Formação

A Busca da Felicidade

comshalom

‘Não existe felicidade e sim momentos felizes’, disse-me Roberto, amigo de infância e que agora regressava de uma longa viagem. Continuamos a conversa relembrando o tempo colegial e as farras de final de semana que nos proporcionou conhecer boa faixa do litoral cearense.

Roberto levou-me ao computador e mostrou-me as fotos de seu último aniversário. Ajeitando-me na cadeira perguntei-lhe por que tantas garrafas de cervejas naquela imagem. Rindo-se me respondeu – percebi – com uma ponta de angústia: ‘um de meus momentos felizes. ’

Daí para frente o papo tomou outro rumo. Roberto com voz arrastada, além do normal, confidenciou-me seu estado de decepção, ‘desde a adolescência alimentava o sonho de morar só, consegui uma estabilidade, viajar meio mundo…e taí…fiz tudo…procurei o que sempre quis, adquiri tudo, ao mesmo tempo me parece que não encontrei nada”.

‘Sabe Roberto, eu não viajei tanto quanto você e nem tive as suas mesmas oportunidades, mas eu descobri o que pode preencher esse vazio…’ Roberto interrompe-me friamente, ‘por favor, eu já sei o que tu vai falar e sabe muito bem que eu N Ã O A C R E D I T O em nada disso cara, por que você insiste nesta ilusão de acreditar em Deus?’

‘Ah! Tá, ilusão o que eu acredito, mas você não acha que ilusão é o que você buscou e encontrando esvaiu de suas mãos como fumaça.’

‘Por isso eu não procuro mais, eu descobri que o importante é o agora Paulo. Não existe um depois, um pra que. Sabe, – encravando as mãos nos cabelos crespos – assim se vive muito melhor. ’

‘Vive é!? Ah! Tu chama isso de vida, cara isso é sobrevida. O problema é que você procurou fora de você e outra você quer culpar Deus…’

Mais uma vez interrompeu-me Roberto, desta vez sacando bruscamente o Mp4 do computador e já de costas disparou: ‘Eu sinto muito Paulo, mais esse papo tu sabe que sempre termina assim. ’

Ao volante Roberto lembrava-se do dia de sua primeira comunhão. Recordou que na sacristia Mons. André, um religioso por quem nutria muita admiração o puxou para o canto e apontando para o crucifixo disse-lhe, ‘sabe Roberto às vezes a vida parece dura demais. O importante é nunca deixarmos de acreditar. ’ Puxando do bolso deu-lhe um cordão com um pequeno crucifixo, o mesmo que agora puxava ao volante e apertava entre os dedos.

Ao chegar a casa encontrou um pequeno livro num invólucro de presente. Abrindo leu aleatoriamente ‘podemos nos enganar facilmente pensando, como a maioria das pessoas, que a felicidade é uma seqüência de alegrias contínuas. É engano comum a busca ávida pela felicidade, tornando absoluto o que é relativo, fazendo dela um substituto de Deus.’

Seria tudo um sinal!
Roberto ainda confuso liga para Paulo e desconcertado pergunta: ‘O que fazer para voltar a acreditar?’

Paulo, resoluto e despontando um sorriso, num fôlego só, comanda: ‘tô passando agora aí, vamos pra um lugar ali.’

Paulo e Roberto estão entre os milhares que já cruzaram o portal do Ginásio Paulo Sarasate a busca da felicidade neste Renascer.

Vanderlúcio Souza – Membro da Comunidade Católica Shalom


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.