“Primeiramente acredito que todas as decisões que tomamos na vida precisam passar pelo diálogo com Deus, uma vez que, nossa vida é, ou pelo menos deveria ser, reflexo das experiências com Deus que, a partir de sua Santa Vontade, nos capacita a tomar sempre a melhor decisão a cada milésimo de segundo. Bem, obviamente isso não é tão simples assim, pois também perpassa pela liberdade de optarmos, ou não, livremente por uma vida que tenha esta relação como fundamento. Então, é uma luta constante entre a vontade humana que habita em mim e a Vontade do Deus, que é Pai, e que se derrama todas as vezes em que me abro a este diálogo com Ele.
Nesse sentido, ser pai ganhou uma nova conotação para mim porque compreendo hoje (aos 35 anos, pai de um casal de gêmeos com 1 ano e 5 meses, e mais a Fernandinha com 4 anos, com graças incondicionais às experiências vividas no Carisma Shalom) que Papai do céu sempre, sempre se oferta em cuidados com os seu filhos amados. Ele nunca nos concede algo que não podemos dar conta, por exemplo. No entanto, como o pecado nos afasta cada vez mais desta vivência confesso ser extremamente difícil reproduzir e retribuir um mínimo desses cuidados que Deus nos convoca a disseminar à todos, seja no trabalho, no lazer, em casa, enfim ao mundo.
Todavia, como somos estrangeiros aqui e ao tentar assumir uma vida autêntica de busca pela santidade, compreendo igualmente que, como Pai que cuida, Deus, por meio de sua infinita sabedoria, nos corrige, nos perdoa e nos envia para testemunhar a sua Misericórdia ainda neste mundo. Nos corrige porque nos ama e sempre quer o melhor para cada um de nós e, assim, seguimos vivendo e aprendendo mesmo, até porque a vida é uma reprodução eterna de aprendizagens.
Longe de cair aqui num texto formativo (até porque realmente não é essa a proposta e nem sou o habilitado para isso) posso testemunhar que ser pai é olhar para seus filhos e fazer de tudo para o bem estar deles. Porém, este bem estar começa com o entendimento de que é Deus quem comanda tudo. Logo, todo o cuidado que se desdobra na educação dos filhos deve seguir a vontade de Deus. Ou seja, existe um “filtro” para tudo. Como exemplo posso citar a não veiculação de desenhos animados que induzem a qualquer tipo de ocultismo e situações afins, a não reprodução de áudios com conteúdos inapropriados, a não aquisição de brinquedos que possam também ter alguma relação que sutilmente denigre a imagem e semelhança de Deus na criança, enfim, inúmeras situações.
Ao mesmo tempo, por outro lado, entendo que o combate (contra o mal, portanto, contra a vontade de Deus) cotidiano se dá pela oração em família na hora de qualquer refeição (é válido ressaltar que várias vezes a Fernandinha é quem faz a oração de benção dos alimentos), por introduzir, mesmo que de modo tenso e intenso (porque não é fácil!), as crianças na dinâmica da comunidade e assumir na carne verdadeiramente que mesmo cansado, mesmo no quase sem energia, preciso cuidar, preciso amá-los. Isso significa abrir mão de mim. Abrir mão de um tempo que eu achava que era meu: futebol, música, amigos, estudos, sono e até possíveis empreendimentos financeiros.
Deus me ensina a amar. E eu vou tentando aprender e acabo por entender que de fato não há Ressurreição sem Cruz (isto é muito caro a todos nós Shalom). O resultado de tal constatação é: quem ama se oferta sem medidas; se rasga; é flagelação mesmo. E se amo meus filhos, não há como ser diferente porque Deus me concede a graça de ser feliz. Não há felicidade sem Amor (que é o próprio Deus, o Cristo Ressuscitado) e não há Amor sem sofrimento, uma vez que não há Ressurreição sem Cruz. Tudo isso me ajuda a viver uma paternidade esponsal, de oferta incondicional à vida dos meu filhos, os quais também são filhos de Deus, filhos do Amor.
Shalom à todos!
Fernando Santos, Comunidade de Aliança – P2 – Missão Belém
Pai da Maria Fernanda, da Maria Isabela e do Samuel José