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Você sabe qual é a importância do diálogo em família?

Nessa estrutura humana sagrada, encontramos o real significado da doação, do estar disponível para o outro.

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Nas suas homilias mais recentes, o Papa Francisco tem falado com constância sobre a importância do diálogo e da reconciliação para que a paz seja estabelecida no mundo. Neste tempo de Pandemia, em que a maioria das pessoas está em casa, a convivência familiar aumentou consideravelmente, realidade que dá margem para o fortalecimento dos laços e também para a criação de novos conflitos.

comshalom.org conversou com Raymundo Neto, psicólogo cristão que é pai e lida diariamente com diversos conflitos relacionados à família. Ele respondeu algumas perguntas e as suas respostas demonstram a importância do diálogo em casa, mesmo diante de assuntos mais delicados.

Confira a entrevista, a seguir.

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1. Como psicólogo clínico, como você observa o papel da família na vida dos seus pacientes?

A família tem papel fundamental na evolução do processo de cada paciente. É nessa estrutura que encontramos o real significado da doação, do estar para o outro. Mas, infelizmente, foi perdido o sentido primeiro da família.

2. As famílias têm dialogado menos?

É perceptível que sim. Encontro com facilidade pessoas voltadas muito mais para questões individuais do que para as questões relacionais, dos seus mais próximos, no mínimo. E isso dificulta a possibilidade do diálogo, do interesse no outro, algo fundamental no ambiente familiar.

A família, por circunstância, é o local que efetivamente vivemos as nossas relações primárias. Pai-filho, Filho-pai, Mãe-filho, Filho-mãe, Irmão-irmão, enfim: é o nosso primeiro local de constituição como indivíduos, já que somos seres relacionais.

3. Quais são as consequências que a falta de diálogo na família podem trazer para a saúde emocional da casa como um todo?

Somos constituídos por relações. Nosso desenvolvimento humano é feito a partir das relações. A falta de diálogo na família propicia uma formação insegura, tornando os indivíduos inseguros, sem o mínimo de estrutura para se relacionar fora deste ambiente.

O limite nos estrutura para a percepção da realidade de algo além de nós, e tudo isso é construído no diálogo. Por isso a importância de entendermos, enquanto pais, a responsabilidade que temos frente ao nosso cônjuge e aos nossos filhos, de doar o nosso melhor para o outro. E isso só é possível se meu olhar estiver voltado para ele.

4. Como uma família pode dialogar mais?

Primeiro, e talvez o mais importante: os envolvidos precisam saber de forma clara os seus papéis. O marido tem que entender o seu papel de marido, a esposa de esposa e os filhos de filhos. Essa trama precisa estar bem definida.

E este é o grande problema da atualidade. Por isso é fácil encontrar pais que parecem mais filhos dos seus filhos do que responsáveis por eles. Em seguida, o olhar para fora, para o outro que precisa, e não o olhar para dentro, acreditando que é você quem precisa.

5. Como pai e esposo, como você cultiva momentos em família? Percebe a importância?

Cultivo esses momentos SENDO com eles. Percebo que existe uma certa dificuldade em diferenciar o tempo cronológico e o tempo das relações de afeto. Quando se está com o ser amado o tempo cronológico se perde, não é verdade? Porque, de fato, é algo vivido e não medido.

Ser para a sua família é entregar-se dentro de suas possibilidades, já que (em circunstâncias normais), não estamos com 24 horas de presença física. Mas eles sentem que na ausência, também existe presença. E é nisso que os filhos também serão formados para serem futuros pais e mães presentes, no seu dever ser.

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