Amor. Eu sempre fui muito suspeita para procurar o amor. Nas coisas, nas pessoas, onde desse. Apesar de sentir sempre a rejeição de não o ter.
Certo dia, eu saía do trabalho às seis da noite e, trabalhando próximo à Paróquia Santa Teresinha, a missa sendo uma hora após minha saída, pensei: por que não esperar para participar da Eucaristia?
Com isso, me dispus a ficar diante do Santíssimo até que desse a hora. Enquanto isso, uma ministra da Eucaristia veio a mim e perguntou se eu poderia fazer a primeira leitura daquele dia. Mais uma vez eu pensei: por que não? Aceitei.
Assim que a missa começou, eu estava com a barriga revirando e o coração batendo forte, pois não costumo falar em público com frequência, ainda mais proclamar algo tão importante para a Paróquia de uma comunidade que eu nem resido. Aquelas pessoas iriam me ouvir, me ver, eu ia aparecer – e que pavor disso!
Com reverência, me pus atrás do púlpito e peguei o microfone, tremendo, mas tentando não transparecer. E a palavra era Cântico dos Cânticos 3, 1-5., que discorre sobre alguém que estava em busca do Amado, repetindo duas vezes: “Procurei-o, sem encontrá-lo.” Engraçado que eu lia para todas aquelas pessoas, mas a Palavra dizia diretamente a mim, martelava o que há tempos era o meu único sentimento diário.
Entendi, nesse dia, após fazer uma Lectio Divina com essa passagem, que quem eu buscava era o próprio Cristo e que esse profundo amor estava após os guardas, guardado só para mim, um amor que não preciso perturbar, pois sempre me quer.. Porém, a partir dessa experiência, eu “segurei-o, e não o larguei.” (Ct 3,4)
Carine Aguiar Carvalho, vocacionada da Comunidade Católica Shalom