A Via Sacra, encenada no Retiro de Semana Santa, nos levou a contemplar todo o sofrimento de Jesus e, enquanto caminhava até o Calvário, a Humanidade Dele se encontrava com a minha humanidade, me fazendo refletir sobre quantas lições de amor que Ele nos deixou.
O Cristo feito homem caiu, e caindo nos falou, mesmo que sem palavras, que aquele não é o nosso lugar, não é o meu lugar. Nas estações em que Jesus caía, eu me via também ali, tropeçando nos meus pecados, nas minhas dificuldades e em tudo o que ainda não é Ele em mim. Quantas quedas, quantos tropeços, quantas misérias.
Olhando as minhas misérias, também pude contemplar a misericórdia de Deus, que não para nas minhas fraquezas, mas justamente por conhecê-las, até melhor que eu mesma, se antecipa em amar, resgatar e curar aquilo que ainda hoje me afasta da vontade Dele.
As quedas do Cristo também me falaram sobre a humildade que eu preciso ter, para a cada queda ter coragem de, com esperança, levantar e tentar novamente, sabendo que não são as minhas forças que me colocam de pé, mas a misericórdia que se derrama do coração de Deus, e alcança todas as áreas da minha vida, mesmo quando eu não entendo, mesmo quando eu acho que não consigo seguir.
Vimos ainda que Jesus precisou de ajuda para carregar a cruz, que era pesada e Ele, ferido. Eu também sou ferida, e preciso de ajuda para carregar a cruz de cada dia. Ver o Cirineu que auxiliou Jesus naqueles momentos de dor me fez pensar nas vezes que eu também fui chamada a ajudar os meus irmãos a carregar as dores deles, e a ser esse consolo no meio das dificuldades.
Pude refletir sobre as vezes que fui Cirineu para o outro, esquecendo das minhas dores e sendo, verdadeiramente, o feliz terceiro que os nossos Escritos falam. Também pensei nas vezes que fui chamada a ajudar, mas as minhas fraquezas me falaram que eu não seria capaz de suportar a dor do meu irmão, já que a minha cruz estava tão pesada quanto a dele. Será que estava mesmo?
O contrário também me fez refletir: quantas vezes eu precisei de ajuda e não pedi por orgulho? Quantas vezes eu deixei de recorrer aos meus irmãos para não “dar trabalho” a eles, em situações que eles com certeza me ajudariam? Quantas vezes eu preferi lutar sozinha, mesmo sabendo que seriam batalhas perdidas? Muitas.
O Amor nos amou de uma forma tão perfeita que não mediu esforços para ser um conosco, assumindo uma humanidade que O fez sofrer, para nos salvar da morte, e com humildade aceitou todas as humilhações a que foi exposto, as quedas, as perseguições, as cusparadas e todas as dores físicas que sentiu, por amor, sempre por amor.
Que o amor possa ser também o combustível para vivermos todas as lutas das nossas vidas, sabendo que Deus nos amou até o fim, e Sua Humanidade encontra a nossa todas as vezes que, com humildade, nos deixamos encontrar por Ele.
Aline Rodrigues, Comunidade de Aliança
Missão de Natal