Formação

A Autoridade do Papa fica de pé

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O episódio ocorrido na noite de Natal deste ano na Basílica de SãoPedro em Roma é, de certa forma, um símbolo dos tempos atuais. O Papa,Vigário de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra, cai. A mitra, símbolo desua autoridade, rola no chão. A férula, que representa a sua missão depastor universal, é derrubada pelo homem moderno, desorientado, confusoe como que fora-de-si. Louca ou não, a jovem de 25 anos que provocou oincidente bem representa o mundo de hoje, que joga por terra aautoridade e as palavras do Romano Pontífice, que, na expressão dagrande Santa Catarina de Siena, é «o doce Cristo na Terra». A jovem élouca? Não sei. Mas sei que o é, e muito, o mundo que rejeita Deus e oseu Cristo para abraçar o vazio e caminhar nas trevas.

Bento XVI se ergue rápido e continua seu caminho. Celebra a SantaMissa, que é o que há de mais sublime sobre a face da Terra, rende overdadeiro culto a Deus e conserva-se em seu lugar, como pastorcolocado à frente do rebanho pelo Pastor Eterno, bispo e guarda denossas almas (cf. IPd 2,25). Na homilia, o Santo Padre cita a regra deSão Bento. Hoje, Bento, aquele de Núrsia, fala pela boca de Bento, oPapa: «Nihil Deo praeponere» – nada antepor a Deus. É a este nossomundo que Bento XVI dirige essas palavras carregadas de verdade. É aesta nossa cultura agnóstica, relativista, pragmática, corrupta,materialista e niilista que o Papa exorta. Cultura que, nas palavras dealguns, se gaba de ser «pós-moderna»… Cultura que rejeita cultivar averdade… Cultura que há tanto deixou de ser cultura…

«Nada antepor a Deus». Bento XVI já havia dito aos bispos da Igreja:«No nosso tempo em que a fé, em vastas zonas da terra, corre o perigode apagar-se como uma chama que já não recebe alimento, a prioridadeque está acima de todas é tornar Deus presente neste mundo e abrir aoshomens o acesso a Deus… Conduzir os homens para Deus, para o Deus quefala na Bíblia: tal é a prioridade suprema e fundamental da Igreja e doSucessor de Pedro neste tempo» (Carta aos bispos, 10 de março de 2009).

Depois da queda, o Papa se coloca de pé e age como se nada tivesseacontecido. Assim tem sido seu pontificado: muitas vezes incompreendidopelos homens, inclusive católicos – e por que não dizer: sobretudocatólicos? -, Bento XVI não desiste de levar a cabo sua missão, comoCristo a caminho do Calvário, a fim de oferecer a Deus a consciênciapura do dever cumprido. Como se nada acontecesse, como seincompreensões, ultrajes e rebeliões, ainda que disfarçadas esilenciosas, não existissem; como se o desprezo a Cristo não lheferisse o coração; como se a recusa de Deus não lhe contristasse aalma, Bento XVI se dirige ao altar da Cruz. Está apoiado na esperançaque não decepciona.

Se a autoridade do Sucessor de São Pedro é jogada no chão peloshomens atuais, isso não significa que ela tenha caído do lugar que lhereservou Deus. Cristo também caiu – e por três vezes -, mas está de pé.Traz, sim, as marcas da paixão, mas está de pé para sempre: “Vi umCordeiro de pé, como que imolado” (Ap 5,6). O Papa está de pé, e comele a Igreja que lhe foi confiada, e assim ficará até a vinda gloriosade Nosso Senhor, que disse: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificareia minha Igreja. As portas do inferno nunca prevalecerão contra ela» (Mt16, 18). «Non praevalebunt» – as forças negativas do mal, ainda quedeixem certas marcas, nunca hão de vencer o Bem, que é Deus. E é Deusquem sustenta na Terra a sua Igreja e o Papa que colocou à frente dorebanho de Cristo!

Padre Elílio de Faria Matos Júnior
Presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana, incardinado naArquidiocese de Juiz de Fora. Atualmente, mestrando em Filosofia pelaFAJE (Belo Horizonte).


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