1. Doze de outubro é dia da criança. Nosso primeiro “viva” é para a criança no seio materno que existe desde a fecundação. O útero é o primeiro colo, primeiro abraço, primeiro beijo, primeira escola e primeira bênção. Que possam nascer os que foram fecundados. Quem embala uma criança está embalando o futuro da humanidade. O útero é o futuro do mundo.
2. O segundo “viva” é para a criança recém-nascida. Que ela possa contar com a presença da mãe e do pai, o acolhimento da família. A amamentação, o colo, enfim, todas as necessidades básicas, são direitos dela. Jesus acolhia as crianças e as abençoava. Ele mesmo foi criança que cresceu em idade, sabedoria e graça.
3. O terceiro “viva” é para as crianças que são protegidas pela Pastoral da Criança, Pastoral do Menor, Infância Missionária, Coroinhas, Creches, Primeira Eucaristia e Escolas. Felizes são estas crianças porque há outras que sofrem trabalho forçado, ruptura da família, tráfico de órgãos, abuso sexual, prostituição coagida, contaminação do vírus HIV, as drogas e o recrutamento obrigatório onde aprendem a usar fuzis. São os meninos soldados.
4. “Viva” os direitos da criança! Direito de nascer numa família, de ter ambiente familiar, de receber proteção, afeto, educação e religião. Há paises que viraram “sociedade sem criança”. Criam gatos e cachorros, mas não permitem o nascimento de uma criança. Ela incomoda, perturba, exige sacrifício. O feto virou material descartável e a criança um estorvo. O mundo está envelhecendo. É a criança que nos arrasta para o “princípio da inocência”, e imobiliza a corrupção.
5. “Viva” a criança que tem pais participativos e presentes em sua vida. Pais permissivos e autoritários estragam seus filhos. A criança quer que seus pais se queiram bem, coloquem em prática o que dizem, não briguem nem discutam diante dela. Que os pais possam dar a seus filhos: respeito, educação, amizade, equilíbrio, esperança e compreensão. As crianças se formam observando e imitando o comportamento dos pais.
6. “Viva“ a criança adotada, a que foi tirada da rua, a que é portadora de deficiência que recebe atenção, cuidados, educação, amor. Sem pão, sem afeto e sem Deus, as crianças são os primeiros candidatos à droga, prostituição e violência.
7. “Viva” a criança que recebe elogios, valores, limites e religião. Crescerá com segurança e chegará à maturidade. Por outro lado, uma criança onipotente, se tornará prepotente e depois delinqüente. Nossas crianças não podem ser instrumentos de consumo. Não podem ser viciadas no vídeo-game, na TV, na internet, no shopping. São os males da “família filiarcal” e dos “erros de amor” dos pais. Vivem a Síndrome do Pensamento Acelerado (SPA). São rápidas, nervosas, barulhentas, agressivas, turbinadas e depois se estressam e caem em depressão. Não podemos escandalizar os pequeninos, nem torná-los consumistas obsessivos.
8. “Viva” a criança que está na escola. Daí a necessidade da colaboração dos pais com a escola. Os professores são pais e mães de seus alunos. Melhoremos as escolas, diminuirão as prisões. Nada melhor para a criança que a disciplina porque ela aprenderá distinguir o certo e o errado. A escola é a segunda família da criança.
9. “Viva” a criança religiosa. Está comprovado que a criança nasce com potencial religioso. Ela terá respostas em relação aos seus questionamentos de vida se o lado religioso for desenvolvido. Se uma criança mostrar interesse religioso e os pais não se interessarem, e pior, extinguirem esta chama, irão se arrepender e chorar mais tarde.
10. “Viva” a criança que está dentro de cada um de nós. Não esqueçamos do lazer, do bom humor, da brincadeira, da inocência, enfim do lado lúdico, desinteressado, irradiante, luminoso que está em nós.
*Dom Orlando Brandes é arcebispo de Londrina e Presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família – CNBB
Fonte:CNBB