Formação

Um grande mestre que vale a pena conhecer e escutar: Santo Agostinho

Aurélio Agostinho de Hipona, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos nos primeiros séculos do cristianismo, cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e filosofia ocidental.

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Hoje é dia de Santo Agostinho, conhecido também como Agostinho de Hipona. Este santo nasceu no dia 13 de novembro de 354 em Tagaste, na cidade da Numídia (hoje, Argélia), no norte da África. Essa região era uma entre tantas dominadas pelo Império Romano. Seu pai era pagão e sua mãe uma fiel cristã que exerceu grande influência sob sua conversão. Seus estudos ocorreram na mesma cidade onde nasceu, porém, um tempo depois, foi para Madaura, onde iniciou estudos de retórica.

Agostinho era dotado de uma inteligência muito aguçada, estudou música, física, matemática e filosofia. Em 371, transferiu-se para Cartago, a maior cidade do Ocidente Latino depois de Roma, na época um grande centro do paganismo. Assim, deixou-se cativar pelo esplendor das cerimônias em honra dos milenares deuses pagãos do império. No ano de 373, nasceu Adeodato, seu filho, fruto de um romance com uma cartaginense. Agostinho também dedicou-se ao estudo das Escrituras, mas logo ficou desiludido diante do estilo da Bíblia, que considerou simples.

Depois de três anos, terminou o estudo superior em retórica e eloquência. De volta a sua cidade natal, abriu uma escola particular onde ensinou gramática e retórica. Em 374, foi para Cartago e, mais uma vez, dedicou-se ao ensino da retórica. Em 383, seguiu para Roma e, no ano seguinte, foi nomeado mestre de eloquência em Milão. Inquieto, numa busca permanente pela verdade, aderiu ao maniqueísmo. Esta filosofia pretendia ter como única base de pensamento a razão.

Por 12 anos, foi seguidor de Mani, profeta persa que pregava uma doutrina na qual se misturavam princípios cristãos, ocultismo e astrologia. Porém, nenhuma destas filosofias deixaram- lhe satisfeito, tanto que mergulhou num profundo ceticismo, duvidando de tudo e de todos.

UM ENCONTRO PROVIDENCIAL

Em 386, Agostinho encontrou-se com Ambrósio, na época, um influente bispo católico. Então, descobriu a seu lado profundas colocações, típicas de um verdadeiro mestre. Passou a assistir seus sermões, que eram inspirados, sobretudo, no Antigo Testamento. Ambrósio foi essencial para sua conversão à fé cristã. A mudança de coração foi tão profunda, que em 387, Agostinho pediu e recebeu o santo batismo.

No ano seguinte, retornou definitivamente para Tagaste, dedicando-se à vida monástica, vendendo a propriedade que herdou do pai e distribuindo o dinheiro aos pobres. Conservou apenas uma pequena porção de terra onde, ao lado dos amigos Alípio e Ovídio, fundou o primeiro mosteiro agostiniano. Em 391, foi ordenado sacerdote. Em 396, foi sagrado bispo auxiliar e foi ali que se tornou, por suas pregações e escritos, um dos maiores nomes da teologia na Igreja.

HERANÇA TEOLÓGICA E ESPIRITUAL DESSE GIGANTE

Entre 397 e 398, Agostinho escreveu a obra que se tornou um transbordamento da maturidade e profundidade de sua fé. Trata-se da obra Confissões. Ali, narrou sua trajetória de vida, da juventude até sua conversão, revelando, desse modo, os caminhos da fé em meio às angústias do mundo. Essa obra é uma autobiografia que também imprimiu seu pensamento filosófico.

Criou também a noção de espaço interior como campo da verdade essencial do homem: “A verdade e Deus devem ser buscados na alma, e não no mundo exterior.” Em 413, começou a obra A Cidade de Deus, escrita para consolar os cristãos após Roma ser saqueada pelos bárbaros visigodos, em 410. Nesta obra, Agostinho apresentou a defesa da fé e convidou seus contemporâneos a compreender o sentido profundo da história. Já não se trata de um reino de Deus que sucede à vida terrena.

A cidade de Deus e a dos homens coexistem: a primeira, antes simbolizada por Jerusalém, é agora a comunidade dos cristãos. A cidade dos homens tem poderes políticos, morais e existenciais próprios.

As duas cidades permanecerão lado a lado até o fim dos tempos, mas depois a divina triunfará, para participar da eternidade.”

Sem dúvidas, Agostinho deixou-nos importantes contribuições sobre a doutrina da igreja, apresentadas em tratados filosóficos, teológicos, comentários, sermões e cartas. Exerceu grande influência em várias áreas do conhecimento. Teve papel importante na compreensão da Igreja Católica e fez uma síntese entre a filosofia grega e o pensamento cristão. Fixou a ideia da vida interior do homem como o palco essencial da construção de sua identidade.

Ele fez sua páscoa definitiva em Hipona, África, no dia 28 de agosto de 430. Foi canonizado por aclamação popular e reconhecido como Doutor da Igreja em 1292, pelo Papa Bonifácio VIII. Que Deus abençoe toda a Igreja, o Papa, os bispos, sacerdotes e todos os leigos, que atuam de alguma forma na orientação e formação do povo de Deus. Que a seu exemplo, possamos ser defensores profundos e convincentes da fé.

Santo Agostinho, rogai por nós.


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