Todos nós já experimentamos estar em um final de semana maravilhoso e ter a sensação que o tempo “voou”. Assim como, estivemos em uma sala de espera médica e um dia parecia uma semana inteira. Isso acontece porque o tempo é objetivo (é prático: um dia tem 24 horas e isso não muda) e também subjetivo (cada pessoa o percebe de forma diferente de acordo com o que vivência). Ou seja: O tempo não é relativo, é objetivo e subjetivo. O tempo é o mesmo para todos nós com suas graças e limites, porém, cada um de nós lida com ele de forma diferente.
Mas, o que isso tem a ver com a sensação de não ter tempo? É muito comum utilizarmos a frase: Não tenho tempo. Porém, o tempo é concreto. Você tem tempo dado por Deus (24 horas por dia, 7 dias na semana e 30 dias no mês). A questão é como utilizar esse Dom Divino que é limitado.
Alguns dizem que administrar o tempo é “questão de prioridade”. Dizer “eu não tive tempo”, então se torna uma forma “educada” de você expressar: isso não faz parte das minhas metas de vida, das minhas escolhas e do que eu quero” Nós transferimos para o tempo, uma escolha que é nossa.
P.S: Pare um pouco e aplique aos momentos que você disse que não tinha tempo para a oração e vida sacramental. Sinta, junto comigo, uma dorzinha no coração. Reflita!
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Tempo é prioridade, e prioridade inclui: o que você quer para sua vida e foco. Vamos ser sinceros, no mundo acelerado em que vivemos, se “tempo” é ouro, “foco” é diamante 18K. Por isso, hoje trago aqui 5 motivos que te dão a sensação de não ter tempo e os remédios para combatê-los. Vamos juntos!
1 – Redes sociais:
É claro, em primeiríssimo lugar!! Quem nunca, né?! Já ouvimos muito sobre a dispersão das redes sociais e o quanto ela nos deseduca na concentração e foco. Isto porque ela é feita para você, literalmente, perder a noção. Você gasta tempo ali e não percebe. Por mais que você diga que é para trabalho, que é para evangelizar, que é para falar com amigos (E isso tudo é importante!) Se você não controlar o uso das redes sociais, são as redes sociais que irão controlar você.
Uma recomendação para quem quer saber mais sobre isso é o documentário “Dilema das Redes Sociais” no Netflix. Ele é interessante e vai direto ao ponto.
Como está seu uso do tempo nas redes sociais?
Um teste simples: Diga agora para você mesmo(a) quanto tempo você gasta por dia no Instagram. Agora, vá lá no App, na opção “Sua atividade” e veja quanto tempo você gasta. Esse teste vale para as outras redes também.
Anote hoje quanto tempo você acha que gasta em todas as redes sociais. E amanhã anote todas as vezes que você estiver em uma delas, ao final do dia veja se está coerente com sua rotina ou não. Ao fazer esse exercício, além de controlar mais o tempo, você também vai sair do piloto automático e ficará mais atento(a) para o uso. No Instagram tem um recurso para limitar seu tempo de uso na rede. Ao final do tempo, ele te avisa que é hora de sair do App.
Se você está fora de controle total! Uma sugestão é escolher um hábito saudável e que você goste para substituir a rede social (exemplo: no transporte público, no lugar de pegar o celular, vou pegar o terço e rezar o rosário). Eu sempre digo que a melhor forma de corrigir um hábito ruim (vício) é inserir um bom no lugar.
2 – Excesso de diversão:
O mundo está cada vez mais descobrindo como nosso cérebro funciona, temos visto a neurociência sendo utilizada em várias áreas de conhecimento. Por um lado, isso é ótimo, compreender esse maravilhoso e misterioso Dom de Deus, nos ajuda a desenvolver nossa humanidade. Mas como tudo na vida, tem riscos. Um deles é que, como consumidores, somos “empurrados” a viver de acordo com o lado mais primitivo da nossa mente: estamos viciados em buscar prazer e fugir da dor. Tendemos a fugir do sofrimento e temos baixa tolerância à frustração, por isso, buscamos sempre a diversão como fuga da realidade. A diversão, o lazer é necessidade humana, mas em suas doses saudáveis. O excesso é nocivo e nos dá a sensação de não ter tempo para o que é produtivo, gera vício e falta de sentido de vida.
Como manter a diversão em doses saudáveis?
Praticando a ascese (se você não sabe o que é, aqui no portal tem artigos sobre o assunto). Escolha renunciar a um tempo de diversão (diminuir as séries, jogos no computador, resenha com amigos) em troca de usar esse tempo com algo que vai te gerar maior realização futura. Viva o hoje de maneira que você se veja mais realizado(a) amanhã. No início será difícil e até doloroso, mas a sensação de dever cumprido no final, valerá à pena! Em minha juventude (não que eu seja idosa, tá?) muitas vezes eu fiz penitências não só de diminuir o tempo, como de ficar sem algumas fontes de lazer e permaneço assim. Por experiência própria, te digo: Ao menos tente, peça ajuda se não conseguir sozinho(a). Você aproveitará mais seu tempo e será uma pessoa melhor!
