Neste dia especial, 12 de dezembro, a Igreja celebra a aparição da Virgem de Guadalupe no México. A história da aparição ao índio Juanito é bem conhecida, e a imagem “impressa” em sua tilma, como prova da veracidade da aparição, correu o mundo inteiro como testemunho da ação de Deus pelo seu povo.
Os mais avançados estudos científicos, com a mais moderna tecnologia, não conseguiram explicar os fenômenos em torno da imagem na tilma, onde não se vê sinal de pinceladas (nem com uso de infravermelho, irradiação, etc). Além disso, as fibras de maguey, que compõem a tilma, deveriam ter-se decomposto em 15 anos, mas o material com a imagem já passa dos 500 anos. Trata-se de um milagre inconteste, compondo o conjunto das três aparições da Virgem Maria, oficialmente atestadas como verídicas pela Igreja Católica, junto às aparições de Nossa Senhora em Fátima (Portugal) e em Lourdes (França).
Virgem Peregrina
A Virgem Maria, em suas aparições por todo o mundo, visitou os mais remotos lugares, recebendo uma infinidade de nomes, e em todos eles ela apareceu com a “cara” do seu povo. Maria, que foi a via pela qual Jesus Cristo, o Deus vivo, encarnou-se no mundo, nos dá os sinais concretos de que o mistério de Jesus é compatível com o homem de todo tempo e lugar, de todas as culturas. Em suas aparições, Nossa Senhora teve sempre a delicadeza de mostrar-se com feições específicas, com traços culturais dos povos a quem ela se dirigiu, mas sem deixar de cumprir (e de evidenciar) a sua missão de carregar e de revelar o grande mistério da salvação, o seu filho Jesus.
Entendendo a imagem
Em Guadalupe, a Virgem Maria apresenta-se com traços mestiços, unindo em si as culturas locais outrora em conflito, e, para além da “simples” aparência física, da pele clara europeia, dos olhos mestiços indígenas, da fita negra no ventre (que indica a proteção do povo asteca), a Virgem de Guadalupe, de forma mais profunda, mística e sobrenatural, iluminou toda a América Latina, tornando-se padroeira do continente.
Os astecas acreditavam que o sangue humano deveria ser derramado em oferenda aos deuses. Tal sacrifício chegou ao auge, quando não passava-se um dia sequer sem um sacrifício humano. Os astecas acreditavam que esse sangue derramado era responsável pela dinâmica natural da vida como, por exemplo, a sucessão dos dias e da noite. Eles acreditavam que os sacrifícios humanos eram necessários para que a vida tomasse o seu curso.
Um novo sentido ao sacrifício
A Virgem Maria, utilizando símbolos astecas em sua aparição, de modo algum, quis confirmar as práticas horrendas das crenças primitivas desses povos, mas, pelo contrário, quis mostrar que a vida humana inteira deve ser redimida pelo mistério salvífico de Jesus, sua morte na cruz e ressurreição. Por isso a Virgem de Guadalupe apresenta-se grávida, carregando em seu ventre o Redentor, o Deus único, o Cristo Jesus, Aquele que tem a criação inteira sob os Seus pés, o Rei e Senhor também da vida humana.
O Criador do universo, embora Todo-Poderoso, encarnou-se homem não para condenar os homens, mas para serví-los, e como humilde servo, amá-los até a oferta total de si mesmo no sacrifício da cruz. Esse viria a ser o último sangue derramado em expiação dos pecados da humanidade.
Os inúteis sacrifícios astecas não tinham mais razão para existir diante do sacrifício derradeiro, definitivo de Cristo Jesus. E a sucessão dos dias e das noites, o movimento de todo o universo, já estava sob o senhorio do sangue de Cristo derramado (todos os dias) no altar do Seu sacrifício, no Seu Corpo Eucarístico entregue generosamente a todos os homens através da Santa Missa.
A Virgem de Guadalupe nos mostra, portanto, a profundidade que alcançou o mistério da encarnação, morte e ressurreição de Jesus Cristo, e a força de Sua obra de redenção sobre o gênero humano em todo o mundo.
Que Nossa Senhora de Guadalupe nos conduza para Jesus!