O texto lido no Ofício das Leituras, na Festa da Exaltação da Santa Cruz, tirado dos sermões de Santo André de Creta – bispo – nos permite entrar no sentido profundo do enraizamento de tal devoção. Santo André de Creta descreve 16 pontos sobre a cruz:
- Celebrar a cruz é repelir as trevas e voltar à luz;
- Celebrar a cruz é buscar obter o céu;
- Possuir a cruz é possuir um tesouro;
- Tesouro entre todos os bens pelo conteúdo e pela fama da cruz;
- Neste tesouro reside nossa salvação;
- Se não houvesse a cruz Cristo não seria crucificado (…) se a vida não tivesse sido cravada não brotariam sangue e água que lavam o mundo;
- Se não houvesse a cruz não teríamos sido declarados livres;
- Se não houvesse a cruz a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno;
- Grande e preciosa é a cruz;
- Grande sim, grandes bens se tornaram realidade;
- Preciosa porque é paixão e vitória de Deus;
- Vitória porque o diabo é ferido e com ela a morte vencida;
- A cruz arrebenta a prisão dos infernos e se torna comum salvação de todo o mundo;
- Cruz glória de Cristo, exaltação de Cristo;
- Agora, o Filho do homem é glorificado e nele Deus é glorificado (Jo 13, 31-32); Glória essa alcançada na cruz.
- Cruz é exaltação de Cristo: quando eu for exaltado, atrairei então todos a mim (Jo 12, 32).
Origem da Festa
Podemos assim dizer que a festa da cruz tem sua origem no Gólgota, lá onde ela foi plantada. Curioso é que a festa da Exaltação da Santa Cruz foi colocada 40 dias depois da Transfiguração do Senhor. Onde celebramos o luminoso, o gáudio, a felicidade e a alegria. Onde no coração tudo ficou tranquilo, sereno e suave, como expressa Pedro: É bom para nós estarmos aqui. (Anastácio Sinaita, bispo do século VII).
Lembrando ainda de André de Creta que nos afirma que se não houvesse a cruz não teríamos sido declarados livres e ainda que celebrar a cruz é buscar o céu, que ao contemplarmos a cruz possa brotar em nossos corações a tranquilidade, serenidade. E afirmar ainda que é bom para nós estarmos diante da Santa Cruz de Jesus nosso tesouro onde reside nossa salvação.
Jesus na última Ceia deu graças a Deus não só pelas grandes obras do passado, mas deu graças pela exaltação que se realizará mediante a Cruz e a Ressurreição. Jesus aceita sua morte e transforma em um ato de amor. Desde sempre todos os homens esperam em seu coração, de algum modo, uma mudança, uma transformação do mundo (Bento XVI-homilia de encerramento da XX JMJ na Alemanha).
Robson Antônio da Silva, CR