Igreja

Dom Hélder Câmara, mais um cearense com processo de beatificação no Vaticano

Concluída a etapa diocesana, começa a chamada “fase romana” e agora, o Dicastério das Causas dos Santos aguarda a nomeação de um Relator para a elaboração da “Positio”, isto é, o volume que sintetiza as provas coletadas na Diocese.

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Servo de Deus Dom Hélder Câmara (Imagem/reprodução)

Arcebispo de Olinda e Recife entre 1964 e 1985, Dom Helder Câmara, conhecido como ‘Dom da Paz’ está mais perto de ser declarado venerável pela Igreja Católica. O processo do ex-bispo auxiliar do Rio de Janeiro, falecido em 1999 aos 90 anos de idade, teve um grande avanço na última terça-feira (15). O anúncio foi feito no encerramento do 18º Congresso Eucarístico Nacional (CEN), pelo atual arcebispo  de Olinda e Recife.

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O pedido para torná-lo beato passou da fase diocesana, realizada no Brasil, e chegou ao Vaticano. A próxima etapa é a nomeação de um relator para a elaborar a “Positio“, volume que resume as provas de que o religioso realizou milagres.

Confira o post feito pela Arquidiocese de Olinda e Recife

 
 
 
 
 
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Servo de Deus 

O atual atual arcebispo de Olinda e Recife, Dom Antônio Fernando Saburido O.S.B. leu o seguinte comunicado assinada pelo Frei Jociel Gomes, OFMCap., vice-postulador da Causa de Dom Hélder no Congresso Eucarístico:

Comunico que foi emitido hoje, em Roma, o decreto de Validade Jurídica de Dom Hélder Câmara, reconhecendo que todos os atos e toda a documentação feitos na Arquidiocese foram aprovados pelo Dicastério das Causas dos Santos.Doravante, solicitaremos a nomeação de um Relator e iniciaremos a elaboração da Positio, que será, posteriormente, analisada pelas comissões de historiadores, teólogos, bispos e cardeais, a fim de que deem os seus pareceres. Com a aprovação destas comissões, o Papa poderá declará-lo venerável“, diz o comunicado do Vaticano.

Dom Fernando Saburido disse no CEN, após ler o comunicado enviado pelo vice-postulador da causa de canonização de Dom Helder, frei Jociel Gomes: Uma grande alegria que encheu os corações e vamos rezar para que o quanto antes possamos ver este processo caminhar e termos no futuro a satisfação de ter Dom Hélder, este grande bispo da nossa Igreja, como um santo, alguém que mereceu o reconhecimento da Igreja pelas suas virtudes, pelos seus valores, sendo um modelo de vida para todos nós.” A notícia foi seguida de muitos aplausos.

Vale recordar que em maio deste ano, um acervo atualizado do arcebispo foi enviado ao Vaticano para o processo de canonização do “Dom da Paz”, que teve início em 2019. O material era composto por manuscritos e transcrições de programas radiofônicos apresentados pelo religioso. Agora, o processo passa por uma espécie de tribunal, que recebe testemunhos de pessoas que o conheceram para ser considerado venerável, e assim será apresentado aos fiéis como um modelo de vida e “intercessor diante de Deus”.

O frei Jociel Gomes foi designado como postulador do caso e se tornou responsável pela investigação da vida do religioso para provar a santidade do Servo de Deus. Por fim, antes de virar santo, é feita uma análise por uma equipe de médicos especialistas que concedem um parecer científico para a constatação de um milagre.

Dom Helder Câmara

Nasceu em Fortaleza, no Ceará, em 7 de fevereiro de 1909, onde foi ordenado padre em 15 de agosto de 1931, além de ter recebido sua ordenação episcopal em 20 de abril de 1952. Em 1964, foi nomeado arcebispo da Arquidiocese de Olinda e Recife, e atuou em Pernambuco até quando veio a falecer, devido a uma insuficiência respiratória decorrente de uma pneumonia, com 90 anos, em 27 de agosto de 1999, no Recife. Os restos mortais estão sepultados na Igreja Catedral Santíssimo Salvador do Mundo, em Olinda. 

Ele foi um dos fundadores da CNBB,  nomeado arcebispo de Olinda e Recife em 12 de março de 1964, cerca de três semanas antes do início do golpe militar que deu início à ditadura no Brasil. Desde então, o religioso estabeleceu forte resistência ao regime, denunciando violações de direitos humanos cometidas pelas autoridades policiais.

Pouco mais de 15 anos após a morte, em 2015, foi aberto o processo de beatificação e canonização do arcebispo, com a autorização da Santa Sé — jurisdição eclesiástica da Igreja Católica em Roma. Neste mesmo ano, o religioso recebeu o título de Servo de Deus, a primeira designação na escala que vai até os santos.

De acordo com Elizabeth Barbosa, membro do conselho curador do Instituto Dom Helder Câmara (IDHeC) que participou da organização dos documentos enviados ao Vaticano ele já é considerado um santo pela população. Ele teve o evangelho na vida. Organizou comunidades, comprou e loteou engenhos para dividir com quem morava nas terras. Tinha preocupação com a fome e com a miséria. Se fosse hoje, estaria na linha de frente contra a miséria e o armamento mundial. Foi um cidadão do mundo e um pastor universal“, afirma.

O testemunho de vida e a opção evangélica preferencial pelos mais pobres oportunizou que o anuncio fosse feito no CEN que contava com a preença do episcopado brasileiro, religiosos, consagrados e leigos, que após terem participado da oração da liturgia das horas na Catedral onde o Servo de Deus está sepultado, os bispos receberam uma cruz peitoral de madeira, réplica da que Dom Hélder utilizava: “Ser pobre para os pobres”.

Uma grande alegria que encheu os corações e vamos rezar para que o quanto antes possamos ver este processo caminhar e termos no futuro a satisfação de ter Dom Hélder, este grande bispo da nossa Igreja, como um santo, alguém que mereceu o reconhecimento da Igreja pelas suas virtudes, pelos seus valores, sendo um modelo de vida para todos nós”, finaliza Dom Fernando Saburido .

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