No caminho da vida e, especialmente, a partir do encontro com os místicos do Carmelo, todos apaixonados pelo mistério da Santíssima Trindade, comecei a compreender e considerar a Santíssima Trindade com olhos novos e coração de amor. Hoje vivo neste mistério silencioso e amando os meus Três, que ocupam todo o espaço do meu ser e me fazem sentir feliz e contente. Desde que encontrei esta verdade, sempre velha e sempre nova, não sei mais o que é a solidão. Como nós somos felizes através do Batismo! O mistério de Deus nas suas divinas Três Pessoas vem em nós habitar e em nós fazer a sua tenda, a sua morada preferida. Deus, tomando posse, jamais poderá ser exilado por nada e ninguém, porque, como recorda João da Cruz, Deus nunca abandona a alma humana, nem quando ela comete pecado mortal (C 1,8). Caminhemos com as leituras bíblicas para que possamos saborear melhor esta alegria de sermos amados pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Interroga e verás que não há Deus maior
Este é o primeiro discurso de Moisés no Deuteronômio. Ao primeiro encontro, nos parece um Moisés que está cansado, quem sabe até triste, por ver o povo de Deus se afastar de Verdadeiro Deus em busca de idolatrias. Mas, na verdade, o discurso é forte e corajoso e coloca o povo “contra a parede” para que tome consciência de que não há Deus maior que o nosso Deus. Recorda para o povo com grandes pinceladas os fatos salvíficos da sua História: escravidão no Egito, libertação, um Deus que ama e que só deseja uma coisa: a plena felicidade. Nós sabemos que todos os prodígios que Deus faz são obras das Três Divinas Pessoas. Tudo é trinitário, desde o Sinal da Cruz aos sacramentos e ao anúncio do Evangelho. E nós somos mergulhados neste amor trinitário. A promessa de Deus é bonita e grande: “Observa os mandamentos para que você seja feliz.” Somos felizes quando temos Deus dentro de nós.
O Espírito testemunha que somos filhos de Deus
É interessante notar como Paulo Apóstolo, especialmente nos seus hinos, sempre faz menção às Três Pessoas Divinas: louva o Pai, o Senhor Deus Todo-poderoso por Jesus Cristo e pelo Espírito Santo. Não devemos nos deixar impressionar pela palavra “Trindade”, que é dos primeiros séculos do Cristianismo, mas sim pelo seu conteúdo. O que importa não é a palavra, mas sim a certeza de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo agem no coração de cada um de nós, “neles nós somos e nos movemos e vivemos.” Nada pode ser feito sem a cooperação harmoniosa das Três Pessoas Divinas. Somos filhos de Deus, porque fomos consagrados no Batismo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Ninguém envia a si mesmo, somos enviados
Nesta celebração festiva, a Igreja nos oferece como texto do Evangelho o envio, por parte de Jesus, para anunciar a Boa Nova, que Deus é amor, a todos os homens e mulheres. Ninguém pode ficar fora do anúncio e ninguém pode ser excluído do anúncio. Toda pessoa que ama, que se converte, que acolhe Deus é nosso irmão na fé, independente da raça e do lugar. Se Deus é o Senhor da terra e do Céu, é muito mais da humanidade. Como é belo, portanto, viver esta realidade amorosa na nossa vida. Não somos nós que anunciamos, é a Trindade Santa que anuncia em nós. Entre nós, batizados, e a Santíssima Trindade é selada uma aliança, que cresce na medida do nosso sim a Deus. Façamos do nosso coração o templo vivo da Santíssima Trindade e quando nos sentirmos acuados pelas tentações ou esvaziados do sentido da vida, encerremos dentre de nós, onde habitam os Três, a alegria e a força para retomar o caminho do anúncio da Boa Nova.
