Formação

A visitação de Nossa Senhora

A visita de Maria Santíssima a sua parenta Santa Isabel como relatada no Evangelho de São Lucas (Lucas 1:39-56). É também o termo utilizado para se referir à festa que celebra esta visita, comemorada no dia 31 de maio

comshalom

Já foi dito que sobre Maria de Nazaré nunca se falará o suficiente. Portanto, neste mês de maio, tomemos para meditar com o método da Lectio Divina o trecho do evangelho da Visitação de Maria a sua prima Isabel, cuja festa encerra o mês mariano.

Leia em voz alta, ou pelo menos audível para você mesmo, Lc 1,36-45.

A leitura é o primeiro passo na Lectio e dele dependem os passos seguintes. É tão simples que às vezes temos a tentação de pulá-lo, por achar que já conhecemos o trecho proposto. Puro engano! Se você deseja ter uma experiência real com a Palavra de Deus por esta via, siga passo a passo, sem querer pular nenhum dos passos propostos. Então, vamos lá? Leia em voz alta o trecho acima – assim, você estará exercitando pelo menos dois sentidos: visão e audição –. Em seguida, leia silenciosa e lentamente mais uma vez, deixando que cada palavra vá caindo em seu coração. O segundo passo é a meditação, que confronta o texto lido com a vida. O próximo passo é a oração, que pode ser de louvor, súplica, perdão… conforme o que Deus lhe tenha mostrado na meditação. O último passo é a contemplação dos mistérios ou verdades reveladas.

Foi às pressas

Logo após receber o anúncio do anjo e a notícia da gravidez de Isabel, Maria “pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente…” (cf. v.39). Maria tem pressa, sabe que a idosa Isabel está grávida de seis meses e cada dia fica mais “pesada”, então põe-se de imediato a caminho. Sua “subida à montanha” pode ser comparada com outras subidas que seu Filho depois realizaria em sua vida pública.

A primeira, relatada em Mt 5,1-7,28, onde Jesus “sobe o monte” e começa o “Sermão da Montanha”. Maria é o exemplo ímpar das “Bem-aventuranças” e mesmo sem palavras ensina com seus gestos e ações o que Jesus deixou como programa de vida do discípulo.

A segunda “subida” é a da “transfiguração” (Mt 17,1-8). Jesus sobe ao monte e se transfigura diante de Pedro, Tiago e João mostrando-os sua “glória”. Isabel é tomada de alegria ao receber Maria, que trás Jesus em seu seio, pois o Espírito Santo estremece João Batista revelando que ali estava o “Senhor da glória”.

A terceira subida de Jesus é a Jerusalém, onde vai assumir sua missão de salvação através da cruz. Maria, ao realizar a sua subida à região montanhosa, também assume já a partir daquele momento a sua missão de mãe e servidora da humanidade. Ela dera seu “sim” para ser a mãe de Jesus e depois repetiria o “sim” como mãe dos discípulos (cf. Jo 19,26-27), com todas as conseqüências e incansavelmente determinou-se até o fim. Ela ansiava, como Jesus, que todos já estivessem tomados por este fogo do Espírito (cf. Lc 12,49). Ela tinha pressa!

Shalom!

“Entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel” (v.40). Esta saudação é muito mais do que um “bom dia”. A saudação por excelência para o povo judeu era – e ainda é – Shalom! Paz a vós! Era desejar a saúde de corpo, a felicidade perfeita e a salvação trazida pelo Messias que se concretizariam plenamente em Jesus.

Maria antecipa assim a missão dos apóstolos enviados de dois em dois (cf. Lc 10,1-16). Jesus pede que eles, ao entrarem em uma casa, saúdem-na e anunciem que o Reino de Deus está próximo. Não foi exatamente isto que aconteceu nesta visitação de Maria, com a saudação e a “descoberta” de Jesus por Isabel?

Chegamos, a meu ver, ao versículo chave deste trecho: “Feliz aquela que creu, pois o que foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (v.45). Maria acreditou e por isso as promessas do Senhor foram e seriam cumpridas. Se “Abraão creu em Deus e isso lhe foi levado em conta de justiça” (Rm 4,3), quanto mais não podemos dizer sobre a fé de Maria.

Ela é bem-aventurada porque não viu e nem tinha razões humanas para isso, mas acreditou. Compare com a fé de Tiago em Jo 20,28. Felizes e bem-aventurados somos quando acreditamos mesmo sem ver. Quantas vezes Deus já não nos tem falado e ainda fraquejamos, duvidamos, pedimos sinais, provas e confirmações antes de acreditarmos…

Reze com esta leitura

Inicie sua oração com toda simplicidade de um filho que fala ao seu pai: “Pai de amor e de toda bondade, perdoa-me as vezes que não acreditei em tua Palavra. Aumenta-me a fé. Faze que eu cresça na tua graça, a cada dia. Obrigado, pois estás sempre ao meu lado e nunca me abandonas …”

Deixe agora que o Senhor complete sua obra através da contemplação do mistério deste Deus que vem lhe visitar e vem no seio de uma jovem: Maria! Que insondável amor esse que tem pressa, que vem para servir (não para ser servido), nos dá o seu Shalom, a sua paz, a felicidade perfeita, a salvação.

Não se esqueça de anotar em seu caderno e partilhar com seu grupo ou comunidade.

Shalom!

Vamos conhecer mais sobre a Mãe de Deus? “

A Virgem Maria” é o novo volume da Série Philippos. De autoria de Ana Paula Gomes, missionária da Comunidade de Vida Shalom, a obra pode ser considerada um pequeno manual de doutrina sobre a Mãe de Deus.  

[Clique aqui e adquira o 5º volume da Série Philippos]

José Ricardo F. Bezerra
(artigo originalmente publicado na Revista Shalom Maná)


Comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade dos autores e não representam a opinião da Comunidade Shalom. É proibido inserir comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem os direitos dos outros. Os editores podem retirar sem aviso prévio os comentários que não cumprirem os critérios estabelecidos neste aviso ou que estejam fora do tema.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *.

O seu endereço de e-mail não será publicado.