Camila: Fernando e eu nos conhecemos em 2013 no Discipulado de Quixadá-CE, Casa de Formação da Comunidade de Vida Shalom. Ingressamos na Comunidade em 2012 e na época vivíamos o Celibato Formativo, que é um período em que nos abstemos de escolhas quanto ao nosso estado de vida, a fim de primeiro amadurecermos vocacionalmente, espiritualmente e humanamente e fazer crescer o amor e a escolha por Deus e pelo Carisma.
Nesse ano de formação, não éramos próximos, não existia uma amizade. Eu o admirava como um irmão sempre dedicado e disponível aos outros e ao serviço. Ao fim do primeiro ano de discipulado na Casa de formação, fomos enviados para Fortaleza, ele para a casa do Condomínio Espiritual Uirapuru (CEU) e eu para a Casa da Paz. Neste segundo ano de discipulado (D2), começamos a nos aproximar porque as circunstâncias eram comuns: eventos, retiros, o caminho para consagração.
Na amizade, algo a mais
Fernando: Sempre nos encontrávamos nos eventos da comunidade, então passamos a ficar mais próximos e como éramos do mesmo ano de discipulado às vezes partilhávamos da nossa missão. Com o passar do tempo, fui percebendo que não era só uma amizade, havia algo a mais, uma admiração a mais.
Camila: No fim do D2, percebi um sentimento diferente pelo Fernando e comecei a dialogar sobre isso com minha formadora pessoal e minha formadora comunitária. Não quis acolher a princípio, pois receava não conseguir discernir livremente meu estado de vida. Porém, Deus tem seus caminhos e sempre nos surpreende e justamente por causa do sentimento que surgiu, Deus pode trabalhar em mim um autêntico e concreto caminho de cura e liberdade interior.
Discernindo o estado de vida
Fernando: Eu não pensava que iria me apaixonar pela Camila, porque achava que seria padre. Na minha visão, o único meio para eu ser santo era o Sacerdócio e quando comecei a conhecer um pouco da vida de alguns santos, como Santa Zelia e São Luis Martin, os pais de Santa Teresinha do Menino Jesus, Deus abriu meus olhos para o caminho do Matrimônio.
Camila: Um fato nesse processo do discernimento e ofertas, foi uma partilha do Fernando sobre o sacerdócio que mexeu bastante comigo, mas minha atitude foi, sem medo, me afastar instantaneamente dele, porque sabia que eu poderia prejudicar seu discernimento.
Foi um caminho de conhecimento mútuo, mas também de muitos sacrifícios, renúncias, esperas, confiança, abandono nas mãos de Deus. Acredito que Deus nunca quis somente minha entrega por palavras, mas me deu oportunidades de renunciar muitas vezes minha vontade e desejos por amor a Ele concretamente. Foi essa a via que Deus me deu e me fez crescer ainda mais no Amor Esponsal.
Com o tempo, Deus foi clareando Sua vontade no meu coração sobre o estado de vida do matrimônio. A formação pessoal e comunitária foram luzes importantes para retirar as confusões e descrenças que surgiram.
“Eu sempre me via incapaz de viver este chamado de amor. Tentei fugir e convencer-me do contrário, mas o Pai me conduziu”.
Caminhada e namoro
Fernando: Estreitamos a nossa amizade e percebemos um sentimento mútuo um pelo o outro, a partir daí começamos a trilhar uma caminhada de discernimento para o namoro, para nos conhecermos melhor e crescermos na amizade. Foi uma experiência muito boa porque eu nunca tinha vivido um processo assim, pude conhecê-la melhor e rezar juntos, viver um caminho santo.
Camila: Nossa caminhada foi um período de crescimento maior na amizade. Durou seis meses e no dia da Mãe Rainha, 22 de agosto de 2016, começamos a namorar. Todo este processo foi para mim uma grande experiência de filiação com o Pai. E ainda durante esses 2 anos e 10 meses de namoro, o Pai nos tem conduzido e animado a prosseguir. Percebo que a escolha do Pai por nós faz do nosso namoro o lugar de amadurecimento humano e espiritual, faz desejar as virtudes, o amor, o abaixar-se, a misericórdia.
Desafios e graças
Fernando: Hoje namorando há 2 e 10 meses colho muito mais graças do que desafios, os desafios são os de querer estar mais perto, de ter que ofertar alguns momentos juntos com ela e as graças são incontáveis como rezar mais, ter alguém que me leve pra Deus, poder anunciar com nosso namoro Jesus através de pregação e na própria evangelização.
Camila: Existem desafios reais: as diferenças, contrariedades, a busca da santidade comum, mas em tudo isso, tenho feito a experiência que desde o início São Bernardo de Claraval nos indicou: amo porque amo, amo para amar. É uma experiência forte de liberdade e simplicidade. Sendo quem eu sou, ele me acolhe, me ama e me perdoa muitas vezes (porque eu erro bastante). Sendo quem ele é, eu o acolho, o amo e o perdoo.
Por fim, vemos com alegria se delineando a cada dia mais a missão do nosso caminho de namoro: ser profecia, ser sal, ser luz para os tempos de hoje. Que Deus abençoe os casais que trilham este caminho e todos aqueles que desejam fazer a vontade de Deus por esta via!
Camila Caetano e Fernando Pedrosa
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Lindo testemunho… Os conheço e sempre que os encontro são sinais do amor de Deus.