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Dom Redovino Rizzardo
No domingo, dia 5 deoutubro, em Roma, Bento XVI inaugurou o Sínodo dos Bispos, almejando umnovo dinamismo missionário para as regiões do mundo onde, de acordo comsuas palavras, parece que “Deus morreu”. A Eucaristia foi concelebrada por 52 cardeais, 14 membros das Igrejas orientais, 45 arcebispos, 130 bispos e 85 sacerdotes.
O evento, que se encerra no próximo domingo, dia 26, aprofundou o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”.
Namissa de abertura, o Papa questionou os rumos escolhidos por umasociedade que, para salvaguardar a identidade e a liberdade, optou porbanir a fé de sua vida: «Há pessoas que, após terem decidido queDeus morreu, se colocam no lugar de Deus. Consideram-se as únicasresponsáveis pelo próprio destino e as proprietárias absolutas domundo. Mas, eliminando Deus de seu horizonte, conseguem ser verdadeiramente felizes? Acabam realmente mais livres?».
«No fim – continuou o Papa – o homem se encontra mais sozinho e a sociedade mais dividida e confusa. Comeste Sínodo, a Igreja quer mostrar ao mundo que o mal e a morte não têma última palavra, mas que a vitória final pertence a Cristo».
Nasegunda-feira, dia 6, quando a humanidade acordou sobressaltada pelaameaça de uma crise financeira em escala mundial, Bento XVI viu nela umapelo de conversão: «Aqueda dos grandes bancos nos lembra que o dinheiro desaparece e nadasignifica. A mesma coisa acontece com todas as coisas que o mundo tomacomo únicas realidades. Somos realistas quando contamos com outra realidade. Quemconstrói a vida sobre a matéria, o êxito, as aparências, constrói sobrea areia. Precisamos mudar nosso conceito de realismo. Realista é quemreconhece na Palavra de Deus, nesta realidade aparentemente tão frágil,o fundamento de tudo».
DoSínodo participam não apenas católicos, mas também membros de outrasdenominações religiosas que encontram na Bíblia a Palavra de Deus.Entre eles, o rabino judeu Shear Yashuy. Apesar do mal-estar gerado porsuas críticas ao Papa Pio XII, disse reconhecer no convite para sefazer presente ao evento um «sinal de esperança e uma mensagem de amor, de convivência e de paz para a nossa geração e para as gerações futuras».
Oarquimandrita Ignatios Sotiriadis, representante da Igreja Ortodoxa daGrécia, convidado a falar, fixou seu olhar em Bento XVI e lheconfidenciou: «Santidade,nossa sociedade está cansada e doente! Procura, mas não encontra! Bebe,mas não se sacia! Exige de nós, os cristãos (católicos, ortodoxos,protestantes, anglicanos), um testemunho comum, uma voz unida! Esta énossa responsabilidade como pastores das Igrejas no século 21!».
Emseguida, convidou as diversas Igrejas cristãs a superarem asdificuldades que ainda as mantêm distantes e separadas umas das outras,discernindo a verdadeira função do Papa: «A missão primária,histórica e extraordinária do primeiro bispo da cristandade, quepreside na caridade e, sobretudo, de um Papa que é professor de teologia, é a de sersinal visível e paterno de unidade, e guiar, sob a orientação doEspírito Santo e segundo a Sagrada tradição, com sabedoria, humildade edinamismo, junto a todos os bispos do mundo, co-sucessores dosapóstolos, toda a humanidade a Cristo Redentor. Este é o desejo profundo de quem guarda no coração a nostalgia dolorosa da Igreja não dividida: una, santa, católica e apostólica!».
Essaunidade eclesial, porém, só será realidade à medida que todos oscristãos, independentemente da denominação onde se congregam, assumem aconversão como uma tarefa diária. De acordo com o arquimandrita, nãosão suficientes as boas intenções; faz-se necessária uma “metanóia”, uma “metamorfose” de nossos corações. É em Cristo que os cristãos se encontram e se descobrem irmãos.
Outrafigura que marcou indelevelmente o Sínodo foi Bartolomeu I, Patriarcada Igreja Ortodoxa de Constantinopla. No sábado, dia 18, durante umacelebração na Capela Sistina, diante de uma assembléia formada por maisde 400 pessoas, entre cardeais, bispos, sacerdotes, religiosos eleigos, e após ser saudado fraternalmente pelo Papa Bento XVI, eleiniciou sua meditação fundamentado na primeira carta de São João: «O que nossas mãos apalparam, o que vimos e ouvimos, nós agora o comunicamos a vocês, para que estejam em comunhão conosco» (1Jo 1.3). Concluiu indicando a vivência e a partilha da Palavra como o caminho por excelência para a unidade dos cristãos.
E, agradecendo o convite recebido para falar, acrescentou: «Vejoeste gesto como uma manifestação do Espírito Santo, que está levandonossas igrejas a uma relação mútua mais próxima e profunda, um passoimportante para a restauração de nossa comunhão plena».