“Olhar quem nos olha”. Acho que essa frase de Santa Teresa define bem o que é estar numa vigília de oração. Deixar que o olhar de Deus, Aquele por quem nossa alma suspira, nos encante, nos atraia, nos conforte, nos cure, nos vença. Somente através desse encontro de olhares é que nosso coração se disporá, pela graça, a trilhar o caminho da paz.
Lembro-me da minha primeira vigília de oração, na casa comunitária da Comunidade de Vida juntamente com os outros vocacionados da Missão de Garanhuns; da experiência forte de acordar às 2h da madrugada e cantar diante do Santíssimo Sacramento que “só sei que é para sempre”, de, mesmo com sono e tendo aula a poucas horas daquele momento, saber que valia a pena estar perdendo aquela noite de sono, que valia a pena se cansar para estar descansado nos braços de Deus.
A partir dessa primeira vigília, o Senhor me fez desejar viver outras, e fui descobrindo a graça que é escolher a Deus mesmo diante dos desafios. Sim, porque estar numa vigília é muito bom, mas também temos que driblar alguns desafios. Quando o sono chega, a situação fica tensa. Aí é hora de ser criativo e dinâmico: Ficar em pé, sair pra lavar o rosto, tomar um cafezinho, enfim. São Pedro, São Tiago e São João quando foram ficar em vigília com Jesus não escaparam de uns cochilos. O espírito está pronto, mas a carne ainda é fraca, foi o que o Senhor falou para motivá-los. Acredito que esta também deve ser a nossa motivação. Buscar sacrificar nossa carne, nosso comodismo e vontades para crescermos na graça e trilharmos este caminho da paz. Não está muito na moda falar de sacrifício, mas se quisermos ser santos não há outro caminho e, se o Senhor nos chama, é a nossa felicidade. Sim, é a nossa felicidade!
Pude também, durante as vigílias, aprender a ser Igreja, a interceder pelos que amo e pelos que não conheço, mas que são amados por Deus. As vigílias de adoração fizeram com que eu me aproximasse muito de Nossa Senhora, rezando o Ofício da Imaculada Conceição, que aprendi nas vigílias do Shalom. Tantos outros irmãos também aprenderam esta devoção nas vigílias, juntamente com o Santo Terço, e no geral, o amor filial a Maria.
Para mim, estas madrugadas de adoração que fiz sempre foram via de salvação. É a oportunidade de ser pequeno, de estar aos pés d’Aquele que tanto me amou, de buscar aprofundar Sua voz, o Seu chamado na minha vida. É escolher a melhor parte, aquela que não me será tirada.
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Robson Paz
Vocacionado Shalom da Missão Garanhuns (PE)