A virtude essencial para a vida cristã e para o exercício dos carismas é a obediência. Devemos vivenciá-la também a exemplo de Cristo “que não veio ao mundo para fazer sua vontade, mas a vontade daquele que o enviou” (Jo 5, 30b).
A obediência sincera mostra que buscamos a vontade de Deus e desejamos nos deixar conduzir pelo seu Espírito, pois não queremos dirigir por nós mesmos a nossa vida particular, nem muito menos o povo de Deus. Reconhecemos pela obediência, a exemplo de Cristo, que a nossa vontade é vã, comparada com a vontade suprema de Deus.
Reconhecemos que a nossa capacidade e experiência humana, por mais ricas que sejam, não se equiparam jamais à riqueza da vontade de Deus. Desconfiamos sempre de obedecer à nossa voz e ao nosso direcionamento por mais bom senso que expressem, porque sentimo-nos infinita e unicamente seguros somente na mão de Deus. Por mais que sua vontade se divorcie da nossa, é a vontade de Deus que deve sempre prevalecer.
A obediência nos abre à ação do Espírito Santo
A obediência nos leva a um caminho constante de purificação da busca de nós mesmos e nos abre fortemente à ação do Espírito Santo, segundo os seus desígnios. A obediência verdadeira nos leva a uma submissão profunda a Deus através da Sua Igreja e nos torna canais aptos para ser usados poderosamente para o Senhor.
“Se obedecerdes os mandamentos que hoje vos prescrevo, se amardes o Senhor, servindo-o de todo o vosso coração e de toda a vossa alma, derramarei sobre a vossa terra a chuva em seu tempo, a chuva do outono e da primavera e recolherás o trigo, o teu vinho e o teu óleo; darei erva aos teus campos para os teus animais, e te alimentarás até ficares saciado” (Deut. 11, 13-15).
Devemos exercer a obediência responsável, que implica liberdade saudável de expor sinceramente o seu ponto de vista sempre à luz do Senhor, e de estar disposto a acolher o discernimento final das pessoas responsáveis ou as autoridades constituídas pois “a sabedoria que vem de cima, é primeiramente, pura, depois pacífica, condescendente, conciliada, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento. O fruto da justiça semeia-se na paz para aqueles que praticam a paz” (Tg 3, 17-18).
O batizado já não se pertence a si mesmo
Assim nos diz o Catecismo da Igreja Católica n. 1269: “Feito membro da Igreja, o batizado já não se pertence a si mesmo ( I Cor 6, 19), mas a Cristo que morreu e ressuscitou por nós ( II Cor 5, 15). Portanto, está chamado a submeter-se aos demais (Ef. 5, 21; I Cor 16, 15-16), a servi-los (Jo 13, 12-15) na comunhão da Igreja, e a ser “obediente e dócil” aos pastores da Igreja (Hb 13, 17) e considerá-los com respeito e afeto (I Ts 5, 12-13). Pelo batismo nos submetemos ao Senhorio de Jesus Cristo, portanto toda a nossa vida cristã possa ser vivida na obediência a Jesus Cristo e às autoridades constituídas por Ele.
Usar os carismas na humildade e obediência, harmonia e ordem, longe está de desencorajar ou impedir os esforços necessários para a abertura confiante e plena à ação do Espírito Santo e à manifestação dos carismas, como o próprio São Paulo nos exorta: “Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para a edificação da Igreja (I Cor 14, 12).
Dons gratuitos de Deus
Resumindo de maneira superficial tudo o que vimos sobre os carismas, podemos dizer que os dons carismáticos são dons gratuitos de Deus, que não dependem dos nossos esforços e méritos pessoais e que são dados a todos os batizados, pelo poder do Espírito Santo, para a edificação do Corpo Místico de Cristo.
Sabemos que o Espírito “sopra onde quer” e “como quer”, e que jamais poderemos limitar sua ação. Somos plenamente conscientes que Ele pode ultrapassar os dons relacionados na própria palavra de Deus, pois Ele é uma fonte inesgotável de graças. Ele está sempre atento às necessidades de seu povo, para supri-las da forma mais plena, com intenção de aproximar cada vez mais o homem do seu Criador. No entanto, iremos restringir nossos estudos sobre os dons àqueles que São Paulo relaciona em sua primeira carta aos Coríntios:
“Há diversidades de dons, mas um só é o Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do espírito para proveito comum. A um é dado pelo espírito uma palavra de sabedoria, a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo espírito; a outro a fé, pelo mesmo espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz” (I cor 12, 4-11).
Dons Efusos do Espírito Santo
Dons do Espírito Santo: Dom de Línguas
Dons do Espírito Santo: Dom de Ciência
Dons do Espírito Santo: Dom de Profecia
Dons do Espírito Santo: Dom de Sabedoria
Dons do Espírito Santo: Dom de Cura
Dons do Espírito Santo: Dom da Fé