Formação

O amor entre um rei e uma rainha

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Maria Auristela B. Alves

Desde a infância, certamente, pululam em nossas mentes fantasias e curiosidades acerca da vida dos reis e rainhas: como vivem, o que sentem, o que fazem, quais suas crenças… Neste número, conheceremos um pouco melhor a vida matrimonial do rei Balduíno da Bélgica, conhecido bastante por sua fé em Deus, sua amizade com pessoas santas – como o Cardeal Suenens, o Pe. Daniel-Ange, Verônica O’Brien e Luminosa, uma focolarina –, sua fidelidade ao Evangelho mesmo nos momentos difíceis, por exemplo quando teve de recusar-se a aprovar o aborto, seu encontro com Jesus na Eucaristia diariamente etc.

Merece ser conhecida também sua vida com Fabíola: um amor doce e terno, que toca o nosso coração e nos faz desejar amar nessa medida, segundo o amor de Deus.

O Cardeal Suenens achava que o rei necessitava casar-se e pediu que Verônica O‘Brien o ajudasse a “encontrar” a esposa adequada para o rei. Então, por meio de Verônica, Fabíola entra na vida de Balduíno. Sobre esse momento, o rei dirá: “O contato foi imediato e maravilhoso, e a confiança recíproca”.

O relacionamento deles se estreita e Balduíno afirmará: “Eu amava cada vez mais suas observações e reações, estava cada vez mais convicto de que Fabíola tinha sido escolhida desde sempre pela Santíssima Virgem para ser minha esposa, e eu lhe era infinitamente grato”. Em oração, pede a Jesus por esse relacionamento: “Ensina-me a amar Fabíola, enconrajá-la em aceitar seu ritmo, que não é o meu, sua maneira própria de pensar e organizar. Ensina-me também a respeitar sua personalidade, com todas as diferenças e contradições. Jesus, obrigado por me teres dado esse maravilhoso tesouro!”

O noivado entre eles se dá junto ao santuário de Lourdes. Balduíno escreverá mais tarde, em seu diário espiritual, que na gruta pediu a Nossa Senhora que o fizesse sentir o momento certo de fazer o pedido a Fabíola. Dessa forma, dirá depois: “Eu sabia que Nossa Senhora era uma Rainha e uma Mãe e que ainda tinha um bom número de atribuições, mas eu não sabia que ela era também organizadora de casamentos”.

Toda a Bélgica foi testemunha do grande amor entre o rei Balduíno e a rainha Fabíola. Um amor sempre mais crescente: “Amo Fabíola cada dia mais. Que graça ela é para mim!… O que mais me agrada nela é sua humildade, sua confiança na Santíssima Virgem e sua transparência… Sei que ela será todos os dias um estímulo para amar a Deus cada vez mais”. E num ato de profunda gratidão a Jesus: “Tu removeste o céu e a terra para me dar esta pérola preciosa que é Fabíola”.
O fato de ser um homem público não roubava-lhe o coração, pelo contrário, via na sua posição de rei um dever de “cuidar de seu povo”, por isso, amava a verdade e a justiça, dedicava-se especialmente aos mais pequeninos; era um homem de fé, um fervoroso cristão e no amor de Deus reencontrava o amor de sua esposa e vice-versa: “Plenifica Fabíola com a tua santidade. Que ela viva da tua alegria e da tua paz. Ensina-me a amá-la com a tua ternura. Dá a ela uma vida plena. Que ela se sinta amada com um amor de predileção por ti. Obrigada por teres me dado esse tesouro. Enche-me com o teu amor por ela”.

Num mundo onde o amor humano é freqüentemente atacado, a aliança entre Balduíno e Fabíola mostra que o amor profundo e brilhante ainda é possível e que a prova, longe de esfriá-lo, contribui para fortificá-lo. Um amor real, que comporta alegria, felicidade e, é claro, sofrimentos. Ele, que dissera: “Tenho muito a progredir sempre que encontro uma pequena cruz. Toda vez que não ajo imediatamente é como se não a reconhecesse, não a acolhesse, não a abraçasse quando Jesus vem ao meu encontro. Como eu amaria recebê-lo com alegria e ternura!” E não faltaram sofrimentos também em seu casamento, sobretudo, o de um casal que não pode gerar filhos: “Questionamo-nos muito sobre o sentido desse sofrimento. Pouco a pouco compreendemos que o nosso coração estava mais livre para amar todas as crianças”.

      A vida desse rei que, dia-a-dia, empenhava-se no seguimento de Cristo, doando-se a Ele e aos outros, é verdadeiramente uma evangelização. Que o desejo dele de ser santo encontre-se com o nosso: “Tentem, perseverem nesse esforço de amar com atos. Não desistam nunca. Se vocês o fizerem, verão até as pessoas mudarem em torno de vocês, e todas as noites vocês sentirão uma grande alegria dentro do coração. Tornai-vos construtores do amor”.

Fontes bibliográficas:
Suenens, Cardeal. O amor de um rei por sua rainha. Il Est Vivant, nº especial, Jul/ Ago de 1999.
Moens, Jean-Luc. Balduíno, o segredo do rei. Is Est Vivant, nº 114, Maio de 1995.


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