Franciscano de Jericó, onde existem duas escolas católicas, diz que a convivência entre cristãos e muçulmanos é «muito tranquila»
O franciscano irmão António, da paróquia católica de Jericó, na Palestina, disse hoje à Agência ECCLESIA que têm de ser os cristãos a promover o diálogo entre muçulmanos e judeus na Terra Santa.
“Os cristãos são a ponte entre os muçulmanos e os hebreus, porque falam com os dois”, afirmou o irmão António, norte-americano, que está em Jericó há três anos.
O frade franciscano refere que os palestinos da localidade sentem “a falta de justiça” pelas desigualdades sociais que os discriminam, nomeadamente no acesso ao trabalho e à habitação.
“As famílias de maioria cristã vivem na pobreza. Não têm casa nem trabalho. Os palestinos não recebem os benefícios sociais dos árabes israelitas”, referiu à Agência ECCLESIA, sustentando que o relacionamento entre cristãos e muçulmanos, em Jericó é “muito tranquila”.
“A experiência do medio oriente é de guerra entre cristãos e muçulmanos. Aqui é um mundo diferente”, sublinhou.
O irmão António apontou como prova da “tolerância efetiva” a existência de duas escolas católicas em Jericó, onde há 23 estabelecimentos de ensino públicos.
“Temos duas escolas católicas e quando os familiares procuram uma boa educação enviam os filhos para aqui”, precisou.
Jericó, uma região com 32 mil habitantes, tem 500 cristãos, dos quais 224 são católicos.
As duas escolas católicas, ligadas às religiosas e aos religiosos franciscanos, têm cerca de mil estudantes muçulmanos.
O religioso norte-americano observa que “há um convívio entre as famílias” dos estudantes e os responsáveis dos muçulmanos e dos católicos participam nas festas de uma e de outra religião.
A cidade de Jericó é das mais antigas da civilização humana, defendendo a arqueóloga inglesa Kenyon que os primeiros vestígios de sedentarização na região são do oitavo milénio antes de cristo.