Formação

São Carlos Lwanga e companheiros mártires, anunciadores de uma paz real

Esses mártires de Uganda, África, tiveram a tortura compartilhada com outros companheiros, católicos e anglicanos, vítimas das perseguições contra os cristãos, ocorridas no final do século XIX.

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A relação entre os povos africanos e outros povos do mundo era bem conflituosa no passado. Tanto, que talvez tenham sido eles os últimos a receberem o anúncio do Evangelho. Porém, mesmo ali, podemos encontrar grandes testemunhos de fé, mártires que ainda hoje são lembrados e homenageados pela Igreja. É nesse cenário que entram em ação as atividades missionárias de um grande anunciador do Evangelho e seus companheiros de missão, São Carlos Lwanga e seus companheiros mártires. A Igreja faz memória dos testemunhos desses servos no dia 03 de Junho. Afinal, então, quem foram eles?

Servos da Palavra, num ambiente hostil

Foram grandes anunciadores do Evangelho e da Salvação operada em Jesus. A atuação desses servos começou em 1879 na região de Uganda, África. Eram eles eram membros de uma congregação fundada pelo então cardeal Lavigerie.

A primeira e grande dificuldade que esses evangelizadores encontraram foi de mostrar que eles não eram colonizadores, assim, seus interesses não eram por terras, mas pela salvação eterna de suas almas. Pouco a pouco, apesar das suspeitas iniciais, com a paciência e a didática certa, os primeiros nativos africanos começaram a ser evangelizados. Porém, o cenário começou a mudar em 1886, quando Muanga assumiu o poder e foi declarado uma espécie de monarca do Povo. Infelizmente, ele não distinguia bem a atuação dos missionários e dos dominadores europeus. Assim, uma de suas primeiras ações foi justamente acabar com a presença dos cristãos nos territórios comandados por ele.

Um dos servos do rei africano, de apenas 17 anos, chamado Dionísio, foi flagrado pelo próprio rei evangelizando e ensinando os princípios da fé cristã. O Monarca, de próprio punho, feriu o jovem com uma lança. O objeto atravessou-lhe o peito, porém, não o matou subitamente. Esse anunciador da paz agonizou por toda aquela noite. O cruel assassino só permitiu a consumação de seu ato na manhã seguinte, ordenando sua decapitação. Esse requinte de crueldade foi um sinal de advertência de que, de fato, ele estava disposto a mandar matar todos os que falassem a respeito de Jesus.

Frutos da oferta fecunda desse jovem

Depois do triste ocorrido com um de seus discípulos mais jovens, Carlos Lwanga reuniu todos os outros servos que receberam o anúncio de Jesus por meio dele e fez com que orassem juntos. Na ocasião, batizou ainda os que não haviam sido batizados e prepararam-se para o que a providência de Deus os quisesse dar. O surpreendente é que nenhum desses jovens, cuja idade não passava de vinte anos, outros com apenas treze, arredou pé. Estavam convictos de que haviam encontrado em Jesus, o Shalom do Pai, um tesouro que compensaria todo o flagelo que pudessem enfrentar. Foram, então, encarcerados numa prisão em Namugongo, a setenta quilômetros da capital, Kampala.

Era dia 3 de junho de 1886. O rei desenvolveu uma estratégia para não precisar assassinar tanta gente, promover o descrédito de Jesus e seu Evangelho e ainda por cima se passar por compassivo: deu ordens para que apenas Carlos Lwanga fosse assassinado diante de outros fiéis. A ordem foi cumprida, os guardas o queimaram vivo. Entretanto, os planos do rei fracassaram, pois a oferta de Carlos tornou-se, na verdade, o oposto do que o cruel monarca esperava. Seus discípulos tornaram-se ainda mais convictos. No dia seguinte, então, aquelas vinte e duas almas apaixonadas por Jesus foram também cruelmente executadas. A oferta e a morte desses servos tiveram um efeito oposto: soaram como fogos de artifício no céu, que acordaram uma multidão que estava dormindo, indiferente a Deus.

Resultado: os demais cristãos que permaneciam escondidos animaram-se com mais fervor e parresia, professando a fé em Deus e na salvação conquistada por Jesus. Por fim, foram também assassinados com brutais torturas, alguns foram até queimados vivos.

Reconhecimento eclesial e público das virtudes e testemunho de fé desses anunciadores da paz

Essas testemunhas martirizadas por amor e fidelidade a Jesus foram beatificadas pela Igreja em 1920. Carlos Lwanga foi declarado em 1934 o Padroeiro da Juventude Africana. Trinta anos depois, esses servos foram declarados santos pelo Papa Paulo VI.
A admiração e reconhecimento da Igreja para com eles foi ainda mais longe: o Papa consagrou, em 1969, um altar de um santuário edificado exatamente no local onde eles, orientados por Carlos Lwanga, rezavam aguardando a hora de testemunhar sua fé e seu amor a Deus.

Que os testemunhos desses gigantes na fé possam nos encorajar a não diminuirmos em nada nosso ardor na evangelização. Que a intercessão deles nos anime a desenvolver modos ousados e criativos de evangelizar e formar nossos jovens.

São Carlos Lwanga e Companheiros Mártires, rogai por nós!

 


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