A infância é a fase onde o sujeito acumula experiências que se servirão de base na construção da sua subjetividade. Por isso, os pais têm um papel fundamental, já que o discurso da criança é atravessado pelo discurso dos pais. Em tempos difíceis, sempre é importante pensarmos nas nossas crianças, visto que elas estão em pleno desenvolvimento psíquico e tornando-se mais vulneráveis às dores futuras.
O momento que estamos vivendo é um tempo de angústias, incertezas mais recorrentes, aflições e dores. A primeira atitude diante disso, com relação às crianças, é não esconder o que está acontecendo. É comum que os pais escondam algo que seus filhos não podem ouvir, alterando ou omitindo fatos ocorridos.
Ouvir o que a criança tem a dizer
A experiência clínica demonstra as sequelas do que deveria ter sido dito e não foi. A decisão de deixar a criança na ignorância tem um preço. É necessário a verbalização para darmos a chance de elaboração da dor. Ou seja, os pais precisa falar o que está acontecendo e precisam ouvir o que a criança tem a dizer, pois o que não foi falado pode retornar em forma de inibição, sintoma e angústia.
Assim, é importante que a criança fale no brincar, com desenhos, contação de histórias e filmes que devem ser comentados ao final. Tudo feito em um ambiente de confiança e relaxamento. Nesse tempo de confinamento e insegurança, é importante que as famílias promovam esse ambiente de verdade e confiança, a fim de minimizar as angústias próprias desse cenário.
É interessante promover sessões de cinema, onde a família possa falar sobre temas importantes, criando laços e formando sujeitos com valores. A ideia é dar uma pausa em algumas cenas para saber como a criança percebe o direcionamento do filme, características dos personagens e a clareza das mensagens passadas.
8 sugestões de filmes para ver com as crianças
1 – Wall-e: fala sobre cuidado com o planeta, tecnologias a serviço do homem, relações humanas, quantidade de lixo produzido, consumo e inteligência artificial.
2 – Procurando Nemo: fala sobre relações familiares, respeito, amizade, inclusão social, poluição dos oceanos, confiança, amor ao próximo e valorização das diferenças.
3 – Procurando Dory: fala sobre empatia, amizade, respeito ao outro, valorização das diferenças, valores, solidariedade e superação.
4 – Divertidamente: fala sobre conhecimento das emoções, empatia cuidado com o outro, respeito, autoconhecimento, percepção de si e do outro, relações familiares e valorização do diálogo.
5 – Toy Story: fala sobre amizade, respeito, cooperação, cuidado com os brinquedo, emoções, fazer o bem, comportamento e esperança.
6 – A Fantástica Fábrica de Chocolate: fala sobre comportamento, relações familiares, conduta, respeito ao outro, solidariedade, empatia, fazer o bem, consequências, amizades, medos e/ou receios.
7 – Montros S.A: fala sobre medos (escuro/dormir sozinho), amizades, superação, cooperação, conduta, comportamento, esperança e relações familiares.
8 – Os Incríveis: relações familiares, rotina e dinâmicas familiares, comportamento, condutas, respeita o outro, empatia, confiança, infância e adolescência.
Lembremo-nos que o mundo foi criado pela palavra. E a palavra criadora e recriadora possa nos sustentar e nos fazer mais capazes de lidar com as nossas questões e tempos difíceis.
Por Regina Cláudia Albuquerque
Psicóloga e psicanalista
