Igreja

Dois sacerdotes mártires no tempo do nazismo foram beatificados

A beatificação de Giuseppe Bernardi e Mario Ghibaudo foi celebrada no domingo (16), pelo prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, Cardeal Marcelo Semeraro, em Madonna dei Boschi, em Boves, Itália.

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Em Boves (Cuneo), aconteceu o primeiro massacre nazista de civis, Dom Bernardi e Dom Ghibaudo deram a vida para salvar a população, e hoje, a Igreja os reconhece como beatos. Os padres italianos foram mortos em 19 de setembro de 1943, depois decidirem ficar com os fiéis apesar da ameaça nazista. 

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O martírio de Giuseppe Bernardi e Mario Ghibaudo aconteceu na cidade de Boves (Cuneo), Itália, ponto de concentração das forças alemãs que tentavam impedir a fuga dos soldados italianos, muitos se escondiam com os guerrilheiros nas montanhas também para evitar uma possível deportação para a Alemanha. O massacre de Boves originou-se de um tiroteio entre soldados alemães e resistentes italianos. 

Conheça os beatos

Dom Giuseppe Bernard, tinha 26 era pároco e foi intermediário para cessar os conflitos entre a tropa alemã e os soldados italianos, e Padre Mário Gibaudo, 23 anos foi pároco e se manteve sempre ao lado do amigo sacerdote.

Giuseppe Bernard nasceu em Caraglio (Cuneo, Itália) em 25 de novembro de 1897, foi ordenado sacerdote em 29 de junho de 1923. Foi primeiro vigário paroquial, depois reitor do orfanato de Cuneo, administrador paroquial e depois pároco em Boves, onde foi amado pelos paroquianos pelo empenho pastoral, um profundo sentido de paternidade e uma grande sensibilidade para com os pobres e os doentes.

Convidado pelos nazistas para desempenhar o papel de mediador em vista da libertação de dois alemães capturados, o Servo de Deus conseguiu essencialmente completar a missão, mas foi detido juntamente com o empresário Antonio Vassallo. Em 19 de setembro de 1943, depois de ser colocado em um carro blindado nazista com Vassallo, ele foi levado para um local isolado, morto e incendiado.

E Mário Gibaudo nasceu em Borgo San Dalmazzo (Cuneo, Itália) no dia 18 de janeiro de 1923, se tornou sacerdote em 19 de junho de 1943 e  foi vigário paroquial da comunidade de Boves. Durante a repressão de 19 de setembro de 1943, ele foi morto a tiros por uma rajada de metralhadoras que se dirigiram a uma pessoa que acabara de ser atingida, para lhe dar a absolvição in articulo mortis.

Mártirio dos sacerdotes

Giuseppe Bernardi em 19 de setembro de 1943, depois de ter cumprido a missão de libertar dois soldados alemães e recuperar o cadáver de um terceiro soldado, foi obrigado a subir em um carro blindado com Antonio Vassallo e foi ainda assistir à destruição do país. Foi morto no mesmo dia, nenhuma testemunha compareceu ao crime, mas o corpo foi reconhecido através do depoimento de um dentista, que reconheceu a “prótese dentária” de Giuseppe.

Já Mario Gibaudo foi morto em 19 de setembro de 1943, em vez de fugir, ciente do precipitado dos acontecimentos, trabalhou para salvar as crianças do orfanato e outros cidadãos de Boves. Quando se aproximou de um homem ferido mortalmente por uma metralhadora alemã, foi atingido por uma barragem, no momento em que dava a absolvição sacramental. O soldado que atirou nele o atacou com uma facada, que deve ter sido a verdadeira causa da morte.

De acordo com informações do site Cause Sant, o martírio foi ex parte vitimarum, já que ambos eram homens que, embora conscientes dos perigos que corriam, continuaram a dedicar-se ao ministério sacerdotal, dando, se necessário, a vida pela salvaçãos dos homens. A forma como foram mortos, tornou ambos mártires em relação à tragédia coletiva que atingiu a vila de Boves nas mesmas horas e nas mãos dos mesmos algozes. O hábito religioso distinguia os dois entre as demais vítimas.

Beatificação 

A cerimônia solene aconteceu no dia 16 de outubro no Santuário Madonna dei Boschi de Boves, presidida pelo Cardeal Marcello Semerara. Na homília falou: 

“Que a Igreja de hoje é uma “‘greja de mártires’ é uma afirmação que encontramos repetida nos lábios do Papa, desde os primeiros dias do seu serviço na Cátedra de Pedro. Pelo contrário, disse certa vez que a Igreja tem mais mártires do que no tempo dos primeiros séculos.  Às fileiras dos mártires que, vestidos de vestes brancas, clamam ao Senhor: ‘Até quando, Soberano, não farás justiça?’ (cf. Ap 6,9-11), juntam-se hoje os dois sacerdotes desta Igreja de Cuneo: Padre Giuseppe Bernardi, que no momento dos trágicos episódios conhecidos como ‘massacre de Boves’ era o pároco da comunidade cristã, e Dom Mario Ghibaudo, o vigário paroquial, um jovem que havia recebido a ordenação sacerdotal poucas semanas antes.

Poderemos, portanto, considerar o ministério sacerdotal e o martírio de nossos dois bem-aventurados nesta perspectiva intercessória. Sobre Dom Giuseppe Bernardi uma testemunha declarou: ‘Ele não fugiu por causa de seu rebanho, para defender a população. Dom Giuseppe era bom e generoso; foi o bom pastor que deu a vida pelas ovelhas.’ Da mesma forma, Dom Mario Ghibaudo que foi morto no momento em que exercia o ministério sacerdotal ao administrar a absolvição a um moribundo, uma testemunha disse: “Foi o padre que desempenhou seu ministério; ele estava ajudando as pessoas a se salvarem e enquanto isso ele absolveu e abençoou ”. Foi assim que nossos dois bem-aventurados, como Moisés, ergueram as mãos para o céu, intercedendo junto a Deus.” (Palavras do Cardeal Marcello Semerara, na homilia da beatificação).

Além dos dois sacerdotes já beatificados, na Espanha, 12 mártires redentoristas serão beatificados.

-Com informações de Cause Santi

 


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