Não entendia exatamente o que era um Papa, na verdade a primeira vez que ouvi falar foi ainda muito pequena, quando soube que seria feriado devido ao falecimento de um “tal” Paulo VI, que exerceu 15 anos de pontificado. Feriado! Que maravilha! Não haveria aula e uma folga assim, de repente, era um sonho realizado. E assim foi! Passaram-se alguns dias e um novo Pedro surgiu na Igreja, João Paulo I, o Papa do sorriso… notícia esta indiferente, quase irrelevante para quem mal sabia rezar a Salve Rainha e… não seria feriado.
Tudo parecia caminhar normalmente para os adultos que finalmente voltaram a se sentir seguros em sua fé católica, aguardando os ensinamentos e o pastoreio do recente Pontífice. Quanto a mim, a novidade e o feriado já iam caindo no esquecimento quando novamente comunicaram um outro dia de luto. Um outro feriado! O Papa recém-chegado ao Vaticano, após exatos 33 dias, também havia morrido!
Um pouco mais inserida no contexto “papal”, após dois Papas falecidos e dois feriados quase seguidos, comecei a ficar mais atenta a respeito de quem seria o novo velhinho vestido de branco e o fato novo que acabara de descobrir: a expectativa da fumaça branca. Será que vai morrer logo? Vai ter outro feriado? Na minha mente infantil comecei então, a associar os Papas à morte e aos feriados. Porém não durou muito, João Paulo II teve um dos papados mais longos da história da Igreja e aos poucos foi se fazendo presente em nossas vidas.

“A partir dele, por meio de suas ações, percebi o quão importante era ter um pastor.”
A partir dele, por meio de suas ações, viagens, superação do atentado e sua proximidade com os fieis, em tempos tão rígidos, no decorrer dos anos de seu pontificado, e eu já bem mais crescida, percebi o quão importante era ter um pastor, e este em especial para mim, com a face da bondade de avô, inserido em todas as dimensões sociais, sempre a manifestar esperança de forma alegre e peculiar, quebrando tantas vezes os protocolos para manifestar Jesus aos jovens como eu.
Em um 02 de abril de 2005, morria JPII, depois de grave enfermidade, com idade avançada. Lutou até o final! Não desejei de fato um feriado (até porque, isso já não se procede mais), mas desejei que se firmasse em mim um pouco de seu legado, de sua santidade pois sabia que naquele momento perdia um amigo, e em meu coração adulto senti realmente a dor do luto e as saudades de um colo espiritual.
E então, mais uma vez, a fumaça branca…