Um animal precisa comer, um animal precisa beber, um animal precisa dormir. Com mais algumas coisas, ele terá uma vida plena, tanto quanto sua natureza permite.
Você precisa comer, você precisa beber, você precisa dormir. Só que você precisa de muito mais do que isso para ter uma vida plenamente feliz.
Você tem uma alma, e isso significa uma natureza mais ampla do que qualquer animal, com possibilidades infinitamente superiores e também desejos muito mais profundos em todas as direções.
Entre as características que chegam até nós por termos uma alma está a capacidade de nos maravilharmos ao descobrimos e experimentarmos coisas novas, uma felicidade de poder receber algo que não é comida, bebida ou dinheiro, mas que tem um significado valioso. E a coisa mais valiosa a se conhecer é o conhecimento de Deus, da sua Boa Nova, a história de nossa salvação.
O Natal é uma parte dessa história, e uma das que mais encanta por conta de seus símbolos.
Podemos ver por exemplo alegria de um nascimento, a inocência de uma criança, a pureza de uma virgem chamada Maria, o zelo de um pai chamado José, a ternura de quem pega no colo um recém-nascido envolto em faixas, a generosidade de quem leva presentes a outros que estão necessitados.
Esses símbolos já fazem sentido e trazem uma abertura de coração até mesmo para quem não é religioso. Aí está o que acabam chamando de “magia do natal”. Não se trata de magia, se trata da escrita Deus que os homens ainda não sabem ler completamente, escrita através de símbolos.
Esses símbolos são colocados de forma muito clara pelo próprio Deus ao inspirar as narrativas sobre o Natal nos evangelhos. Pois nós precisamos de símbolos para mergulhar nesse conhecimento das Verdades mais profundas do universo, e que estão além do que os nossos olhos materiais podem ver. Aqui em especifico podemos ver que o Amor é algo que existe, e que é próximo, vindo habitar nesse mundo e se revelar a cada um de nós.
No entanto, os nossos olhos modernos estão como que viciados a só ver aquilo que é material e que está diante deles sem beleza e sem profundidade do que Deus nos fala, sem a alegria que a nossa alma anseia. Muitas vezes, passamos datas especiais da nossa história de salvação sem ter nenhum novo aprofundamento no mistério que está diante de nós, perdendo um tempo tão precioso que se chama hoje, que vai e não volta.
De modo especial nesse 2020 quantos de nós não passamos pela Quaresma, Páscoa, Pentecostes, distantes das celebrações litúrgicas, mas também dentro de nossas casas com nossos corações distantes do mistério que a Igreja vivia? De fato, como se fosse um ano perdido.
No entanto, voltar às missas e estar presente em celebrações nesse advento não é uma garantia de mergulhar nos mistérios, pois o nosso coração precisa ser motivado frequentemente a entrar no mistério, justamente por meio dos símbolos. É preciso cooperar com a Graça que deseja vir até nós, dispor nosso coração para buscar, e assim como Jesus recomenda, bater à porta para sermos ouvidos.
Seja sincero e pense. Quando você começa a respirar o clima do Natal semanas antes, ele não é muito mais especial do que quando você simplesmente percebe que já é dia 23 de dezembro e diz: “nossa, o Natal já é depois de amanhã e eu nem vi”?
Nesse ano seremos tentados a isso, a esquecer que o Natal está chegando, como se tivesse sido um feriado adiantado no meio do ano, e sermos surpreendidos despreparados quando ele chegar. Quem pouco está preparado, pouco poderá colher.
Para vencer esse perigo é necessário buscarmos então os símbolos que cultivam em nós a expectativa pelo Natal, deixar com que cresça a santa ansiedade por algo que está chegando.
Entre os símbolos mais clássicos que podemos ter em nossas casas estão:
A coroa do advento, que assim como um relógio marca a passagem do tempo contado os dias para que chegue a tão esperada data.
O presépio que nos faz termos uma cena bem clara da história que comemoramos.
Os ícones que nos abrem as portar para vermos parte do céu.
A árvore de Natal recheada de enfeites, um símbolo de Cristo que é Arvore da Vida e traz os seus frutos de santidade até nós.
As velas, que chamam a atenção para a Luz maior que está chegando, aquele que diz “Eu sou a luz do mundo, quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida”. E que chega iluminando as nossas vidas.
Nós, que somos vasos de argila, precisamos nos motivar de todas as formas para aproveitar esses únicos instantes que temos diante de nós chamado hoje. Ainda mais quando o hoje é marcado por um mistério capaz de transformar a nossa vida.
Jorge Alberto
Obra Shalom