Saulo nasceu em Tarso, hoje Turquia, e desde cedo foi educado em Jerusalém, onde seguia a religião judaica, segundo a tradição dos fariseus. Temente a Deus, era estudioso das escrituras e buscava glorificar ao Senhor, porém, não conhecendo-O verdadeiramente criou ojeriza aos cristãos, a quem perseguia com veemência.
Obstinado a expulsar os cristãos de Jerusalém e seus arredores, Saulo programou uma viagem a Damasco e, antes de partir, solicitou ao sumo sacerdote autorização para prender quaisquer cristãos que encontrasse pelo caminho, o que lhe foi concedido e fez espalhar a fama de Saulo como algoz entre os cristãos.
Contudo, não sabia Saulo que esta viagem mudaria o rumo da sua vida, pois foi nela que se manifestou o Senhor por meio de uma luz que o envolveu, fazendo-o cair do cavalo e de onde se escutava a voz de Deus que o questionava: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9, 4)
A cegueira de Saulo
As palavras de Jesus puderam ser ouvidas não só por Saulo, mas também pelos que o acompanhavam em sua empreitada. A manifestação de Deus foi tão forte que penetrou no íntimo da alma de Saulo, como um véu que é desnudado. A voz continuou: “Agora, levanta-te, entra na cidade e, ali, te será dito o que deves fazer” (At 9, 6). Saulo abriu os olhos, mas não conseguiu enxergar coisa alguma.
Os homens que o acompanhavam ficaram pasmos com a visão do clarão e a voz de Deus, levantaram Saulo e o conduziram até a cidade de Damasco, onde passou três dias sem enxergar. Neste período, não comeu nem bebeu até que chegou o discípulo Ananias que, atendendo a um chamado do nosso senhor, impôs as mãos sobre Saulo, orou sobre ele e dos seus olhos caiu como que escamas, fazendo com que Saulo recobrasse a vista.
Após a sua conversão, Saulo, também chamado Paulo (Atos 13,9), foi batizado por Ananias de Damasco e por três anos viajou para Jerusalém, onde se encontrou com Tiago, o Justo, e ficou com Simão Pedro por quinze dias, conforme ele descreve em Gálatas.
A cura da cegueira de Saulo, para além da própria visão, curou-o do próprio do coração. Mostrou-lhe a verdade, que somente é manifestada pelo próprio Deus, converteu o seu coração e passou a anunciar o evangelho entre os gentios, convertendo a muitos corações tal como anunciou o Senhor a Ananias.
Frutos da conversão
A conversão de Paulo mudou radicalmente o curso de sua vida. Foi grande a ação do Espírito Santo que todos chamava a atenção. Aos judeus, que não compreendiam a cura da sua cegueira espiritual e passaram a persegui-lo, e aos cristãos, que temiam ser falsa a sua conversão, como um ardil para capturá-los.
Até o ano de 62, Paulo escreveu suas epístolas, das quais treze conseguiram sobreviver: 1ª e 2ª aos Tessalonicenses, aos Gálatas, aos Filipenses, 1ª e 2ª aos Coríntios, aos Romanos, a Filemon, aos Colossenses, aos Efésios, 1ª e 2ª aos Timóteo e aos Hebreus. Nas epístolas, São Paulo trata da doutrina, da ética cristã e da organização da Igreja. (Na Bíblia, as Epístolas seguem-se aos Evangelhos e aos Atos doa Apóstolos).
Porém, uma coisa é certa, por onde quer que fosse, Saulo cumpriu com a missão de anunciar o evangelho, o que fez não só nos templos judaicos, mas em terras pagãs. A festa de São Pedro e São Paulo, da Igreja Católica, é comemorada em 29 de junho, o que pode refletir uma data tradicional para o seu martírio, quando foi preso em Roma e, por fim, decapitado na época do imperador Nero.
Brígida Almeida,
Obra Shalom