Uma das coisas que caracteriza um conselho, pelo menos na logica cristã, é a gratuidade de quem o oferece e a liberdade de acolhimento de quem o recebe. A moral cristã propõe o exercício e a vivência de muitas virtudes. O objetivo desses exercícios é ir moldando em nós a vivência dos dois maiores mandamentos da Lei Divina: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (Marcos 12, 30).
Desde os primeiros séculos da Igreja, alguns fiéis evidenciaram o compromisso de viver com mais radicalidade esse mandamento. Eles formalizavam esse propósito realizando três votos públicos: “Pobreza, obediência e castidade”. Entre esses numerosos grupos na Igreja dispostos a viverem essas virtudes, estão “as congregações e ordens religiosas, bem como os institutos de vida consagrada”.
Nas últimas décadas, sobretudo após o Concílio Vaticano segundo, começou a surgir um crescente número de leigos, desejosos de viverem esses dons. As virtudes teologais ganharam um novo brilho nos atuais movimentos e comunidades na Igreja. Nesse texto, porém, gostaria de oferecer indicativos de como um leigo pode viver essas virtudes na sua realidade ordinária de vida.
Todos podem viver esses conselhos
Não importa se você é casado(a) ou solteiro(a), não importa qual seja o movimento eclesial que você faça parte, se você é rico ou pobre, se é um(a) grande executivo(a) ou trabalhador(a) rural, essas virtudes também são para você.
Entre os diversos componentes de nossa condição humana, há um que se destaca de todos, qual seja: “Somos imagem e semelhança de Deus” (Gênesis 1, 28). Infelizmente por algum fator histórico e cultural, que não teríamos condições de mencionar agora, foi se difundindo a falsa ideia de que ser pobre, casto e obediente é coisa somente de padres e freiras. Contudo, tanto essas três virtudes, bem como todas as outras na nossa fé, são para todos os batizados.
Alguns questionamentos
Como escritor, confesso que não gosto muito de dar respostas prontas, prefiro me esforçar e fazer boas perguntas. Assim, olhe aí agora para sua situação de vida, profissão, condição financeira, idade, etc. e se pergunte:
POBREZA: “Como posso viver os conselhos evangélicos de pobreza, obediência e castidade na minha realidade? Eu preciso realmente de todas as roupas e calçados que possuo?
OBEDIÊNCIA: Expresso minha obediência à minha esposa, marido, pais, irmãos, líderes da Igreja Católica, movimento ou pastoral que participo, ainda que seja por meio de um diálogo sincero, livre e aberto a sugestões?
CASTIDADE: Essas roupas que visto, os lugares que frequento para lazeres, ou mesmo as coisas que vejo na TV e na internet contribuem para o estilo de vida integro que almejo?
Viu só? Imagino e espero que essas perguntinhas tenham provocado em você algumas sadias crises. Crises que se bem vividas na união com Deus e com o auxílio de bons conselheiros e orientadores podem fazer de cada um de nós uma pessoa melhor.
Deus abençoe sempre, Shalom!