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Vem Senhor Jesus

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Quais são as características da verdadeira amizade? Sãovárias, uma delas se comprova quando se tem a confiança de revelar ao amigo ospróprios pensamentos. É o que há de mais íntimo no ser humano, lugarimpenetrável aos outros, não para um verdadeiro amigo. Pode-se revelar umsegredo ou mesmo um desejo. "O termo ‘revelação’ significa literalmente‘tirar o véu que oculta alguma coisa’." [1]

Outra prova de uma amizade levada até as últimasconsequências é dar a própria vida, se necessário, por quem se ama. Imaginemos,por exemplo, um inocente condenado à morte cuja execução se dará em breve,seria difícil oferecer-se para morrer em seu lugar, mesmo sabendo que nele nãohá crime algum. Mais difícil seria dar a vida por um criminoso manifesto.Talvez um grande amigo pudesse se apresentar a fim receber a sentença quecoubesse ao outro, mas vejam que não é fácil.

Pois bem, Deus tanto amou aos homens que não só entregou Suavida pelos réus de morte (pecadores) a fim de lhes abrir as portas do céu, mastambém quis vir ao encontro do ser humano por meio da Revelação Divina.

 De alguma forma o Criador está acessível a todos. Paraalguns, é possível encontrá-Lo através da luz natural da razão pelas obrascriadas, como ensina São Paulo: "Desde a criação do mundo, as perfeiçõesinvisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornam visíveis àinteligência, por suas obras" (Rm 1,20). Para outros, foi-lhes dada aRevelação Divina, inacessível à pura razão: "Muitas vezes e de diversosmodos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas" (Hb 1,1). Istosempre se realizou dentro dos desígnios benevolentes de Deus.

 O importante é saber que a revelação d’Ele nos chegou pormeio de palavras e obras, desta forma entramos em contato com o mistério deDeus, que conduz a história da nossa salvação. Mas Deus quis nos darabsolutamente tudo, e isso se realizou quando enviou seu próprio Filho aomundo: "Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeirouniversal, pelo qual criou todas as coisas. Esplendor da glória (de Deus) eimagem do seu ser, sustenta o universo com o poder da sua palavra" (Hb1,2-3).

 Jesus Cristo é o ápice da Revelação Divina, Deus disse tudoatravés de ser Verbo Encarnado: "Portanto, a economia cristã, como nova edefinitiva aliança, jamais passará, e não se há-de esperar nenhuma outrarevelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo(cfr. 1 Tim 6,14; Tit 2,13)".[2] Não se espera outra revelação antes damanifestação gloriosa do Senhor, mas os cristãos revivem os acontecimentos deSua vida.

 Através da liturgia se celebra os acontecimentos quetrouxeram a nossa salvação. Deus Pai enviou seu Filho que morreu por nós e é oEspírito Santo que atualiza esta memória na liturgia: "A liturgia cristãnão somente recorda os acontecimentos que nos salvaram, como também osatualiza, torna-os presentes. O mistério pascal de Cristo é celebrado, não érepetido; o que se repete são as celebrações; em cada uma delas sobrevém aefusão do Espírito Santo que atualiza o único mistério".[3]

 Entre os acontecimentos que a liturgia comemora está oadvento, próximo a iniciar-se.

 O ano litúrgico dos cristãos está separado por períodos, aosquais cabe contemplar misticamente a vida do Divino Redentor. Entre eles está operíodo do Natal, onde se espera a chegada do Salvador em meio aos homens,comemorado no dia 25 de dezembro. Como preparação para esta chegada, a Igrejainstituiu a celebração de quatro domingos, conhecidos como "advento"(do latim significa "chegada", "vinda"). Espera-se a vindade Jesus, seu nascimento. Também se refere à segunda vinda de Jesus Cristo.

 Desde o século XI o advento abre o ano litúrgico (eclesial),que se encerrou com a solenidade de "Cristo Rei".

 São quatro semanas de preparação para o Natal, nas quais aliturgia vai progressivamente pedindo a vinda do Salvador. Nem sempre e emtodos os lugares foram quatro semanas de advento, ocorriam variações entre trêsa seis semanas; no entanto, em Roma, as quatro semanas são celebradas desde oséculo V.

 Como símbolos desse tempo, podem-se encontrar manifestaçõesde penitência e alegria, ambas com moderação. A penitência se verifica, porexemplo, na ausência do cântico do Glória, bem como nos paramentos roxos, eetc. A alegria se manifesta com cântico do Aleluia e com o domingo Gaudete("Alegrai-vos"), cujos paramentos são róseos; mas, sobretudo, entreos símbolos de alegria no advento se encontram duas festas votadas à Mãe deDeus. Em oito de dezembro se celebra a solenidade da Imaculada Conceição, emhonra da Virgem Maria concebida sem pecado original; dogma proclamado por PioIX, em 1854. E a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, no México, Padroeira daAmérica Latina, em 12 de dezembro.

 Neste sentido, "o Advento é por excelência o tempo daesperança, no qual os crentes em Cristo são convidados a permanecer emexpectativa vigilante e laboriosa, alimentada pela oração e pelo compromissoefetivo do amor".[4] Na liturgia espera-se este Deus que vem, porque"Deus vem para nos salvar".[5]

 Deus é o nosso verdadeiro Amigo. Além de enviar seu Filhopara morrer por nós na cruz e de se ter revelado definitivamente, ainda confiaà Igreja a missão de transmitir estes acontecimentos todos os anos, sob osauspícios do Espírito Santo. É a nossa vez de provar que também somos fiéis aesta amizade, nos preparando para este tempo que se inicia.


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