Institucional

Uma manhã com vivos e mortos!

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Cheio de entusiasmo, fui em busca de cultura, arte e história! A cada esquina encontrava um monumento. A cada edifício, vislumbrava marcas de uma arquitetura esquecida em trabalhos contemporâneos, mas lembradas a cada olhar lançado a elas.

Vez por outra, no aeroporto, no shopping, nas calçadas, nas passarelas, em qualquer lugar a céu aberto, artistas tocavam os mais variados instrumentos: piano, violão, violino, cajón. Além disso, cantavam e recebiam gratificações conforme os transeuntes decidissem dar. Com o coração cheio dessas impressões, achava que minhas descobertas continuariam nesse terreno tão precioso! Mal sabia que estava prestes a encontrar outro tesouro, que não se gasta, nem se consome e jamais acaba (cf. Mt 6, 19)!

Já no início da minha “visita turística” à Basílica de São Pedro, fui impactado com a presença de um corpo. Sim, um corpo; digo corpo porque já não havia vida nele, estava morto, alí, diante de mim, dentro de um caixão, em uma basílica, cheia de pessoas. Não era um cemitério, era uma basílica. Pode parecer bobagem, afinal é algo muito comum nas igrejas de Roma, deparar-se com caixões, com pessoas mortas dentro, muito, muito mortas.

O fato é que, por mais morto que aquele corpo estivesse, ao permanecer de frente a ele, nunca me sentira tão vivo! Meu corpo ganhava vida, meu coração batia mais forte, pulsando um sangue diferente. Enquanto este sangue percorria meu corpo, sentia que ganhava outro corpo. Junto com as lágrimas que surgiam incontrolavelmente, a vida também surgia, a esperança também surgia (cf. Jo 3, 5)! Este corpo novo que eu recebia era batizado (cf. At 2, 1-4) pelas lágrimas que se derramavam sobre ele.

A divisão que havia antes entre meu corpo e o Criador deste corpo, que fizera dele Sua morada (I Cor 6, 19-20), tornava-se menor. Este corpo que vê, escuta, fala, sente, pensa, ama, também fecha-se em si mesmo, busca somente os próprios prazeres e chama de voz de Deus aquilo que na verdade são suas próprias paixões, frutos de uma má educação e dos pecados vividos até ali (cf. Obra Nova, Escritos – Comunidade Católica Shalom).

Relacionamentos, trabalho, oração, afetividade, sexualidade, tudo era transformado. Aquele corpo (cf. Teologia do Corpo) diante de mim, morto, viveu, cansou, gastou-se, sempre cheio de sentido, de vigor, por mais fraco que estivesse, se deu, até o fim. Também não era alguém distante. Viveu enquanto eu vivia, e estava alí, na minha frente, bem vivo, no céu, com Deus, intercedendo por mim, enquanto eu lhe pedia socorro, na certeza do novo corpo que recebia.

Foi tudo Graça. A Graça fez sua parte. Eis o meu corpo (cf. Hb 10, 5-7), Deus. Quero fazer Tua vontade!

São João Paulo II, rogai por nós!

 

William Rodrigues da Rocha

28 de setembro de 2017


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