Era manhã. Ela colocou-se diante de Deus. Lembrou-se da exortação que a passagem bíblica a fizera: sede transparente. “Na frente do trono, havia um mar de vidro cristalino.” E dizia para Deus: Dá-me a graça de perdoar. Reconheceu ali que havia relação. Que feria e era ferida. Que agia diferente do esperado com Ele e que Ele também agia diferente do que ela esperava.
Ela estava, como os discípulos de Emaús, decepcionada com Deus. Esperava algo diferente do que recebeu. Mas naquela relação, ao se expor, descobriu como a transparência e a verdade eram necessárias. Descobriu que precisava dar mais. Entendeu que precisava perdoar. Sim, era preciso perdão. Relações exigem perdão. Viveu ali a sua experiência de ver-se ferida por Deus e de saber que era necessitada de se reconciliação para seguir em frente. Ele era a Luz a iluminá-la. Pediu a Ele a graça de perdoá-lO para seguir em frente.
A lógica do Céu apresentou-a o dom do perdão como via para amadurecer a sua relação com o Pai. Ela chorou. Doía ir diante do Rei e pedir a Ele a graça de perdoá-lO. Ele que dá tudo e que é a fonte de toda a graça. (Ela sabe que o perdão abre os tesouros da graça…). Ela sabe que dói, mas quis decidir-se por Ele, de novo.
Para ir ao encontro do Pai ela precisaria deixar o orgulho, as feridas e a dor. Ela precisava deixar as lágrimas rolarem. Precisaria estender a mão para pedir a graça de perdoar.
A partir daquele encontro, ela descobriu: não há outra via. Chorou outra vez. Viveu. Reviveu. Ela sabia que o Poderoso já fez muito em sua vida (e fará muito mais…). Sabia também que precisará se reconciliar outra vez. Outras vezes. Secou as lágrimas. Olhou novamente para o seu Amado com a cumplicidade própria de quem sem dizer, diz tudo. Sorriu. Deram as mãos e novamente retomaram a caminhada de amor.
Em seu corpo, ela era a mesma. Mas por dentro, jorrava algo novo. E assim como os discípulos de Emaús que reconheceram a Verdade, ela voltou a caminhar. Não mais seguiu para a aldeia de outrora: os caminhos se fizeram novos. Agora ela não sabe ao certo para onde vai.
Mas tem uma certeza: agora ela sabe quem está ao seu lado. E Esse sabe aonde vai.
Assim seguem eles, caminhando, conversando, construindo relação. A vida se fez nova outra vez.