A Igreja Católica do Sudão do Sul diz que o país está “à beira do colapso”, com milhões de pessoas a enfrentarem a pobreza e a fome.
Numa mensagem difundida pela Caritas Internationalis, D. Erkolano Tombe, presidente da Cáritas do Sudão do Sul, frisa que “há pessoas morrendo” e que “sem uma ajuda de emergência a situação irá com certeza agravar-se”.
Na base desta crise humana está a guerra civil que atualmente dilacera o país, a mais jovem nação do continente africano, fundada em 2011 depois de se separar da República do Sudão.
A independência chegou mas não apagou décadas de conflitos tribais, étnicos e religiosos, que já provocaram milhares de mortos e mais de um milhão de refugiados.
O conflito continua também a fragilizar a já de si débil produção agrícola do Sudão do Sul, o que tem levado a uma crise alimentar no país.
“Precisamos que as pessoas que estão atualmente dispersas em campos de refugiados ou nas montanhas regressem a suas casas e retomem o trabalho. Mas para isso é preciso que as armas se calem e os civis sejam respeitados”, aponta o presidente da Cáritas do Sudão do Sul.
Mais de 1 milhão de pessoas estão em risco de morrer à fome e cerca de 5 milhões precisam de assistência urgente, entre as quais 270 mil crianças que sofrerem de subnutrição aguda.
“Falta comida e medicamentos, e precisamos também de garantir a educação das crianças, para que elas possam ir à escola”, alerta D. Erkolano Tombe.
Para o bispo da Diocese de Yei, é essencial que a “comunidade internacional contribua para o fim da violência no Sudão do Sul e tome medidas para assegurar a chegada da ajuda necessária às populações”.
Neste momento, “as pessoas estão sendo atacadas indiscriminadamente, nas suas casas, nas ruas, quando vão em busca de comida, e mesmo nos campos de cultivo. Se elas quiserem fazer as colheitas, são consideradas rebeldes ou simpatizantes dos rebeldes e eliminadas. Há civis morrendo e muitas pessoas desaparecidas”, relata o prelado.
D. Erkolano Tombe esteve recentemente em Roma com elementos da Cáritas do Sudão do Sul para debater desafios operacionais relacionados com a ajuda às populações do país e enquadrar o apoio a dar por parte das instituições solidárias católicas, a nível global.
Um dos epicentros da tragédia humana no Sudão do Sul está precisamente localizado na diocese de Yei, que fica situada junto à fronteira com o Uganda e a República Democrática do Congo.
O bispo realça que “todas as estradas da região estão bloqueadas”, e por isso “mais de 100 mil pessoas”, da sua comunidade, estão “encurraladas” neste momento, “sem meio de sair ou de aceder à ajuda necessária”.
“A única via será o apoio aéreo, caso contrário muitos morrerão de fome”, lamenta D. Erkolano Tombe.
Fonte: Agência Ecclesia