3 – Falta de organização:
“Eu me encontro na minha bagunça”. Você é desses?! Eu já fui também, até conhecer a ascese, a vida virtuosa e a disciplina. Calma, organização e disciplina, não significa que você tenha que ser uma pessoa metódica, essa parte é mais para a galera das ciências exatas (Brincadeira, tá?). Então, quero te pedir um favor. Substitua essa frase pela seguinte: “Organização gera tranquilidade!”. No maremoto de informações e atividades em que vivemos, os que “se encontram na própria bagunça” são os mais propensos à ansiedade e desânimo. Cuidado! Além disso, a vida espiritual e humana precisam caminhar lado a lado, uma alavanca a outra a todo instante. Ser organizado(a), vai te ajudar em todas as áreas, sua mente terá mais espaço para o silêncio na oração.
Como é possível ser organizado e disciplinado?
A dica mais comum é: comece por seu quarto! Difícil? Ofereça pelas almas no purgatório e continue a nadar. Você vai ver o resultado com o tempo. Mas, a bagunça não é só física, é também na nossa mente. Outra sugestão é começar anotando suas responsabilidades e prioridades. E organize-se por mês e semana. A organização das tarefas de forma diária (de um dia para o outro) aumenta o risco de achar que você não deu conta de todas as tarefas e desanimar. Já o planejamento por mês e semanal evita que você tenha tarefas urgentes ou aquele famoso deixar para última hora.
4 – Não saber discernir quando dizer sim e não.
Todos nós somos chamados a viver a caridade, a sair de nós mesmos em vista do outro. Porém, em alguns momentos, nós não sabemos discernir e acabamos dizendo sim para tudo ou não para todos. A Caridade perfeita precisa doer, como diz Santa Teresa de Calcutá e gera alegria e frutos. A imperfeita, esconde nossa baixa autoestima, o orgulho e o desejo de ser reconhecido. Um livro que me ajudou muito neste tema foi: “A Auto Estima do Cristão” de Michel Esparza.
Dicas para discernir bem:
Primeiro, busque ajuda! Nem sempre conseguimos avaliar sozinho(a). Pergunte ao seu confessor, acompanhador espiritual ou alguém que você veja como referência sobre como eles te veem no exercício da Caridade. Outra sugestão, avalie-se: você costuma aceitar muitos favores e acaba frustrado(a) porque não conseguiu cumprir seus compromissos; você se vê exausto(a) depois de tentar equilibrar os seus afazeres e com os favores que concedeu?
Se você respondeu sim, tente sempre se questionar ao aceitar um favor: faço por caridade ou por querer reconhecimento? Caso seja uma pergunta muito profunda, tente algo mais prático, pergunte a pessoa que te pediu o favor para quando ela precisa (nem sempre o urgente é urgente mesmo!) e se ela poderia tentar outra pessoa que não seja você. Essas perguntas te ajudarão no discernimento.
Agora, se você é aquela pessoa que evita ao máximo sair do seu planejamento, do seu “equilíbrio” para exercer a caridade e atividades imprevistas. Eu sugiro que você medite com essa frase: “Dar ao outro o que é dele, é Justiça. Dar ao outro o que é meu, é Caridade” (Papa Papa Bento XVI, Carta Encíclica Caritas in Veritate). E se pergunte: “Já exerci a Caridade hoje? Já dei o que é meu para o outro?” sempre que for solicitado(a) para alguma atividade fora do que você previu para sua agenda.
5 – Metas muito altas
Uma vez eu fui em uma consulta médica e escutei algo que me marcou: “Vocês missionários, por mais que peçamos para descansar, vocês não param!”. E realmente, depois de 10 anos de Comunidade e 20 de Catolicismo, eu não parei. E não me arrependo! A humanidade sofre e geme esperando a Evangelização. Porém, quantas vezes me deixei levar e abater por não reconhecer meus limites. Por confiar mais em mim que nos meus irmãos e na Graça de Deus. Estabelecemos metas que não podemos alcançar, ou de tão altas, nos fazem paralisar na insegurança. Como Cristãos, vivemos metas altas, sim! O Céu por si mesmo já nos diz muito. Ainda assim, precisamos ter clareza que não as alcançamos sozinhos. Nem além dos nossos limites, nem uma vida estagnada no comodismo, precisamos de uma vida fecunda!
Sobre as metas, vou te deixar com gostinho de “Quero mais”, vou voltar aqui em outro texto, para falar só sobre isso e te ajudar a ter metas coerentes com sua vida. Enquanto isso, se você reconhece que estipula metas altas e não consegue alcançar: exercite a confiança em Deus e nas pessoas ao seu redor. Divida seus pesos, suas alegrias e sonhos com aqueles que querem seu Bem. Combinado?!
Quero muito continuar te ajudando, caso você queira tirar alguma dúvida ou que eu escreva mais sobre algum assunto. Escreva nos comentários. Sua participação será muito bem-vinda! Fala sem medo, com ousadia!
Shalom e até o próximo texto!
Que texto maravilhoso! Parece que Deus ouviu minhas orações e atendeu com essa reflexão , para que eu tenha uma vida fecunda. Obrigada