Igreja

Titus Brandsma, um mártir do nazismo, que foi carmelita e jornalista tem milagre reconhecido pelo Papa

O beato neerlandês, é homenageado como um mártir, foi beatificado em 3 de novembro de 1985 pelo Papa João Paulo II, será em breve aclamado como mais um santo

comshalom

Um milagre atribuído a Titus Brandsma, frade carmelita opositor do nazismo morto no campo de concentração de Dachau, Alemanha, em 1942 foi reconhecido na última quinta-feira, 25 de novembro. O Papa Francisco autorizou o prefeito da Congregação do Vaticano para a Causa dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, a emitir o decreto que aprova milagre, o que abre o caminho para a canonização do frade holandês.

Conheça Titus Brandsma

Ele era padre, professor e jornalista, batizado com o nome de Anno Sjoerd Brandsma em Oegeklooster, na província de Friesland, uma província ao norte dos Países Baixos, em 23 de fevereiro de 1881.

Como jornalista, escreveu em mais de 20 jornais, 104 artigos sobre os mesmos temas. O jornalismo, em todas as facetas, foi a paixão da vida dele. Ele o viu como um caminho privilegiado de levar Deus aos homens. Pôs em relevo o lado positivo e construtivo da vida. O anúncio da verdade era uma questão de justiça para ele.

Entrou para o noviciado carmelita em 1898, adotando o nome religioso de Titus, e foi ordenado sacerdote em 1905. Brandsma defendeu a liberdade da educação e da imprensa católicas contra a pressão dos nazistas. Por se opor firmemente à propaganda obrigatória nazista nos jornais católicos, foi preso em janeiro de 1942, e na prisão conheceu e se encantou pela biografia de Santa Teresa d´Ávila. Os guardas, de todas as maneiras o humilhavam, mas ele não perdia a paz. Impressiona os demais presos por suas palavras de esperança. Dizia: “Sofrer não faz mal, desde que nos sintamos amados”.

Em 19 de junho de 1942 foi transferido para Dachau, o campo de concentração apelidado de “maior cemitério de padres do mundo” por ser aonde eram enviados clérigos e líderes religiosos que se opunham ao nazismo. Ele foi executado em 26 de julho de 1942, com uma injeção letal.

“Entrego-me de corpo e alma à causa de Deus”

Tito viveu esse lema, defendendo a liberdade do ensino e da imprensa. Seu carisma carmelita e sua pastoral adquiriram força na oração e na renúncia. 

A beatificação ocorreu em novembro de 1985 pelo Papa São João Paulo II que o nomeou mártir da fé. Na homilia desta ocasião, o Papa polonês elogiou a “veia constante do otimismo” de Brandsma. “Ela o acompanhou mesmo no inferno do campo nazista. Até o final, ele permaneceu uma fonte de apoio e esperança para os outros prisioneiros: ele tinha um sorriso para todos, uma palavra de compreensão, um gesto de bondade.

“A própria ‘enfermeira’, que em 26 de julho de 1942, lhe injetou o veneno mortal, mais tarde testemunhou que sempre manteve viva em sua memória a face daquele sacerdote que ‘tinha compaixão por mim'”.

O milagre reconhecido

O milagre atribuído ao beato Titus Brandsma é a cura do padre Michael Driscoll, também carmelita, da Flórida, EUA, diagnosticado com melanoma avançado em 2004. Uns anos depois, alguém lhe deu um pequeno pedaço da roupa de Brandsma, para o padre americano aplicar diariamente em sua cabeça.

Padre Driscoll foi submetido a cirurgia para retirada de 84 gânglios linfáticos e uma glândula salivar. Depois, passou então por tratamento de radiação. Os médicos disseram que a recuperação da fase 4 do câncer foi inexplicável. Em declaração ao médico, ele disse: “Não é preciso voltar, não desperdice seu dinheiro em passagens aéreas para voltar aqui. Você está curado. Eu não encontro mais câncer em você“.

Peritos da Santa Sé reconheceram a cura como um milagre no dia 25 de maio deste ano. O consistório dos cardeais aprovou do último 9 de novembro aprovou a causa da canonização, submetendo a decisão ao Papa Francisco.

Outras aprovações papais

Um milagre atribuído à intercessão da Beata Carolina Santocanale (1852-1923), conhecida como Maria de Jesus, fundadora italiana das Irmãs Capuchinhas da Imaculada de Lourdes. Beatificada em 2016, ela agora será canonizada.

O martírio de Enrico Planchart, Ladislao Radigue, e três companheiros sacerdotes mortos por ódio à fé em 26 de maio de 1871, na época da Comuna de Paris.

As virtudes heroicas do bispo italiano Antonio Bello (1935-1993), que ele descreveu como “um profeta na terra da Apúlia”.

As virtudes heroicas de:

– Juan de San Pedro y Ustarroz (1564-1615), conhecido como João de Jesus Maria, carmelita descalço espanhol;

– Giorgio Guzzetta (1682-1756), padre oratoriano italiano conhecido como o Apóstolo dos Albaneses da Sicília;

– Natalina Bonardi (1864-1945), fundadora da Congregação das Irmãs de Santa Maria de Loreto;

– Maria Dositea Bottani (1896-1970), superiora geral do Instituto das Irmãs Ursulinas da Imaculada Virgem Maria de Gandino;

– Odette Vidal Cardoso (1931-1939), a garotinha que morreu no Rio de Janeiro aos nove anos de idade.

Diante de Jesus, na dor. (Escrito por Frei Tito na prisão)

Ó Jesus, quando Te contemplo,
eu redescubro a sós contigo
que Te amo e que teu coração
me ama como a um dileto amigo.

Ainda que a descoberta exija
coragem, faz-me bem a dor.
por ela me assemelho a Ti,
pois é esse o caminho redentor.

Na minha dor, me rejubilo:
já não a julgo sofrimento,
mas sim predestinada escolha
unido a Ti num mesmo sentimento.

Deixa-me, pois, nessa quietude,
malgrado o frio que me alcança.
presença humana não permitas,
que a solidão já não me cansa.

Pois de mim sinto-Te tão próximo
como jamais antes senti.
Doce Jesus, fica comigo,
que tudo é bom junto de Ti.

-Colab. Frei Gabriel Haamberg O. Carm


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