“A herança que o Senhor concede são os filhos, o seu salário é o fruto do ventre: os filhos da juventude são flechas na mão de um guerreiro. Feliz o homem que enche a sua aljava com elas: não será derrotado às portas da cidade, quando litigar com os seus inimigos.” Sl.127
Ora, ao celibatário cabe ser pai de todas as almas, que precisam de ter nomes e rostos. Bem-aventurado será (eu serei) quando, na violenta batalha travada contra o inimigo, o mundo e (tantas vezes) a minha própria carne, que ofertada reclama por direitos e prazer, trouxer à lembrança, à memória cada um deles.
Aljava é um compartimento de caça guardado ao lado, bem próximo à mão para ser tão logo usado, quando da espreita e da proximidade de alguma fera que chega não para deixar uma ferida de amor, mas de desamor; e aumentar o abismo do pecar com mais abismo.Descubro então uma arma para esta luta e são tantos os meus filhos que não há porque me faltar força, não serei derrotado, mas entrarei; não ficarei às portas da cidade santa, a Jerusalém celeste, onde me espera o Espírito, Inflamador das nossas almas, o Predileto dos celibatários, para nos abraçar, beijar, sorrir e dizer:
“Façamos a festa. Estes teus filhos estavam mortos e tu me ajudaste a resgatá-los; havia o risco de também tu caíres, mas por cada um deles te levantaste para interceder, lutar e ganhar todos (eles e tu) ao céu, ao banquete que não findará! Acordaste mais cedo, dormiste mais tarde…para vê-los crescer, para levá-los à escola da oração (pois ensinaste a rezar com o teu testemunho), ao hospital (pois suplicaste pela cura de cada um), quando choravam, ou simplesmente velar pelo sono deles ou pela insônia… o teu abraço, o teu sorriso… A morte e a secura do teu corpo entregue à minha paixão, morte e ressurreição em cada vigília de adoração ou de evangelização deu vida a eles.”
Quem disse que não sou pai? Quem pensa que não tenho filhos? A minha herança é o Reino dos Céus, que habita cada pessoa. Por este Reino jamais serei derrotado. Sim, vivendo o estado de vida para o qual Deus me criou, entrarei na visão bem-feliz do Pai com aljava cheia; não sozinho, mas com todos os filhos que livremente disserem sim ao Amor de Deus.
Lá há morada para cada um deles. Assim prometeu Jesus e Ele é bom e fiel para cumprir sua promessa e me ajudar a cumprir o meu voto de castidade pelo Reino dos Céus e pelos meus filhos nesta terra, neste tempo da Igreja.
Feliz dia para os nossos pais (formadores, casados, celibatários e sacerdotes)!
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Everaldo Bezerra de Albuquerque
Consagrado da Comunidade de Aliança e Celibatário na missão de Braga-Portugal