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Você sabe a importância da Doutrina Social da Igreja?

São João Paulo II afirma “não é uma ideologia, mas a formulação acurada dos resultados de uma reflexão atenta sobre as complexas realidades da existência do homem, na sociedade e no contexto internacional, à luz da fé e da tradição eclesial”.

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Chamamos Doutrina Social da Igreja (DSI), os princípios de reflexão, os critérios de juízo e a orientação para a ação, que o magistério da Igreja tem atuado ao longo dos tempos. Nos primeiros séculos da Igreja (Patrística) encontramos um farto ministério social baseado em três núcleos fundamentais: a vida e sua dignidade, o destino universal dos bens da terra e o direito dos pobres.

Sabemos que a lei de Cristo é o amor, norma suprema da caridade (1Cor 13). Todo Evangelho revela o desejo de Deus de uma humanidade reconciliada no amor. Jesus é apresentado pelo evangelista Lucas como o ungido do Pai que vem para evangelizar os pobres, libertar os cativos e proclamar o tempo da graça (Lc 4,18-19). A defesa e promoção da vida e de sua plena dignidade é imperativo ético que, como um fio de ouro, perpassa toda a história da salvação.

A mestre em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade de Estudos de São Tomás de Aquino, em Roma, e missionária da Comunidade de Aliança na missão Alemanha, Maria Valentim, explica que a Doutrina Social da Igreja nasce desde o primeiro momento que Deus criou o homem e o coloca em uma vivência social. E continua, “os fundamentos da Doutrina Social são toda a Tradição, toda história do povo de Deus”.

A importância de saber sobre Doutrina Social da Igreja

Para a missionária, é necessário entender que “não existe uma dicotomia entre espiritual e social. Logo, a Doutrina da Igreja fala que o verdadeiro desenvolvimento é o integral que atinge a pessoa na sua humanidade e espiritualidade”. Ou seja, “o desenvolvimento do homem todo e de todos os homens” (Paulo VI, Carta encicl. Populorum Progressio, 42; Bento XVI, Carta encicl. Caritas in veritate, 8).

Todo homem é um ser aberto à relação com os outros na sociedade. Para assegurar o seu bem pessoal e familiar, cada pessoa é chamada a realizar-se plenamente, promovendo o desenvolvimento e o bem da própria sociedade. Assim, a pessoa é o centro do ensinamento social católico. Qualquer conteúdo da DSI encontra seu fundamento na dignidade da pessoa humana. Outros princípios básicos do ensinamento social são: o bem comum, a subsidiariedade e a solidariedade.

A finalidade da Doutrina Social da Igreja é levar os homens a corresponderem, com o auxílio também da reflexão racional e das ciências humanas, à sua vocação de construtores responsáveis da sociedade terrena. A fonte da Doutrina Social da Igreja tem duas vertentes: a lei natural, que é a capacidade do homem compreender a racionalidade do mundo, e a revelação, ou seja, Deus que se revela ao homem.

Santos que encarnaram a Doutrina Social

A Doutrina Social da Igreja fala do homem em sociedade, e por esta razão trata também de política, economia, direitos humanos, além de outros assuntos associados à vida. Deste modo, a Igreja dialoga com a sociedade, sempre visando levar o homem na vivência em sociedade e a atingir o bem comum, que é a vocação de toda a humanidade.

Ainda segundo Maria, a Doutrina Social é especialista em humanidade, pois nasceu de Jesus. Ele, Filho do Homem, ensina o homem como viver em sociedade, e motivando a encontrar a Verdade que é o próprio Cristo.

A DSI se encarnou em alguns santos, pessoas que viveram a caridade. Por exemplo, São Padre Pio, Santa Gianna, São Dom Bosco, São Francisco de Assis, Santa Dulce dos Pobres. Cada um na realidade própria do contexto que viviam, conseguiram assegurar os direitos humanos com base na oração e em uma vida voltada ao próximo. 

Com os santos, podemos mais uma vez nos motivar a entender, estudar e aprofundar no assunto, e quebrar tabus que afirmam que a Doutrina é um conjunto de normas ou ideologias. A DSI é um sistema de ideias que visa promover a transformação do mundo e, se necessário, das pessoas. É sim uma doutrina que não visa mudar as pessoas, mas também de compreendê-las, não visa transformar a sociedade mas tentar compreender a dinâmica.

“Mais do que falar, os cristãos têm que viver a Doutrina, que é este encontro com a pessoa de Cristo, a verdadeira pessoa humana, e testemunhar na sua vida em sociedade o amor e a caridade. Isso vai fazer a diferença para que todas as pessoas entendam o que é Doutrina Social da Igreja.”

Etapas do ensinamento social católico:

 De 1891 até hoje, a Doutrina Social da Igreja foi um ensinamento constante por parte de todos os papas. Confira algumas etapas:

  •  Leão XIII (1878-1903), na Rerum Novarum (1891), denunciou as condições miseráveis em que vivia a classe operária, protagonista da revolução industrial;
  • Pio XI (1922-1939), na Quadragesimo Anno (1931), amplia a Doutrina Social cristã. Aborda o difícil tema do totalitarismo, encarnado nos regimes fascista, comunista, socialista e nazista;
  • Pio XII (1939-1958), Papa durante a guerra e o pós-guerra, focaliza a atenção nos “sinais dos tempos”. Ainda que não tenha publicado uma encíclica social, em seus numerosos discursos há uma imensa variedade de ensinamentos políticos, jurídicos, sociais e econômicos;
  • João XXIII (1958-1963), na Mater et Magistra (1961) e na Pacen in Terris (1963), abre a Doutrina Social “a todos os homens de boa vontade” e, assim, a questão social se torna um tema universal que afeta e é responsabilidade de todos os homens e povos;
  • Com a Constituição pastoral Gaudium et spes (1965), o Concílio Vaticano II sublinha o rosto de uma Igreja realmente solidária com o gênero humano e sua história. Já na declaração Dignitatis humanae (1965), o Concílio enfatiza o direito à liberdade religiosa;
  •  Paulo VI (1963-1978), na Populorum Progressio (1967) e na Octogesima adveniens (1971), afirma que o desenvolvimento “é o novo nome da paz” entre os povos. Ele cria o Pontifício Conselho “Justiça e Paz”;
  • João Paulo II (1978-2005) compromete-se na difusão do ensinamento social em todos os continentes. Escreve três encíclicas sociais: Laborem Exercens (1981), Sollicitudo Rei Socialis (1987) e Centesimus Annum (1991). Além disso, o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (2004) leva a sua assinatura apostólica;
  • Bento XVI (2005), na encíclica social Caritas in veritate (2009), defende o desenvolvimento integral da pessoa pautado caridade e na verdade.

No Fazendo Barulho desta semana, você pode aprimorar ainda mais sobre o assunto. 

 

O Instituto Parresia produziu um curso sobre Doutrina Social da Igreja e no spotify você pode ouvi alguns episódios sobre o assunto.

Fique ligado!

Filhos do mesmo Pai – Fazendo Barulho

Quando: 27 de Novembro de 2021, a partir das 23h

Onde: REDEVIDA de Televisão

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