Para compreendermos um pouco mais sobre a origem dos espaços sagrados na espiritualidade cristã, voltaremos o nosso olhar para o culto hebraico, recordando os relatos a partir do livro de Gênesis até a reconstrução do Templo duas décadas antes de Cristo. Por fim, contemplaremos a Jesus como o verdadeiro templo, reerguido três dias após a sua destruição.
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O relato bíblico nos diz que, no princípio, Deus criou o homem por e para o amor e lhe deu um mandamento de não provar do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Seduzido pela serpente e movido pelo orgulho, o homem desobedeceu a Deus, pecando originalmente. A partir daí, os frutos do pecado passaram de geração em geração (cf. Gn 3).
Forte era a percepção do homem primitivo de que a amizade com Deus fora rompida e que só à custa do derramamento de sangue é que essa unidade podia ser reparada. Daí o surgimento dos altares, onde se ofereciam sacrifícios para reparar as ofensas cometidas contra Deus. Tais altares eram os pontos centrais dos templos.
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Deus assim, escolheu Abraão (cf. Gn 12) e fez uma aliança com ele e sua descendência. Desde então os patriarcas levantam monólitos, pelos quais recordavam suas experiências sobrenaturais extraordinárias. Jacó, neto de Abraão, por exemplo, ergueu uma pedra como uma estela e a ungiu, como que para localizar a presença divina no lugar onde havia sonhado com uma escada que ia da terra ao céu. Os anjos desciam e subiam por essa escada e em seu cume ele viu a Deus. Por isso, Jacó deu àquele lugar um novo nome: “casa de Deus”, Betel (cf. Gn 28,18-22).
A Tenda da reunião
Depois, o Senhor se manifestou a Moysés e aos profetas na montanha, no fogo, nas nuvens e se dignou a permanecer com o povo eleito na Arca da Aliança, caminhando de tenda em tenda, desde o deserto até o reinado de Davi (Ex 25,22).
O Templo
Por fim, o re Salomão, filho de Davi, construiu um templo de pedra sobre o monte Sião para abrigar a Arca da Aliança (cf. 1Rs 6), em 970 a.C.. No entanto, os israelitas apegaram-se à terra e ao templo mais que a Deus, por isso, o Senhor permitiu que Nabucodonosor destruísse o templo e que o povo fosse exilado. A glória de Deus sairia do templo e se dirigiria aos exilados na Babilônia (cf. Ez 10-11). Do resto de Israel, Deus formou um povo pobre e pequenino que pôs no Senhor sua confiança e esperança: os Anawins (Sf 3,12-13). O templo, então, foi reconstruído por Herodes em 19 a. C..
Jesus é o Templo de Deus
Na plenitude dos tempos, “o Verbo se fez carne e armou sua tenda no meio de nós” (Jo 1,14).
No início do Evangelho segundo João, Jesus foi ao Templo e expulsou os vendilhões que desejavam fazer um comércio naquele lugar santo. Quando perguntado sobre qual seria o sinal de sua autoridade, disse aos judeus: “Destruís vós este templo e eu o reconstruirei em três dias” (cf. Jo 2,19). O povo, no entanto, não compreendia que Ele não estava falando sobre edifícios construídos por mãos humanas, mas falava Dele mesmo, que é o verdadeiro Templo: “Mas ele falava do templo do seu corpo” (cf. Jo 2,21).
As seguintes passagens bíblicas também se conectam diretamente com a relação Jesus x Templo: no capítulo 4 do Evangelho segundo João, Jesus disse à samaritana que o Pai busca adoradores não simplesmente em Jerusalém ou na Samaria, mas adoradores em Espírito e verdade (cf. Jo 4,23); depois, deu sua carne como comida, o seu sangue como bebida (cf. Jo 6) e o seu corpo como sacrifício oferecido na cruz em humilde obediência ao Pai (cf. 19). O Pai, por sua vez, o ressuscitou ao 3º dia, como o Filho havia profetizado em Jo 2,19; Jesus subiu aos céus e derramou o seu Espírito sobre os discípulos, reunidos com a Virgem Maria no cenáculo, instituindo a Igreja (cf. At 2).
Consagrado Comunidade de Vida
Confira:
Jantar Beneficente retorna à Igreja do Ressuscitado que passou pela Cruz