Quando falamos em teologia do corpo tratamos, na verdade, de uma série de catequeses de São João Paulo II feitas logo no início do seu pontificado. Ele mesmo criou esse e um outro termo com o qual as denominou: Sobre o amor humano.
O pontífice se propõe a recuperar a beleza e o valor do corpo humano, da sexualidade e das relações humanas. São ao todo 129 catequeses realizadas entre 1979 a1984 e que ele mesmo sistematicamente dividiu em seis ciclos. Em suma, aborda-se a dimensão do corpo, o valor e a beleza da corporeidade humana, além da sexualidade em todas as suas dimensões, dignidade e o valor do matrimônio, procriação, castidade e celibato e ainda sobre o coração humano e a batalha espiritual para sua purificação.
A passagem bíblica a partir da qual são João Paulo II começa aprofundar esse tema é Mt 19, 1-12 a qual se liga diretamente ao livro de Gênesis. O Papa aprofunda a verdade sobre quem somos, quem é o homem e quem é a mulher.
São João Paulo II acentua que, Jesus faz um convite para sair da superficialidade buscando verdadeiramente o princípio de tudo: a vontade de Deus. Jesus diz que no princípio não era assim, relacionando, portanto, livro do Gênesis.
Partindo deste, São João Paulo II deixa evidente que o autor Sagrado ao narrar a Criação usa os verbos em relação a todos os outros elementos como algo externo isto é, Deus cria todas as coisas pela força da sua palavra mas é “fora de si mesmo”. Veja-se que os verbos usados pelo autor bíblico são ‘separou’, ‘chamou’, etc. Mas quando o autor narra a criação do homem e da mulher não são esses os verbos utilizados. É como se Deus entrasse em si mesmo para criar o homem e a mulher, usando até o verbo no plural: “façamos o homem à nossa imagem, segundo a nossa semelhança” Para os padres da igreja é o anúncio da Trindade.
Deus cria do nada todas as coisas, mas ao criar o homem acrescente algo diferente pois cria olhando para si e colocando nele essa relação. Então, o homem é criado para relacionar-se com Deus, com essa capacidade de relação de liberdade que é própria do Criador. O homem não é um deus, é um ser criado. Deus o cria para si, enquanto relação.
Na narrativa do capítulo 02 do livro de Gênesis o Senhor Deus é apresentado como um artesão que pega argila do solo e faz o homem soprando-lhe as narinas transformando-o num ser vivente. Na criação da mulher, a partir do versículo 18, Deus disse que não seria bom que o homem estivesse só, reservando-lhe uma auxiliar como ‘osso de seus ossos’ e ‘carne de sua carne’. Ela se chamaria a mulher porque foi tirada do homem por isso ‘este deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher e eles se tornam uma só carne’.
A dignidade do homem e da mulher está na semelhança com Deus
Somente quando Deus criou o homem é que o abençoa. Este e alguns outros detalhes destacados por São João Paulo II sobre a criação, são reforçados nas mencionadas catequeses para acentuar a dignidade do homem pela semelhança com Deus.
Depois de mostrar a unidade, o Papa ressalta que homem e mulher são criados com a mesma dignidade e mesmo valor. Mas, registra a diferença dos sexos: homem e mulher os criou. A diferença não é algo que divide ou separa, mas significa complementaridade.
A grandeza conferida por Deus ao homem, por meio do seu corpo, tem uma ‘linguagem’ por isso o Santo cunha o termo Teologia do corpo: nele o homem tem uma linguagem para se relacionar com Deus, sendo convidado a ver, reconhecer e assumir a beleza/dignidade/santidade da criação que se revela pela sexualidade humana.
Buscar o que é bom, belo e verdadeiro
A sexualidade humana, longe de significar genitalidade, é a força de amor. Ela nos impele a buscar o que é bom, belo e verdadeiro. É a chamada ‘dimensão erótica’, como Platão falando do termo eros que passa da mitologia para a filosofia e depois entra na literatura significando aquele impulso que me faz admirar nos corpos a dimensão sensitiva e me leva ao desejo do intelectivo do mundo das ideias e da perfeição. É, portanto, uma atração que indica a intensidade subjetiva do espírito humano não podendo ser reduzido – como vemos na literatura – ao que é meramente sensual.
Para o autor, a deformação está em deixar que esse impulso permaneça no que é imanente, apenas no sensível, nos corpos. Deixa-se, assim, de buscar a Deus e sai em busca apenas do que é tangível.
O correto está na vivência de uma sexualidade que leva à busca do transcendente, do céu e da santidade, tirando do imanente (aquilo que se toca). A confusão está em apontar esse desejo de eternidade, essa sede do mundo, para esta dimensão concreta/carnal. Agindo assim o homem vai permanecer com fome e infeliz, perdendo a noção de quem ele é, vivendo somente pelos instintos, de forma animalesca.
Homens e mulheres inteiros são capazes de abraçar a verdade de como fomos criados a partir do mundo sensível para desejar que se acenda o desejo de céu. Ora, Deus que se relaciona conosco colocou em nós esse desejo de relação com ele também no nosso corpo. Por isso, São Paulo vai poder dizer ‘glorificai a Deus no vosso corpo’ e São João Paulo II com as catequeses do amor humano nos leva então a compreender como se dá a redenção do eros, a redenção do corpo e a purificação do coração humano.
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