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A sociedade contemporânea e a cultura da imagem

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cultura da imagem

Sem dúvida, a teoria de Descartes, “penso, logo existo”, trouxe grande influência no que se refere à sociedade moderna do século XIX. Se por um lado reduziu o homem ao racionalismo, por outro gerou o relativismo moderno e a queda dos valores e da tradição.

Assim, a sociedade contemporânea acabou distanciando-se da pura racionalidade e enveredou-se por caminhos em que as sensações e a aparência são “as chefas da casa” e precisam, a todo custo, serem reconhecidas como tais pelo “grande público”.

Por isso, a mídia tem papel fundamental como principal motivadora da cultura da imagem, que faz parte do autocentramento e da estetização do eu, um verdadeiro adornamento de si mesmo. A imagem individualista precisa da aprovação pública. Que grande incoerência! Parece que o pensamento (coeso), que era pressuposto da existência humana, é feito refém do individualismo, da estetização da existência. E assim, o homem se deixa conduzir por falsas belezas. Basta olharmos as redes sociais: há um festival de postagens pseudo-alegres ou deprimidas, escondidas em vestes bonitas e em um bom visual, gritando: “olhem para mim!” Parece até que o amor não é suficiente motivador de um relacionamento. A fluidez dos tempos atuais prefere o provisório. Agora, muitos se tornam escravos da cultura da imagem, defendendo apenas a imagem de si mesmos e desprezando o verdadeiro ser, a essência humana. Não é à toa que a audiência dos reality shows é sempre alarmante. A cultura do espetáculo exige muita performance, não exige a verdade.

Diante disso, toda essa cultura da imagem leva à certa ansiedade de conseguir (a)parecer, podendo levar a tantos males e até mesmo a psicopatologias, caso o sujeito fracasse na tentativa de realizar a glorificação do seu eu. Diante dessa sociedade autocentrada, excessivamente exteriorizada, que se mostra para o outro e usa o outro como forma de aparecer e de gozar, podemos nos questionar: qual atitude tomamos frente a isso? Somos indiferentes? Participamos ativamente dessa dinâmica individualista? Ou lutamos contra ela, saindo de nós mesmos e indo ao encontro do outro em uma relação gratuita? Algo que devemos nos perguntar.

Elainy Sales
Estudante de Psicologia da Universidade Estadual do Ceará


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