A parábola do Pai Misercordioso é um retrato fiel damisericórdia de Deus, como são também outras passagens, mas, aqui, Jesusexplicita, de maneira perfeita, o perdão divino. Os cristãos se reúnem paracelebrar a fé e a caminhada rumo à liberdade e à vida, tendo Deus como líder eautor da vida em plenitude para todos. Ele não nos rejeita por sermospecadores. Ao contrário, procura-nos incansavelmente para conosco celebrar obanquete festivo da fraternidade. A Eucaristia é a celebração do amor de Deusem nossa vida: “Esse homem acolhe pecadores e come com eles!” Mais ainda: Jesusnos acolhe em sua casa e se entrega a nós.
Entretanto, a Eucaristia não cessa de apontar as idolatriase os farisaísmos dos cristãos: o fato de comungarmos o corpo do Senhor não noscoloca acima dos outros. Se nos consideramos melhores, certamente Jesus armarásua tenda fora de nossas igrejas e comunidades. Nós não somos os noventa e novejustos que não precisam de conversão. Somos a ovelha extraviada e a moedaperdida. E, talvez, sejamos também “o filho mais velho”, que ainda nãocompreendeu o amor preferencial do Pai pelos marginalizados e pecadores.
São Paulo nos lembra que devemos professar a fé em Cristo,que veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais nós somos os primeiros.
O amor de Deus, como o do pai na parábola do PaiMisericordioso, possibilita nossa volta a Ele. Deus nos ama sem condições eresponde com amor ao nosso desamor. Entender esse amor faz-nos perceber queperdemos nosso tempo e nossa vida quando estamos distantes d’Ele. Perder Deus éperder a vida e o sentido de tudo; é ficar na lama, no vazio, na solidão.
Há sempre festa na casa do Pai quando algum pecador seconverte. E há também uma desproporção incalculável entre Deus e o pecado,entre o que “vemos” em Deus e sua atitude de Pai que acolhe o perdão.