Formação

A Igreja Católica – Como tudo começou?

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Artigo publicado na Revista Shalom Maná

Você conhece a origem da Igreja Católica? Sabe de que forma Jesus a instituiu? Compreende a sua finalidade? Temas como estes são afrontados muitas vezes de forma extremista ou muito superficial, como foram algumas teses difundidas no inicio do século XX que tentavam convencer que a Igreja derivava da experiência dos discípulos com o Cristo Ressuscitado, mas não das palavras e das obras de Jesus.

Assim como a revelação de Deus aconteceu na história, com a Encarnação do seu Filho, também o acolhimento da mesma manifestação divina percorre um caminho histórico iniciado por Jesus Cristo: a Igreja enviada para difundir a boa nova até os últimos confins da terra. Por este motivo, é indispensável que cada cristão conheça bem a história da Igreja, senão será como o membro de uma família que não sabe nada sobre a própria proveniência.

Para uma analise histórica sobre a origem da Igreja, precisamos partir do povo de Israel ao qual Jesus se dirigiu por primeiro: A escolha de Israel tinha em si a intenção de preparar o envolvimento de todos os povos, podemos constatá-lo já na promessa que Deus faz a Abraão em Gn 12,2-3 e 15,5-6, quando diz: “Em ti serão abençoadas todas as famílias da terra”; também os profetas anunciavam a integração dos outros povos, como a famosa promessa que Deus fez por meio de Isaías sobre a peregrinação das nações ao monte Sião (Is 2,1-5). No centro da ação de Jesus está a mensagem da proximidade do reino de Deus (Mc 1,15), mas o anuncio do reino de Deus e a vinda o Filho de Deus à terra já é a realização de tal promessa, presente e operante, ainda que a sua realização plena se dará na Parusia.

Portanto, a fundação da Igreja foi preparada nas palavras e obras de Jesus, mas também pela escolha de pessoas concretas: Jesus “constituiu Doze, para que ficassem com ele, para enviá-los a pregar, e terem autoridade para expulsar os demônios” (Mc 3,14). Este fato não pode ser negado nem cancelado. Somente eles, os Doze, são mencionados nas narrações da Ultima Ceia, onde Jesus estabelece a Nova Aliança realizada no sacrifício da Cruz. Os Doze recebem uma missão especial de representar o próprio Cristo (Mt 10,40; Lc 10,16), e aqui está a origem do termo grego “apóstolos”, que significa “enviado”. Segundo a ideia jurídica hebraica, o enviado de uma pessoa é considerado como aquele que o envia. Portanto, Jesus institui os Doze, para, também através deles, permanecer conosco até o fim dos tempos.

Aos apóstolos Jesus deu a missão de realizar o sacrifício eucarístico: “Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19; 1Cor 11,25), de perdoar os pecados – uma ação reservada somente a Deus – (Jô 20,22), o poder das “chaves” (ligar e desligar) (Mt 18,18) e de fazer discípulos Seus, por meio do Batismo, todos os homens de todos os povos (Mt 28,16-20); e entre os Doze, uma missão especial e decisiva é confiada a Pedro (Mt 16,13-19; Lc 22,31s; Jô 21,15-17; 1Cor 15,2-5).

Jesus muitas vezes compara a Igreja a uma casa ou a um rebanho (Mt 16,18; 21,42; 26,31; Jo 10,16; 1Cor 3,11; 9,7), mas a construção desta “casa” precisa de um fundamento de pedra, enquanto um rebanho não pode existir sem um guia autorizado, e já aqui podemos ver a importância do ministério petrino e de toda a hierarquia apostólica.

Como vemos, a fundação da Igreja é um fato totalmente acessível a qualquer ciência histórica, ela foi querida por Jesus como uma comunidade histórica e visível, com uma organização bem precisa que implica a função de guia. Mas a Igreja é também um mistério, que deve ser acolhido na fé, mas um mistério que se torna visível nos seus membros e na sua organização externa; ela é “em Cristo como um sacramento, ou sinal, o instrumento da intima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano” (LG 1). Através da Igreja, o Senhor quer que todos os homens participem da sua vida divina, mas também da sua morte na Cruz e da sua ressurreição gloriosa. Com a Igreja e nela, o Senhor Jesus permanece presente e continua a manifestar-se na história.

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