Primeiramente, gostaria de dizer que resisti muito para assistir ao filme Tudo Bem Até o Natal Que Vem. Isso porque a Netflix, plataforma de streaming em que esse produto audiovisual está hospedado, não tem boas referências brasileiras em relação a comédias natalinas. Contudo, resolvi dar uma chance para a nova obra estrelada por Leandro Hassum.
A narrativa traz a história de Jorge: um homem chefe de família que faz aniversário no Natal, mas não tem boas lembranças da data. Para ele, não tem como competir com Jesus, que é muito mais carismático. E a história fica mais inusitada quando Jorge, no Natal de 2010, cai do telhado de sua casa tentando surpreender as crianças durante a festa natalina.
Após o acidente, Jorge passa acordar sempre na véspera de Natal do ano seguinte. Quando a rotina do personagem começa a se repetir, parece que não vai ter mais graça e que o filme vai acaba por ali. Contudo, a cada ano, características do protagonista se tornam mais evidentes. E a comédia acontece porque Jorge passa a conhecer, junto com o público, o seu “eu” anual, totalmente diferente daquele que surge na véspera de Natal.
O verdadeiro Natal
A reflexão que o filme proporciona, em meio às cenas caricatas de festas natalinas brasileiras, é bastante interessante, pois, quanto mais Jorge descobre que não é uma pessoa tão boa ao longo do ano, mais ele deseja mudar suas posturas. É aquela conhecida e constante batalha entre o homem velho e o homem novo, no caso do filme, entre o Jorge de 2010 e os “Jorges” dos anos posteriores.
Para sair desse ciclo, que parece infinito, Jorge precisa entender o verdadeiro sentido do Natal, que, consequentemente, é também o sentido de sua vida, celebrada na mesma data. O protagonista ao longo da narrativa vai aprendendo a valorizar os momentos importantes da vida, como estar com a esposa e com os filhos, e também com aqueles familiares mais distantes, como seu pai que mora longe de sua casa.
Acertou na mensagem
O filme acertou na mensagem porque, em meio à pandemia do coronavírus, passamos a valorizar mais cada dia e cada pessoa que convive conosco. Aprendemos a estar mais em casa, a olhar nos olhos com mais frequência e a cuidar mais. Em síntese, aprendemos a amar mais. Vimos que tudo passa e que não somos tão fortes como imaginávamos. Somos frágeis, precisamos amar. Precisamos de amor.
O problema do personagem não era ter nascido no mesmo dia de Jesus, mas não ter aberto o coração para as experiências de amor que se expressam, por exemplo, em assistir a um filme com sua filha… Após aprender essa lição, toda a resistência que Jorge tinha em relação ao Natal passou a ser combustível para amar mais a sua família.
Vale a pena assistir?
Vale sim! A classificação do filme é para maiores de 12 anos. Tem cenas e palavras que poderiam ser dispensadas, mas não afetam a mensagem que a narrativa transmite. Pode colocar na sala e convidar a família toda para assistir. É uma ótima opção, inclusive, para o fim de noite!