Através de sua obediência Jesus curou a desobediência do homem. Ele é a Palavra de Deus. N’Ele somos a resposta que Deus quer que sejamos.
O Evangelho de Hoje, neste primeiro domingo da Quaresma, nos coloca diante do estilo de vida cristão. A norma da nossa vida cristã é o próprio Deus. A revisão de vida que a Quaresma nos exige tem que resultar do paralelismo entre a nossa vida e as Bem-aventuranças. Para que não nos enganemos nesta revisão, a Igreja nos coloca, hoje, perante o juízo de Deus. A santificação cristã é obra de Deus. Perante a sua Palavra temos que fazer a nossa revisão. Escutar! Reconverter-nos, reconciliar-nos com Deus e com os irmãos. Por isso, a Igreja não cessa de pedir “Converte-nos a Ti! Ilumina-nos com a luz da tua Palavra!”.
Se a Santidade é um dom da Palavra de Deus, o homem pode desejá-la, pedi-la com perseverança. Uma das práticas mais insistentemente recomendadas na Quaresma é a ORAÇÃO.
O clima espiritual deste Tempo está muito bem expresso na Oração da Missa da Quarta-Feira desta Semana primeira: “Olhai com bondade, Senhor, para a Oração do vosso povo, e fazei que, mortificando o corpo pela penitência, renovemos o espírito com o fruto das boas obras”.
A lei da santidade ensina-nos a nos tornarmos imagem de Deus. Não é com alienação e com práticas mirabolantes que seremos santos, mas cumprindo os preceitos que proíbem toda forma de dano às pessoas, exigindo a Justiça, respeitando e amando e não odiando e invejando, que seremos santos à imagem de Deus.
Esta é a Palavra de Deus, Espírito e Vida, este é o sentido do Salmo 18 tão rezado durante a Quaresma: “A Lei do Senhor é perfeita, reconforta a alma”.
Pois para nos converter à sua imagem, Deus nos leva hoje ao DESERTO, como o fez com seu Filho, “Cheio do Espírito Santo, Jesus atravessou o Jordão, em direção ao Deserto, onde passou quarenta dias”. (Cf. Lc 4,1-13). DESERTO significa situações difíceis de fé e de esperança. Deserto significa CRISE. É aí, precisamente aí, que encontramos a mão de Deus dando-nos o caminho, o momento oportuno (KAIRÓS) a hora da Salvação.
Que o Tempo da Paixão de Jesus, vivido e celebrado na Liturgia desta Quaresma, possa ser também o tempo da Graça para nossas vidas e nossas vivências, convertendo-nos à sua Imagem de misericórdia e de amor para os nossos irmãos.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora (MG)
Fonte: CNBB