Os olhos brilhando, sorriso no rosto, a expectativa da primeira apresentação para uma plateia de desconhecidos. Crianças de várias idades subiram ao palco do Capital da Paz neste sábado (20) para se apresentarem com o coral Uma Sinfonia Diferente. O diferencial? Todos os membros assistidos pelo projeto possuem o Transtorno do Espectro Autista (TEA) que afeta o domínio da linguagem, a dificuldade de socialização e um comportamento padrão restritivo e repetitivo.
Porém o que se vê quando o grupo sobe ao palco, e até mesmo nos ensaios, são crianças sorridentes, animadas e participativas. Batem palmas, cantam, fazem toda a coreografia e demonstram que um transtorno que tende afastá-las da sociedade pode ser quebrado com a música e o carinho e acolhimento de pessoas dispostas a amá-las.
O projeto foi uma inspiração da musicoterapeuta Ana Carolina Steinkopf para ajudar na inclusão social de portadores do transtorno. Formada pela Universidade de Brasília e criada em família cristã, a coordenadora do Sinfonia tem a formação trazida de casa como base para levar adiante o projeto audacioso que hoje ajuda tantas famílias.
“Quando pensei em começar fiquei muito relutante, mas conversei com Deus e disse a Ele ‘eu só vou se Você for junto’, e até então tudo tem dando muito certo”, reflete Ana Carolina. A jovem de 25 anos revela que sempre pede a Deus orientação para conseguir enfrentar os momentos de dificuldade, recordando a passagem que diz “Tudo o que fizeste a um desses pequeninos, é a mim que fizestes” (Mt 25, 40).
Um dos problemas enfrentados não só pelo portador do autismo mas por toda a família são os tratamentos convencionais apresentados pela maioria dos terapeutas, que levam a pessoa a trabalhar individualmente com um profissional enquanto a família normalmente não participa. Célia Sadako é mãe de Otávio Higa, de 25 anos, que faz parte do grupo há dois. Ela avalia positivamente a participação do filho no projeto Uma Sinfonia Diferente.
“Todas as terapias que a gente leva são individuais. Eu deixo ele no terapeuta e fico na sala de espera. A Sinfonia é uma terapia coletiva, ele fica junto com outros membros, os pais ficam juntos, ajuda bastante a todos nós”, conta. Ela ainda credita a melhora do filho ao frequentar outros ambientes à participação de Otávio no projeto. “O limiar dele está aumentando cada vez mais, ele aguenta ficar mais tempo em conjunto, e isso é ótimo! Abre mais chances para levá-lo em restaurantes, mercado, porque ele fica mais habituado a frequentar espaços coletivos”, comemora Célia.
Para quem assistiu à apresentação do Um Sinfonia Diferente, uma coisa ficou clara: a capacidade de superação. Para Luís Felipe Torres, “eles mostram como um trabalho desse pode ajudar no crescimento pessoal, e como Deus age em várias situações e os ajuda a superar as dificuldades, mesmo eles sendo tão pequenos”.