 23,8-9) Herodes impressionou-se. O mestre que falou com Pilatose com inimigos e perseguidores, porque era totalmente aberto aodiálogo, preferiu o silêncio quando o rei o ridicularizou. O reifaltou-lhe ao respeito, mas ele ao invés de irar-se ou faltar com orespeito ao rei, calou-se. Dizer o que quê diante de alguém que fariauso de suas palavras para usá-lo politicamente? Herodes não queriasaber nada. Pediu um milagrezinho… Ganho silêncio. Não levou Jesus asério, não houve conversa.

     Francisco saiu pelas ruas de Assis sem dizer uma palavra. Na cidadeonde tanta gente ostentava riqueza ele e seus companheiros ostentaramsua pobreza. O povo que tirasse as suas conclusões! Foi sua maneira depregar sobre o cidadão pobre. Há que haver um lugar para ele! Masprimeiro as pessoas precisariam perceber que ele existe. Então, em vezde os outros passarem por eles se notar, eles desfilaram para a cidadever. Era como se dissesse: – Olhem para nós que éramos ricos e nosvestíamos como vocês e agora vestimos saco e somos pobres. Pregaram semdizer uma palavra.

     Há silêncios eloqüentes e há falas inúteis. O pregador escolha. Nãofale nem demais, nem de menos. Jesus poderia ter ensinado uma longaoração quando os discípulos lhe pediram ajuda para orar. O pai Nossotem nove sentenças curtas. Foi ele quem disse que (MT 6,7) não erapreciso usar de muitas palavras e de vãs repetições para ser ouvido porDeus. Disse e fez! Os puxadores de oração poderiam aprender com ele.Sucintos e densos!

     Não há nada de errado em repetir palavras. Mas quem as repeteprecisa dar-lhes um porquê, um conteúdo e um limite. Há uma repetiçãopedagógica e um que Jesus mesmo classifica de inútil e vã. Há um eu teamo repetido com ternura sempre crescente que os anos não desgastam,assim como há um Pai Nosso e uma Ave Maria que na boca de muitos fiéisnunca são vazios. Nascem da contemplação. Seus olhos mostram o queestão contemplando. Quem não tem novas palavras porque talvez lhefaltem ou porque não tem o hábito de ler a Bíblia ou livros novostalvez se sinta bem repetindo com sinceridade o que sabe e conhece. Hádoutores que recitam o rosário porque repetir lhes faz bem. Mas há quehaver um sentido nesta repetição. A escolha é nossa: muitas palavrasque valem a pena ou poucas palavras que também valem e, se precisosilencio total. As palavras estão no dicionário. Quando se agrupam osentido está no coração de quem as pronuncia!

Pe. Zezinho, scj


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