São Paulo diz em sua carta aos Coríntios, que o amor tudo crê, tudo espera, tudo suporta (cf. I Cor 13, 7), Luis Neto e Flávia Burda provam todos os dias deste amor provado e comprovado. Ambos são discípulos da Comunidade de Aliança, mas não são da mesma missão e contaram para o comshalom um pouco de como se conheceram.
“Era 23 de julho de 2013, início da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) no Rio de Janeiro e fui encontrar minha irmã, consagrada da Comunidade de Vida, e o grupo dela. Estávamos nos organizando para irmos ao local da abertura da JMJ e me recordo claramente da Flávia tomando a palavra e se oferecendo para pagar a passagem de ônibus de uma irmã que necessitava. Nessa hora, algo dentro de mim já a admirava, nada com interesse, mas não pude deixar de perceber aquela sulista de cabelos loiros e olhos claros. Naquela mesma noite, tivemos a oportunidade de conversar e nos conhecer, descobri que ela era ovelha de grupo de oração da minha irmã. Passamos todo o evento conversando e convivendo”, conta Luis.
Flávia relata que percebeu que ele era de outra missão, mas que estava junto ao grupo da missão de Curitiba e se aproximou para acolhê-lo. “Nunca imaginava que aqueles quinze dias se transformariam numa longa e duradoura amizade. Ao final da Jornada, trocamos lembranças daquela experiência incrível que tivemos e quando voltamos para as nossas cidades, a amizade permaneceu”.
Entre conversas pelo Facebook e mensagens no celular, a amizade ia crescendo. Em setembro, Flávia foi para Fortaleza, cidade natal do Luis, para o Congresso de Jovens Shalom (CJS).
“Tivemos mais uma oportunidade de aproximação e começamos a trocar cartas. Além das cartas, nos falávamos por mensagem e por ligação. Depois disso, nos vemos nas duas edições seguintes do CJS, em Fortaleza e Salvador. Nessa época, com toda a certeza, já podia chamá-la de melhor amiga. Em junho de 2016, reparamos sentimentos diferentes em nós, mas sem saber com clareza o que era, fomos orientados a nos afastar. Passamos quase 6 meses sem conversarmos, apenas no nosso aniversário, que no caso é no mesmo dia, e no Natal, o que para mim foi decisão feita com dor no coração”, diz ele.
Como eu iria sustentar um relacionamento com 3518 km de distância?
Quando voltaram a conversar, a amizade estava intacta e viram que ela tinha uma força que não vinha deles, mas de Deus. Então, no Réveillon de 2017 para 2018, decidiram dar passos: iniciar uma caminhada de discernimento ao namoro. Se colocaram diante de Deus e das autoridades e em abril de 2018, começaram a caminhada.
“O medo então surgiu em meu coração, como eu iria sustentar um relacionamento com 3518 km de distância? Mas no tempo de caminhada fomos descobrindo que Deus iria sustentar, bastava nossa confiança. Caminhamos por 3 meses e durante esse tempo de descoberta percebi que a voz dos nossos formadores foi eficaz para deixar Deus curar o passado, ensinar, moldar e surpreender. Descobri por meio do silêncio e das orações da caminhada que seria tempo de salvação, e assim é até hoje na minha vida.”, diz Flávia.
Fomos tornando tudo em comum e provando do amor de Deus que não conhece medidas, cálculos e que supera qualquer distância
“No dia 12 de agosto de 2018 fui pedida em namoro da forma mais surpreendente que ele poderia fazer. A partir desse dia, comecei a namorar o homem que eu já conhecia, pois havia cultivado uma amizade em Deus durante o tempo da caminhada. Outras descobertas foram surgindo no tempo do namoro: o conhecimento mútuo, as diferenças que não era somente os sotaques, o choque de cultura, o desafio da distância e a saudade diária. Iniciou-se na minha vida um tempo louco e fecundo, com as viagens e conexões mais incríveis. Eu tinha certeza da vontade de Deus. Fomos tornando tudo em comum e provando do amor de Deus que não conhece medidas, cálculos e que supera qualquer distância”, completa.
Luis afirma que o namoro a distância tem dificuldades como qualquer outro, cheio de desafios, mas eles lutam e aprendem juntos a superá-los. “A saudade é diária, mas quando Deus está no comando, tudo vai sendo conduzido da melhor forma”.
“Nunca tinha experimentado viver um relacionamento baseado na voz de Deus, hoje eu contemplo que belo é o amor humano. Neste tempo, eu aprendo cada dia mais a dividir, compartilhar, ceder, ouvir, pedir perdão, ter paciência, sair de mim, tirar o orgulho e saber lidar com o outro. A cada despedida no aeroporto é uma renovação da nossa decisão para um dia estarmos mais perto. Os frutos da JMJ em 2013 e as palavras do Papa Francisco aos jovens ‘ir contra a corrente’, ressoam até hoje em nossos corações e nos dão coragem para viver aquilo que o mundo hoje desacredita: o amor decidido um pelo outro”, encerra Flávia.