Formação

Sinais de Contradição

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Prosseguindo natradição de marcar o mês de agosto com os temas vocacionais, iniciamos com o domingo da Assunção de Nossa Senhora o tema das vocações à vidareligiosa, consagrada.

Elaé, sem dúvida, um sinal de contradição! Num mundo onde oindividualismo, a busca desenfreada em possuir, o consumismo, o exagerodo hedonismo, e o apego e busca insaciável do poder fazer a profissãode pobreza, castidade e obediência, incomoda a nossa sociedade.

Asperguntas incomodadas e a tentativa de dizer que isso não é possívelesbarram no exemplo de Jesus Cristo, que escolheu esse tipo de vidapara si. Foi também Ele que disse que muitos iriam se comportar assimdevido à entrega de sua vida à causa do Reino dos Céus.

Éinteressante que todos esses passos acontecem na inteira liberdade dapessoa que, respondendo ao chamado do Senhor, pede à Igreja para quepossa viver dessa maneira dentro de uma comunidade e carismaespecífico. A Igreja, com sua sabedoria secular, propõe que essespassos sejam dados com muita maturidade, depois de um longo tempo dereflexão e meditação, após passagens por várias etapas comprovando querealmente a pessoa tem essa vocação.

Aspessoas se esquecem de que a vida religiosa na Igreja nasce logo noinício como um grande dom à Igreja e grande oportunidade desantificação para as pessoas que assim são chamadas. Sabemos que todossomos chamados à santidade, mas a vida religiosa é um chamado especialpara recordar à Igreja o chamado universal à santidade. É umaoportunidade de viver o batismo de maneira radical e testemunhar opoder de Deus em chamar homens e mulheres vivendo em comunidade comosinal daquilo que um dia irá ocorrer com todos no final da vida e nofinal dos tempos – é o sinal escatológico – quando todos deveremos serpobres, castos e obedientes.

Étambém por esse “nadar contra a corrente” e incomodar com o seutestemunho o mundo atual que se procura encontrar erros e incoerênciasna vida dessas pessoas para que em divulgando se possa defender a tesede que isso não é possível. O que ocorre é exatamente o contrário: asexceções chamam atenção para a regra: se existe uma margem de pessoasque não conseguem ser coerente com os votos professados, a maioria, noentanto, continua sendo alegre e fiel ao caminho que um dia começou atrilhar na vida religiosa.

Érealmente interessante ver o combate que se faz contra, e com issocriticam a Igreja como se ela forçasse as pessoas a assim agirem ou aescolherem esse tipo de vida, quando na realidade vemos aí a mão deDeus, e a Igreja tem a missão apenas de discernir os espíritos eacolher e disciplinar os pedidos que são feitos para assim viverem eserem dessa forma reconhecidos por ela.

Hámuitas formas de vida que só na fé se consegue compreender, pois supõea comunicação de bens sobrenaturais na graça de Deus e na comunhão daspessoas no Senhor, como são as vocações à vida de oração contemplativae de sacrifícios para a intercessão em favor de todos. Para o homem semfé e que procura eficiência nos resultados é um sinal que muito oincomoda.

Avida religiosa masculina e feminina representa para a sociedade umpasso muito importante para que a vida em Cristo possa ser ainda maisacolhida pelas pessoas, pois o primeiro serviço que a vida religiosapresta é justamente o seu testemunho, o seu próprio modo de viver. Éeste o grande sinal: o ser das pessoas que assim vivem. Por isso,grande parte dos consagrados exerce um carisma missionário, servindo àIgreja como anunciadores da boa notícia – do Evangelho – e do CristoRessuscitado a todos.

Alémdo “ser” da vida religiosa ela também, no decorrer dos séculos, agiucom muitas obras em favor dos doentes, educandos, órfãos, pobres,necessitados e tantos outros serviços à comunidade. Todos sabemos quequando as irmãs estavam servindo em muitas dessas obras que a Igrejaproporcionou como maneira de ação social, as pessoas eram muito melhoracolhidas e assistidas, pois não faziam apenas como um serviço ou paraganhar dinheiro, mas sim por amor a Cristo presente naquela pessoa.

Otestemunho que se ouve é que quem conheceu esses trabalhos dosconsagrados tem saudades daquilo que representaram nesses trabalhos.Hoje também estão presentes, preocupados com a transformação social denosso mundo, e, tendo optado por um tipo de vida radical, podem chamara atenção da sociedade sobre os caminhos errados que muitas vezesestamos percorrendo.

Ultimamente,além das formas tradicionais de vida religiosa que conhecemos, oEspírito Santo tem suscitado na Igreja novas formas como são hoje as“novas comunidades”. Além dos homens e mulheres celibatários temostambém os casais e famílias consagrados e que moram em comunidades comcarismas próprios e procuram colocar em prática, na radicalidade, avida do Evangelho. E essa nova forma de consagração tem aumentado acada dia e entusiasmado os jovens que Deus chama para seguir essamissão.

Éinteressante ver como as coisas ocorrem: os novos tipos de consagraçãosó aos poucos vão encontrando a maneira jurídica de se estabelecerem eserem reconhecidos na Igreja, pois não havia ainda a regulamentaçãocanônica de como obter reconhecimento e acompanhamento da Igreja.Situação que pouco a pouco foi sendo superada pela sabedoria da Igrejae acompanhamento carinhoso dessas obras. É o Espírito Santo que vai àfrente! À instituição cabe discernir, acompanhar e ajudar nessacaminhada.

Diantedessa sociedade egoísta e violenta vivemos hoje uma nova explosão devitalidade de consagração de homens e mulheres na vida e missão daIgreja. Nesse mundo em que uns se fecham contra os outros – basta veras fronteiras dos ricos se fechando para os países pobres, onde não seacredita na unidade na diversidade e que somos todos irmãos – vemos aía divisão das etnias e tradições que não querem permanecer unidos nummesmo país e as dificuldades em fazer valer trados internacionais pelapaz e pelo respeito ao comércio mundial – basta vermos os últimosacontecimentos –, a vida religiosa é um chamado para que, com oEvangelho, se construa uma nova sociedade. Sim, é possível um mundonovo e a vida religiosa, se vivida com alegria e radicalidade, é umsinal para essa possibilidade. Comunidades onde se vive a fraternidade,perdão, unidade na diversidade, alegria pela doação de vida eacolhimento e serviço desinteressado a todos, além de sinal decontradição, se anuncia essa possibilidade de um mundo novo construídoem novas bases. Um anúncio sem ódio e sem divisões, mas testemunhado eanunciado com vigor.

Queeste dia de orações pelas vocações religiosas consagradas abra osnossos olhos para ver a ação de Deus na vida das pessoas e abra osnossos corações para a oração.


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