Formação

O Desejo de Deus e a Revelação de Deus

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Temos em nosso coração uma grande necessidade de sermos felizes e encontrarmos a paz e isto nos faz professar a fé em um Deus, que está vivo que nos sustenta com a sua misericórdia. A partir desta afirmação percebemos que a fé é a resposta do homem a Deus que se revela e a ele se doa, trazendo ao mesmo tempo uma luz superabundante ao homem em busca do sentido último de sua vida. Por isso vamos considerar primeiro esta busca do homem, seguindo a Revelação Divina e finalmente vamos entender a nossa crença em Deus, que é Pai e Criador de todas as coisas.

1. O Desejo de Deus ( Cat. 27 – 43)

O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, uma vez que este é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar. Assim diz o texto da Gaudium et Spes:

“O aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com ele, começa a existência humana. Pois se o homem existe , é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entrega ao seu criador.” (GS 19,1)

No decorrer da história e mesmo na atualidade, os homens têm procurado várias maneiras para a BUSCA DE DEUS. Esta busca acontece através de suas crenças e seus comportamentos religiosos (orações, cultos, meditações, etc). Apesar dos vários caminhos e formas de expressão, podemos concluir que o homem é um ser religioso, pois existe uma necessidade de satisfação interior que só Deus pode suprir. (At 17,23-28.)

2. Eu Posso dizer não a Deus?

Mesmo que se perceba que a ” união íntima e vital com Deus ” é necessária, o homem pode tomar uma atitude de esquecimento ou ignorar esta união e até mesmo rejeitá-la explicitamente. Assim, existem origens diversas de dizer NÃO, tais como:

– a revolta contra o mal no mundo
– a ignorância ou a indiferença religiosas
– as preocupações com as coisas do mundo e com a riqueza (Mt 13,22)
– o mau exemplo dos crentes
– as correntes de pensamento hostis à religião
– e finalmente a atitude do homem pecador que se esconde de Deus(Gn 3,8-10) e foge diante do seu chamado (Jon 1,3).

Como diz o salmista: ” Alegre-se o coração dos que buscam o Senhor ” (Sl 105,3). Se o homem pode esquecer ou rejeitar a Deus, este de sua parte não cessa de chamar todo homem a procurá-lo, para que viva e encontre a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço de sua inteligência, a retidão de sua vontade, ” um coração reto ” , e também o testemunho dos outros, que o ensinam a procurar a Deus.

3. As Vias De Acesso ao Conhecimento de Deus

“Façamos o homem à nossa imagem e semelhança” (Gn 1,26). O homem foi criado para ser imagem de Deus e chamado a conhecê-lo e amá-lo. Deste modo, o homem que procura a Deus descobre certas “vias” para motivar o conhecimento de Deus. Estas por sua vez, não se tornam provas da existência de Deus, como a ciência natural busca, mas são “argumentos convincentes” que permitem chegar a verdadeiras certezas. O ponto de partida destas vias é a criação: o mundo e o homem. Então vejamos:

– o mundo: a partir do movimento, da contingência, da ordem e da beleza do mundo, pode-se conhecer a Deus como origem e fim do universo. (Rm 1,19-20 e At 14,15.17)

– o homem: pela abertura à verdade, com o bom senso do bem moral, com a sua liberdade e a voz da consciência e seu desejo de ser feliz, o homem se interroga sobre a existência de Deus. E nestas aberturas vai percebendo sinais de sua alma espiritual que são sementes de eternidade e começa a perceber que sua alma não pode ter sua origem senão em Deus.

3.1. O conhecimento de Deus segundo a Igreja.

Diz o texto do Concílio Vaticano I : ” A Santa Igreja, nossa mãe, sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser conhecido com certeza pela luz natural da razão humana a partir das coisas criadas “.

O homem recebe de Deus esta capacidade por ter sido criado ” à imagem de Deus “. Com o uso desta capacidade o homem pode acolher a revelação divina e ser iluminado por ela para entender “as verdades religiosas e morais ” a fim de que amadureça na fé, desviando-se assim de qualquer erro que possa levá-lo a um distanciamento de Deus.

4. A Revelação de Deus (Cat. 51 – 67)

Através da razão natural, o homem pode conhecer a Deus, a partir de suas obras. Mas além desta maneira existe outra ordem de conhecimento que o homem não pode atingir com suas forças, é a Revelação Divina. Deus quer se revelar e se doar ao homem, ELE quer tornar conhecido o seu projeto , o seu plano de amor. Quer demonstrar a sua bondade infinita com a humanidade através do envio de seu Filho em prol dos homens, sua obra prima. E com Jesus e o Espírito Santo a Revelação de Deus torna – se plena e completa.

