Abordo um aspecto fundamental da Palavra de Deus: a função de educar-nos na fé. A pessoa humana tem sempre diversos questionamentos de cunho existencial, como a origem e a finalidade de nossa existência, o Transcendente e nossa relação com Ele e com os nossos semelhantes…
A verdadeira e definitiva resposta a tudo isso encontra-se na Palavra de Deus. Por que existo? Em primeiro lugar, porque o próprio Deus existe e me relaciona com a sua vida. Ele me conhece e me ama desde toda a eternidade e, por isso, quis que eu existisse no tempo. São tantos os sinais de que Deus nos fez para Ele, a fim de que, ao buscá-lo, o pudéssemos encontrar! Se temos uma inteligência racional e uma vontade livre, é porque participamos, embora em grau limitado, dos mesmos atributos dAquele que é o Ser Absoluto, a Sabedoria Eterna,jamais condicionada ou determinada por nada nem por ninguém.
Nossa busca de Deus nos impele a encontrá-lo e, consequentemente, a dialogar com Ele. A maioria dos Salmos se abre nesta perspectiva: “É bom louvar ao Senhor e cantar Salmos ao vosso nome, ó Altíssimo” (Sl91[92],2). Além disso, sendo Deus o próprio Amor, tudo o que somos e o que temos não está destinado à apropriação, mas à abertura ao outro, no dom de si mesmo.
“Toda a Escritura é inspirada por Deus, útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (2Tm 3,16). A leitura frequente e meditada da Bíblia nos orienta em todas essas dimensões. A função de ensinar, própria dos Pastores da Igreja, não seria possível sem o instrumento mediador, que é a Palavra de Deus. De outro modo, o que se comunicaria aos fiéis? Um pensamento apenas racional e, ainda por cima, subjetivo? Qualquer ideologia ou sistema filosófico adotado, certamente, nos aprisionaria a este mundo e não motivaria ninguém a ultrapassar os próprios limites.
Mas, Jesus veio trazer a Palavra do Pai, sob a forma de lições de amor e vida, que nos conduzem ao caminho da felicidade: “Eu sou a Verdade” (Jo 14,6). Não veio nos ensinar “verdades”, mas a Verdade única e total. Ao iniciar a sua última semana entre nós, Ele afirmou, categoricamente: “Eu vim ao mundo para dar testemunho da verdade” (Jo18,37). Disse isso frente a Pilatos, que o condenou covardemente, mediante falsos testemunhos, em desacordo com a seriedade da leiromana. Mas, pela sua Ressurreição, Jesus nos garantiu a certeza absoluta e definitiva da eternidade feliz, isto é, a morada na casa doPai, em clima de completa felicidade perene.
Com o auxílio e a inspiração do Espírito Santo, seus discípulos empreendem a sempre renovada missão de tornar a Verdade compreensível para todos os povos, nas diversas etapas da história humana. Tudo começou com os Apóstolos, dentre eles o convertido Saulo de Tarso, nosso grande São Paulo que conhecia, profundamente, os textos da Antiga Aliança. Mediante a experiência pessoal que teve com o Senhor, ainda na estrada de Damasco, e depois no deserto da Arábia, chegou à plena interpretação do conteúdo daqueles textos. Passou, então, a anunciar a Palavra de Deus com uma competência e inspiração jamais igualadas, tornando-se o grande teólogo do Novo Testamento e o maior evangelizador e missionário de todos os tempos.
Quantos de nossos irmãos aderiram totalmente à Sagrada Escritura! Lendo e meditando-a, chegou ao discurso de Jesus sobre a Eucaristia, no Evangelho de São João (cf. Jo 6). Eis a cena: Jesus começou a falar deseu Corpo e Sangue como nosso alimento, mas muitos dos ouvintes não compreenderam o sentido espiritual de sua mensagem e se afastaram. O Mestre volta-se para os Apóstolos e indaga se eles também querem ir embora. Respondendo em nome dos Doze, Pedro professa a fé no Cristo, numa das mais belas passagens da Sagrada Escritura: “Senhor, a quem iríamos nós? Só tu tens palavras de vida eterna. E nós cremos e sabemos que Tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68-69).
A Palavra de Deus nos anima. Quando se reza com o texto aberto em nossas mãos, ou quando alguém o lê para nós e nos apropriamos dele, a Palavra penetra em nosso íntimo, nos acalenta e alegra, converte nossos sentimentos e nossos corações. A partir da atuação de cada um de nós, a Palavra de Deus cria e fortalece as nossas comunidades – as pequenas comunidades paroquiais e a grande comunidade, a família de Deus, que é a Santa Igreja de Cristo. Ela é alimentada pela Palavra, confirmada pelos Sacramentos e conduzida pelo próprio Cristo, até os braços do Pai, na eternidade, como Igreja Triunfante.
Habitamos aqui como no exílio, longe da Pátria definitiva, da qual sentimos saudades. Quando rezamos a Salve-Rainha, apresentamo-nos como filhos degredados, que gemem e choram neste vale de lágrimas, ansiando pelo fim do nosso desterro. E pedimos à clemente e piedosa Mãe que nos conduza, finalmente, à morada celeste, único termo de chegada.
Entretanto, lá não chegaremos, se não formos conduzidos pelos ensinamentos da Palavra de Deus. Daí a esperançosa expectativa que nutrimos, quanto ao documento pós-sinodal, que esperamos ansiosos, como um presente, que nos virá do Sínodo último. A Igreja guarda o depósito da fé e interpreta para nós a Palavra, justamente para que todos tenhamos acesso às riquezas inesgotáveis que ela encerra, pois a Palavra de Deus nos acompanha, afervora e transforma em participantes dos próprios Mistérios sagrados de Deus.
Formação: Fev.2009
Esta é a história dos peregrinos Richard e Danielle Borgman. Com muitos questionamentos e corações que se negavam a descansar até que encontrassem as respostas. A peregrinação começou no Cristianismo Protestante Evangélico, até chegar ao Jardim de Deus, a Igreja Católica. Neste livro, o leitor encontrará respostas fundamentais para uma boa evangelização. O seu coração está sedento? Você talvez se identifique com esta caminhada.
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