Oi, mãe. Oi, mãe que me lê.
Oi mãe, oi mãe de muitos filhos. Oi, mãe de filho único. Oi, mãe-inspiração.
Oi mãe, que viu seu filho chegar crescido, criancinha ou adolescente, fruto de uma adoção.
Oi mãe, que planejou e esperou pelo filho. Oi mãe, que descobriu-se mãe de surpresa. Oi mãe que foi vítima de violência e ainda assim capaz de acolher a vida em gratidão e gentileza.
Oi mãe, que perdeu seu bebê, sua criança, seu jovem, seu adulto, seu sempre filho. Oi mãe, que viu a vida acontecer ao contrário e precisou sepultar um filho amado, entretanto jamais sepultou o amor.
Oi mãe, cujo corpo não mudou, não viveu a loucura dos hormônios, não sentiu as inconveniências e intercorrências da gestação, mas sentiu a alma comovida e pronta pra acolher filhos gerados no coração.
Oi mãe, essa carta é pra você.
Essa carta é um comunicado. Saiba: Você é presença forte, destemida e tenaz no mundo e por isso você é capaz de moldá-lo. É você quem desenha e esculpe a humanidade, é o seu amor, a sua ousadia, a sua coragem que acolhe cada pequena grande vida. É você que faz a diferença, que tem a sabedoria das doses exatas, de doçura e firmeza, de conforto e confronto, de ninho e vôo. É você que compreende e repreende, que educa, tolera, suporta, transcende e supera. É você, é você quem acerta e quem erra.
Parece uma grande responsabilidade não é mesmo? Talvez um peso? Dá medo.. Saber-se mãe é saber-se cuidadora de um medo escondido e sempre presente, que vai e volta, cresce e diminui, mas sempre ali, não há outra maneira de viver com o famoso coração fora do corpo, sendo assim a gente vive e convive com o temor incômodo de ver partir o que para nós é mais precioso.
Sim, é uma grande responsabilidade, um alto cargo, que exige versatilidade, criatividade e imprevisíveis habilidades. Cargo assumido por anônimas, populares, modestas e prestigiosas. Um alto cargo multiplicado vezes e mais vezes, sem conta, a cada palmo do mundo, por toda mulher, por cada mulher que aposta, insiste, resiste e combate com a sabedoria adquirida do amor recém-descoberto, aquele aclamado, o notável, que não achávamos possível, que não sabíamos que existia até encontrar essa dimensão extraordinária, esse universo paralelo: Mãe!
Mãe, sua responsabilidade é imensa, é temível, não se pode lutar contra ela, ela é invencível e ela é o seu maior presente. O seu maior presente é um milagre acompanhado de culpas, inseguranças e de sorrisos, lembranças, tesouros que valem cada desafio para se descobrir e viver. Um presente genuíno, uma benesse delicada, um mimo, uma dádiva, pois creia-me, você jamais poderia escolher por si mesma algo tão bom e tão bem.
Os tempos estão estranhos, eu sei. Talvez hoje, por um motivo ou outro você não receba aquele abraço carinhoso, aquele olhar de ternura, aquela presença esperada. Pode ser que os passarinhos tenham voado pra longe e o ninho tenha ficado vazio. Pode ser que o passarinho tenha deixado uma desmensurada saudade e um inevitável vazio. Provavelmente o almoço em família será reduzido ou resumido. Ainda assim sempre é possível preparar um banquete em sua própria alma, pra comemorar e brindar o seu presente, a sua maternidade. Nunca perdida, sempre encontrada, que se infla, se espalha, se alarga. Seu presente estará preservado dentro de si e justamente por isso sua alma precisa e merece sorrir.
Interpretação do texto em áudio:
Ouça abaixo:
Com amor,
Fabi (que também é mãe)