Deus ao revelar-se a nós, supõe que acreditemos no que diz. Isso se chama : Fé. Revelando-nos quem É , revela-nos também seu plano. A Revelação, exige nossa fé, por isso, podemos ter uma informação mais completa desse Plano.

4.1. Deus revela o seu ” projeto benevolente ” :

Deus revela-se ao homem. Vejamos como essa Revelação realiza e plenifica profundamente o homem. Com essa motivação, o Amor, o próprio Deus vai sentir-se realizado ! O amor é o motivo mais profundo porque Deus se revela ao Homem.

Deus, que “habita uma luz inacessível” (I Tim 6,16), quer comunicar a sua própria vida divina aos homens, criados livremente por ele , para fazer deles, no seu Filho único, filhos adotivos (Ef. 1,4 – 5). Ao revelar-se, quer tornar os homens capazes de responder-lhe, de conhecê-lo e de amá-lo bem além do que seriam capazes por si mesmos.

Este projeto tem uma pedagogia própria e ” divina ” . Deus comunica-se gradualmente ao homem. Isto realiza-se através de ações e palavras. Deus prepara o Homem por etapas para receber a Revelação sobrenatural que vai culminar na Pessoa e na missão do Verbo encarnado, Jesus Cristo.

4.2. Etapas da Revelação :

No Antigo Testamento :

a) Desde a origem, Deus se dá a conhecer; Através da coisas criadas, proporciona aos Homens um testemunho de si mesmo, abrindo assim um caminho de salvação para a humanidade desde o começo da sua História.

b) A Aliança com Noé; Depois do dilúvio (Gn 9,9) esta Aliança exprime o princípio da Economia divina para as ” nações ” , isto é, para todos os povos (Gn 10,5).Esta permanece em vigor, até a proclamação universal do Evangelho. Nesta Aliança percebemos que ” desejo ” de Deus é congregar todos os seus filhos dispersos para a unidade (Jo 11,52).
c) Deus elege Abraão; A fim de congregar a humanidade dispersa, Deus elegeu Abraão, chamando-o ” para fora de seu país, da sua parentela e de sua casa ” (Gn 12,1), para fazer dele o pai de uma multidão de nações ” (Gn 17,5). O povo originado de Abraão será o depositário da promessa feita aos patriarcas, o povo da eleição, chamado a preparar o congraçamento de todos os filhos de Deus na unidade da Igreja.

d) Deus forma o seu povo Israel; Depois dos patriarcas, Deus formou Israel como seu povo salvando-o da escravidão do Egito. Fez com ele a aliança do Sinai e deu-lhe, através de Moisés, a sua Lei, para que o reconhecesse e o servisse como único Deus vivo e verdadeiro, Pai providente e juiz justo, e para que esperasse o Salvador prometido. Israel é o Povo sacerdotal de Deus(Ex 19,6), aquele que traz o nome do Senhor (Dt 28,10).

No Novo Testamento:

a) Cristo Jesus ” Mediador e Plenitude de toda a Revelação” Deus revelou-se plenamente enviando seu próprio Filho, no qual estabeleceu a sua Aliança para sempre. Cristo, o Filho de Deus feito Homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai . Nele o Pai disse tudo e não haverá outra Palavra como esta, de sorte que depois dele não haverá mais outra Revelação.

O primeiro bem necessário para o cristão é a Fé. Sem ela ninguém pode ser chamado de fiel cristão. A fé produz quatro bens :

a. Primeiro bem: união da alma com Deus – Pela fé realiza-se uma espécie de matrimônio entre a alma e Deus, conforme se lê no Profeta Oséias : Desposar-te-ei na fé (Os 2,20).

b. Segundo bem: pela fé é iniciada em nós a vida eterna ; A vida eterna não consiste senão em conhecer a Deus (Jo 17,3). Esse conhecimento de Deus inicia-se aqui pela fé, mas é completado na vida futura, quando O conhecermos tal como é , conforme Heb.11,1 ” A fé é a substância das coisas que se esperam”.

c. Terceiro bem: a vida presente é orientada pela fé; A fé ensina todos os princípios do bem viver. Ela ensina que há um só Deus, que fomos criados para a eternidade com o Senhor da vida. Esse conhecimento é suficiente para nos levar a praticar o bem e evitar o mal, pois diz o Senhor : O meu justo vive pela fé (Hb 2,4).

d. Quarto bem: pela fé vencem-se as tentações (Hb 1,23); O mundo nos tenta, seduzindo-nos na prosperidade, ou nos atemorizando nas adversidades. Mas ambas as tentações, vencemo-las pela fé. Ela nos faz crer numa vida melhor, desprezamos os prazeres do mundo e alcançarmos a vitória pela fé, conforme João : Esta é a vitória que vence o mundo, a vossa fé (I Jo 5,4).


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